Após quatro anos de monitoramento do rio e das obras de transposição de parte das águas do São Francisco, o biólogo José Alves Siqueira, 41, e outros 99 pesquisadores alertam: o rio está em processo de “extinção inexorável”.
O professor integra a equipe da Univasf (Universidade Federal do Vale do São Francisco), em Petrolina (PE), contratada pelo governo federal para fazer o inventário da flora e da fauna ao longo de todo o trecho da obra.
O resultado encontrado no rio e nos 469 quilômetros de canais está no livro Floras das Caatingas do Rio São Francisco: História Natural e Conservação (Andrea Jackobsson Estúdio). Leia os principais trechos da entrevista.
A entrevista é de Daniel Carvalho e publicada no Folha de S.Paulo, 26-12-2012. Eis a entrevista.
O título do primeiro capítulo do livro assusta: “A extinção inexorável do rio São Francisco”. Como vocês identificaram esse processo e por que o consideram inexorável?
Eu fiz uma pesquisa minuciosa sobre todos os problemas históricos que ocorreram no São Francisco desde o seu descobrimento. A gente teve um dos rios mais piscosos do país. Com as barragens [Três Marias, Sobradinho, Paulo Afonso e Xingó], a gente perdeu todos aqueles peixes que sobem as corredeiras para se reproduzir. O São Francisco é o rio mais barrado do Brasil. (mais…)