Polícia Federal se retira de aldeia e comunidade Pukobjê-Gavião espera por ataque de madeireiros

O povo Pukobjê-Gavião da comunidade Governador, município de Amarante, Maranhão, amanheceu nesta quarta-feira, 16, sob situação de mais insegurança, depois de terem apreendido caminhões e um trator de madeireiros que agiam ilegalmente dentro da terra indígena. Os agentes da Polícia Federal, que garantiam a segurança dos indígenas, se retiraram da aldeia durante a madrugada sem nenhum comunicado prévio.

Desde o último domingo, 13, os indígenas do povo Pukobjê-Gavião mantêm quatro caminhões e um trator presos no pátio da aldeia. Com isso, madeireiros entrincheirados num posto de gasolina, às margens de uma rodovia e perto da terra indígena, ameaçam diariamente invadir a aldeia, retirar os maquinários e matar os indígenas.

Na última terça-feira, 15, agentes do Ibama, Funai e Polícia Federal foram para a aldeia Governador com o intuito de trazer os caminhões e o trator para um local fora da comunidade. Enquanto retiravam os veículos da aldeia, os agentes da Polícia Federal foram surpreendidos pelos madeireiros, que fizeram barricadas e queimaram pneus impedindo que os caminhões e o trator fossem levados. Os agentes federais recuaram e regressaram para a aldeia.

“Nós, indígenas do povo Pukobjê-Gavião, perdemos a confiança que tínhamos na Polícia Federal”, afirma uma das lideranças indígenas que participou da ação contra os madeireiros. Os indígenas continuam aguardando uma resposta contundente da Polícia Federal e Ibama para a resolução do problema. A comunidade teme a invasão da aldeia caso nenhuma medida seja tomada pelos órgãos do governo federal.

O procurador Federal de Imperatriz convocou uma reunião de urgência com a Polícia Federal, Funai e Ibama para discutir a situação. O procurador também ressaltou que foi instaurado um procedimento de investigação para apurar a responsabilidade dos órgãos diante da flagrante omissão.

“A situação está complicada e os madeireiros continuam ameaçando invadir a aldeia. Pedimos reforço e socorro urgente”, diz uma das lideranças. Conforme os indígenas e seus apoiadores, a ação de apreender os veículos é uma forma de coibir a exploração de madeira em seu território. Portanto, os órgãos responsáveis devem cumprir com seu papel. Caso contrário, os indígenas não mais confiarão naqueles que se dizem responsáveis por proteger o bem mais valioso, a vida.

Agressão

O indígena Frederico Pereira Guajajara, da aldeia Juçaral, Terra Indígena Araribóia, Maranhão, foi agredido na manhã desta última terça-feira, 15, por madeireiros também o município de Amarante, sudoeste do estado, a cerca de 110 quilômetros de Imperatriz.

A agressão aconteceu porque os madeireiros estão revoltados com a apreensão de quatro caminhões e um trator feito pelos índios Pukobjê-Gavião. Os veículos eram usados para a retirada ilegal de madeira de dentro da terra indígena. Frederico ressaltou que a agressão aconteceu porque os madeireiros o confundiu como integrante do povo Pukobjê-Gavião.

O Guajajara relatou que “os madeireiros bateram na minha cabeça, me empurraram, quebraram meu celular e queriam me jogar no fogo, só não fizeram porque outros indígenas não deixaram”.

http://www.cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&conteudo_id=6690&action=read

Compartilhada por Glória Freitas.

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