Por Priscilla Aguiar
Dois familiares do estudante de Ciências Sociais da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Raimundo Matias Dantas Neto, de 25 anos, conhecido como Samambaia, foram ouvidos ontem pela delegada Gleide Ângelo, do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP). Ela foi designada para investigar o caso pelo secretário de Defesa Social, Wilson Damázio, após uma reunião realizada pela manhã com amigos, professores e familiares do universitário. Hoje devem ser colhidos novos depoimentos de familiares e amigos do jovem encontrado morto na última sexta-feira, na praia de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes. Amigos de Samambaia estiveram ontem à tarde, na Reitoria da UFPE para cobrar um posicionamento da universidade a respeito da morte do jovem.
Para a polícia, é cedo para dizer se Raimundo foi vítima de um homicídio, latrocínio ou se teve uma morte acidental. A delegada Gleide Ângelo pediu que quem tiver alguma informação que possa contribuir com o esclarecimento do caso procure o DHPP. “A gente precisa saber o que aconteceu de verdade. Estamos colhendo inicialmente o depoimento da família, mas vamos ouvir todos que possam ajudar a desvendar o que houve”, destacou.
Amigos e familiares do universitário afirmam que, quando o corpo foi encontrado, ele estava com a bermuda rasgada, os dreads cortados e escoriações. O laudo tanatoscópico do Instituto de Medicina Legal (IML) aponta que a causa da morte de Raimundo foi asfixia por afogamento. Para os familiares e amigos, o que ocorreu não foi acidental. A última notícia que se teve do estudante foi uma mensagem que ele enviou a um amigo às 18h44 da quarta-feira passada confirmando que iria jogar futebol no dia seguinte.
“Ele era um aluno muito coerente, não tinha vícios, não bebia, não fumava, ia da universidade pra casa. Todos os amigos dele estão abismados com a situação. A gente quer uma resposta não só para o meio acadêmico e para os familiares, mas também para a sociedade. A gente precisa de um esclarecimento sobre o que aconteceu. Às 18h44 ele estava aqui em algum lugar”, destacou o estudante de Geografia da UFPE, Daniel Raposo, amigo de Raimundo que recebeu a mensagem.
Raimundo saiu da casa em que morava com os irmãos, no bairro de Jardim Fragoso, em Olinda, para comprar um notebook no Centro do Recife. A queixa do desaparecimento foi prestada pelos familiares dele na quinta-feira, já que o universitário nunca deixava de dar notícias. Na sexta-feira eles receberam a notícia de que o parente havia sido encontrado morto. O enterro do estudante está agendado para às 14h de hoje, no Cemitério de Santo Amaro, no Recife.
Os pais do jovem morreram quando ele ainda era criança. Desde então, ele e os quatro irmãos passaram a cuidar uns dos outros. O estudante tinha 15 anos quando eles decidiram deixar o município de Serra Talhada, no Interior, para viver no Grande Recife. Raimundo cursava o 7º período de Ciências Sociais e seria o primeiro da família a concluir o curso superior. O notebook que saiu para comprar seria utilizado no trabalho como professor que estava sendo sondado para iniciar assim que se formasse.
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