Foucault e o bonjour amazônico, por José Ribamar Bessa Freire

A canoa vai de proa /e de proa eu chego lá,
Rema, meu remo, rema / Meu remo, rema.

(Fafá de Belém – Indauê Tupã)

Confesso um pecado academicamente mortal: não conheço a obra de Michel Foucault. O único livro dele que li de cabo a rabo foi A História da Loucura escrito ainda no início dos anos 1960. Tomei conhecimento dos demais só através de resenhas, entrevistas, citações em dissertações e teses em cujas bancas me envolvi. Um amigo querido, ex-professor da UFF, que era vidrado no filósofo francês e não dizia um “oi” sem citá-lo, morreu sem perdoar meu pecado. Se ele ainda estivesse vivo, agora sim, me absolveria porque, para me redimir, eu o cumprimentaria assim citando Foucault: (mais…)

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Meu encontro com o “Che”, por Roberto Sávio

Há exatos sessenta anos (8/7/1955), Ernesto Guevara somava-se à luta pela revolução cubana. No texto abaixo, o jornalista Roberto Savio narra um encontro revelador sobre seu caráter 

Por Roberto Savio. em Outras Palavra | Tradução Paula Zawadzki

Em 1963, fiz uma viagem para a Venezuela. Até esse momento, eu era um repórter jovem que trabalhava para a revista italiana Rinascita(jornal semanal do PCI). Em uma entrevista, o Presidente Betancourt me contou que, como social-democrata, estava muito preocupado com o surgimento de uma guerrilha na Venezuela. Então, comecei a procurar o seu líder, Luben Petkoff, mas não consegui encontrá-lo. Consegui falar com alguns simpatizantes dele e disso surgiu uma reportagem com os camponeses que Petkoff queria alistar, seguindo o modelo cubano. Cheguei à conclusão de que a realidade era completamente diferente do que Petkoff havia pensado e que a guerrilha não teria êxito. (mais…)

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Walter Benjamin e as crianças na era do rádio, por José Ribamar Bessa Freire

Em Taqui Pra Ti

No momento em que a rádio nascia, no final dos anos 1920, uma emissora alemã convidou o filósofo marxista Walter Benjamin (1892-1940), de origem judaica, para fazer um programa dirigido a crianças.

Durante quatro anos, ele produziu 86 emissões com periodicidade variada, cujas gravações ficaram esquecidas até 1985, quando só então, depois de transcritas, foram publicadas na Alemanha. Agora, saiu em português “A hora das crianças. Narrativas radiofônicas de Walter Benjamin”. Bebi o livro de uma só talagada e quero compartilhá-lo aqui com o leitor do Diário do Amazonas. (mais…)

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O dia em que fugi de um cadeirante, por José Ribamar Bessa Freire

Em Taqui Pra Ti

Contar ou não contar? Hesito. Sei que não é nada honroso tornar público o que aconteceu a mim e ao meu amigo de fé, irmão, camarada, Roberto Luis, quando fomos atacados em plena luz do dia, num parque em Niterói. Verás que um filho teu não foge à luta? Eu, hein! Nem pensar! Fugimos em desabalada carreira, perseguidos de perto por um furioso agressor completamente ensandecido. Pensamos com nossas pernas.

Os mais afoitos argumentam que isso é motivo para se envergonhar. Mas há controvérsias. Afinal, “apanhar do Governo não é desfeita” como ensinou Fabiano, personagem de Vidas Secas, depois de levar surra de facão de um soldado. O próprio escritor Graciliano Ramos apanhou muito nos cárceres da ditadura Vargas e ostentou as feridas como medalha, não como desonra. (mais…)

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