Especialista alerta para riscos de atropelamentos e de urbanização
Johnatan Castro
Cerca de 75 mil veículos passam pela Via Expressa todos os dias, grande parte deles em alta velocidade. Mesmo com o risco de atropelamentos e da precariedade das instalações, cada vez mais, a paisagem de uma das mais movimentadas vias de Belo Horizonte é tomada por barracos de lona, utensílios domésticos, colchões e fogueiras. Os pontos mais procurados estão na altura dos bairros Coração Eucarístico e Padre Eustáquio, ambos na região Noroeste, mas locais isolados da via também já começam a ser ocupados.
A Prefeitura de Belo Horizonte não tem dados sobre os invasores, mas aqueles que estão no local há mais tempo e a Pastoral de Rua afirmam que o ritmo de ocupações cresceu nos últimos meses. É o que diz, por exemplo, a catadora de materiais recicláveis Maria Aparecida Abreu, 52. Morando em uma calçada há dois anos, desde a morte da mãe, ela garante que não tem outra opção de moradia. “Já estou aqui há algum tempo e tem chegado muita gente nova”, conta. “Eu tomo cuidado para não ser atropelada e não atravesso a rua. Não tem perigo”.
A reportagem de O TEMPO percorreu a via e, ao contrário de cautela, flagrou vários moradores de rua, muitos deles crianças, em meio a carros, atravessando a via e sentados em muretas de proteção. Com sintomas de embriaguez, Dejair Soares Pereira, 60, tinha dificuldades para se manter em pé, mas caminhava bem perto dos veículos. “Eu fico morando por aqui porque não tenho trabalho”, explica.
A educadora social da Pastoral de Rua, Claudenice Rodrigues Lopes, afirma que não há números de atropelamentos de moradores de rua, mas que notícias sobre acidentes são comuns. “Um levantamento realizado pela prefeitura em 2005 mostrou que o principal serviço de saúde utilizado pela população de rua era a ortopedia. Isso pode ser um reflexo dos atropelamentos recorrentes”.
Riscos. O especialista em trânsito José Aparecido Ribeiro alerta para os riscos não só para os moradores de rua, mas para o planejamento da cidade. “Temos como exemplo o Anel Rodoviário. A ocupação irregular começou em 1994 e hoje está em quase toda a sua extensão. O motorista está correndo o risco de atropelar alguém, e os moradores, de serem atropelados”.
A prefeitura informou em nota, por meio do Serviço Especializado de Abordagem Social da Regional Noroeste, que já identificou três grupos vivendo na região e está ofertando vagas em abrigos e programas socioassistenciais, como o Bolsa Moradia.
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Enviada por José Carlos para Combate ao Racismo Ambiental.
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