Quilombolas expõem miséria brasileira: 75% vivem em situação de extrema pobreza

Moradores da comunidade quilombola Rio dos Macacos, na Base Naval de Aratu, realizaram um protesto no início da tarde da quarta-feira (2/1) contra a presidente Dilma Rousseff, que está na praia de Inema, no Subúrbio Ferroviário de Salvador. Foto: Rebecca Cerqueira / Facebook / Reprodução (no Bahia Notícias)

Um pequeno grupo de quilombolas organizou, na quarta-feira, um protesto ao lado da praia onde a presidente Dilma Rousseff descansava, nos arredores de Salvador, na Bahia. Moradores da comunidade Rio dos Macacos, eles queriam demonstrar à presidente a demora na solução dos conflitos que enfrentam para obter os títulos de propriedade das terras em que vivem.

Protegida por um muro, Dilma, até onde se sabe, não viu nada. Mas, diante dos jornalistas, postados na praia à espera de um aceno ou de uma foto da intimidade presidencial, os quilombolas conseguiram chamar a atenção para um drama que se repete por todo o País: o aumento das tensões decorrentes da demora nos processos de demarcação e titulação de terras.

Roldão Arruda – O Estado de S. Paulo

De um total de 2.002 comunidades legalmente reconhecidas no País, só 138 conquistaram o título definitivo de suas terras – de acordo com os dispositivos da Constituição de 1988. Nos dois anos de governo Dilma, foram expedidos 18 títulos, segundo informações do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). (mais…)

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Blog Especial: “Apenas mais um zemicídio!” – Raimundo Matias Dantas Neto

Tania Pacheco

Poderia ter feito estas observações no post anterior – Raimundo Matias Dantas Neto: da UFPE ao IML. Também queremos Justiça!, mas optei por dedicá-lo exclusivamente ao relato indignado de Bruna Machado Simões, com o qual me solidarizo e para o qual aguardamos tod@s respostas.

A questão é que o que mais me chocou em todo o relato não foi o fato de (mais) um jovem negro ter sido assassinado. Também não foi o de seu corpo ter isso encontrado no Instituto Médico Legal, com documento (exatamente a respeitável carteira de reservista!) e sem que a família tivesse sido notificada. Ou de negarem a ela o direito a ver o corpo, já que a violência não deve ser exposta e comprovada. Afinal, vítimas da tortura entregues em caixões lacrados só não se tornou prática comum na ditadura militar porque a maioria dos corpos jamais apareceu!

Raimundo era estudante da Universidade Federal de Pernambuco, mas isso igualmente não me causa espanto… Afinal, um negro, à noite, supostamente com dinheiro (ou com um laptop já comprado), só pode ser ladrão! Esses dois fatos anteriores levam a crer, igualmente, que ele não estivesse mal vestido… E daí? Se os assassinos eram ladrões profissionais, estar bem vestido seria um atrativo a mais. Por outro lado, se ele foi executado por policiais profissionais, nesse caso os dreds irreverentes podem ter sido encarados como um convite à violência. Ninguém pode achar que eles tenham sido parcialmente arrancados por mero acaso! Nesse “castigo” há um claro sinal de preconceito. E o pior é que nada impede que ele tenha sido infringido por outros negros! Outros negros de “alma branca”, como já foram classificadas (e se orgulharam disso!) personalidades famosas deste País. (mais…)

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Raimundo Matias Dantas Neto: da UFPE ao IML. Também queremos Justiça!

"Samambaia" - Raimundo Matias Dantas Neto, aluno do curso de Ciências Sociais da UFPE

Relato de Bruna Machado Simões

Nosso querido amigo Samambaia saiu de casa na quarta-feira, dia 02/01 por volta das 19 h, informando à família que iria comprar um notebook. Nesse mesmo horário, um amigo dele entrou em contato para confirmar sua participação na “pelada” da quinta-feira; ele confirmou. Depois disso não se teve mais notícias dele. A família começou a procurar em hospitais, delegacias e nada. Na quinta-feira, a notícia do desaparecimento foi divulgada pelo programa “Ronda Geral”.

Na madrugada da quinta para sexta, o corpo dele foi encontrado na praia de Boa Viagem, na altura do posto 57.

A família compareceu ao IML na sexta feira pela manhã, mas só tomamos conhecimento do desaparecimento dele depois da matéria exibida na TV, mais ou menos às 13:30 da tarde. A partir disso houve uma mobilização pelas redes sociais, até que de fato foi confirmado que o corpo dele já estava no IML.

Quando conseguimos o telefone da família dele, entramos em contato e em seguida fomos ao IML. Chegando lá, conversamos com os parentes, e no atestado de óbito continha ‘ASFIXIA POR AFOGAMENTO’. Durante a conversa perguntamos se os parentes haviam visto o corpo, e eles disseram que foram PROIBIDOS, pois, como a carteira reservista dele se encontrava no bolso, o corpo já estava “identificado”.

Questionamos e duas pessoas acompanharam o irmão dele em um nova tentativa de reconhecer o corpo, e mais uma vez lhe foi negado o direito de reconhecer o corpo do irmão. (mais…)

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