Mineração gera riqueza e discórdia nos municípios mineiros

Explosão na mina da Vale em Catas Altas: população reclama da “privatização” das atrações turísticas

Bruno Porto – Do Hoje em Dia

A mineração é protagonista duas vezes na história de Minas Gerais: nos capítulos que relatam os números da economia, é a locomotiva de um estado tipicamente exportador. O minério de ferro extraído no subsolo mineiro e que atravessou o oceano gerou receitas para as empresas de mais de US$ 14 bilhões em 2012.

Já nas páginas onde estão contadas as histórias de devastação do meio ambiente e desrespeito aos direitos humanos, o setor ganha destaque maior a cada ano. São, pelo menos, 37 conflitos de ordem ambiental e social que acontecem em 35 municípios mineiros, de acordo com o Mapa dos Conflitos do Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais da Universidade Federal de Minas Gerais (Gesta/UFMG).

São casos de impactos diretos, como poluição dos rios, escassez de água, casas vizinhas às minas caindo em virtude da detonação de explosivos e outros. Indiretamente, os municípios mineradores também sofrem impactos, como o aumento populacional que gera proliferação do tráfico de drogas e saturação dos serviços públicos, como hospitais e escolas.

Impactos

Ao longo da semana passada, o Hoje em Dia visitou cinco municípios mineradores – Itabira, Sabará, Catas Altas, Congonhas e Conceição do Mato Dentro, com o objetivo de verificar a gravidade e extensão de alguns desses conflitos. O resultado é a série de reportagens que se inicia hoje, relatando os impactos ambientais, sociais e relativos ao patrimônio histórico acarretados pela atividade extrativa.

Em Catas Altas, moradores denunciam que a Vale “privatizou” atrativos turísticos. Cachoeiras, montanhas e trilhas estão dentro das áreas que hoje pertencem à empresa. No Morro da Água Quente, próximo à mina, o pó de minério atinge casas e contamina a caixa d’água que abastece o bairro.

Em Itabira, berço da Vale, casas a poucos metros da cava da mina do Cauê estão, literalmente, caindo aos pedaços. “Eu moro aqui há 52 anos. Agora, oferecem um preço absurdo na minha casa e querem que eu saia. Eu não aceito e querem me convencer que a errada sou eu”, afirma a costureira aposentada Dirce Mary Duarte Vieira.

Em Congonhas, pelo menos três bairros – Campo das Flores, Barnabé e Pires – registram falta de água. As nascentes foram assoreadas.

http://www.hojeemdia.com.br/noticias/economia-e-negocios/minerac-o-gera-riqueza-e-discordia-nos-municipios-mineiros-1.80554

Enviada por José Carlos para Combate ao Racismo Ambiental.

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