“Negras e Negros Inventores, Cientistas e Pioneiros: Contribuições para o desenvolvimento da Humanidade”, de Carlos Machado, será lançado em março

Por Carlos Machado*

Quando se pensa em inventores e cientistas, imaginamos automaticamente a figura de um homem branco e idoso, ou às vezes de uma mulher branca, ou raramente de um descendente de asiático vestidos com um avental branco. Esta imagem é amplamente divulgada nos meios de comunicação diuturnamente por décadas e mais décadas. Mas nem passa pelo imaginário da maioria das pessoas, que mulheres e homens negros fazem e fizeram inovações nos mais diversos campos do conhecimento humano. É como se negros não fossem dotados de inteligência e capacidade de criar, a não ser nas áreas muito divulgadas como nos esportes (futebol e basquete) e nas artes (artes cênicas, ritmos musicais e moda). (mais…)

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Afrodescendente: 2013

CENPAH

Brasília – O ano de 2013 pode marcar o início de um período de aprofundamento do debate sobre os direitos da população afro descendente. A Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou uma resolução contra o racismo e a discriminação racial e propondo o período de 2013 a 2022 como a Década do Afro descendente. O documento ainda precisa ser ratificado pela Assembléia Geral das Nações Unidas para que a década seja oficialmente proclamada.

A Resolução contra o Racismo e a Discriminação Racial foi aprovada no final de novembro por 127 à 6 (Austrália, Canadá, Israel, Estados Unidos, Ilhas Marshall e República Tcheca), e 47 abstenções. O texto solicita que o presidente da Assembléia Geral abra processo preparatório informal de consultas intergovernamentais com vistas à proclamação da década, cujo título é Reconhecimento, Justiça e Desenvolvimento.

“A resolução aprovada pede que se inicie um processo de interlocução com os países-membros, visando discutir a implantação da década. Ela também é importante porque dá mais visibilidade ao tema nos fóruns internacionais, o que faz com que os países-membros da ONU comecem a dar importância à temática”, explica o assessor internacional da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), diplomata Albino Proli. (mais…)

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D. Pedro Casaldáliga está de volta a São Félix do Araguaia para seguir lutando pelas “causas da vida”

Texto de Ana Helena Tavares, editora do Quem tem medo da democracia? – QTMD?

Dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia, está de volta à sua casa desde o dia 29 de dezembro de 2012. Como o QTMD? denunciou, Pedro, como gosta de ser chamado, havia tido que abandonar sua residência no dia 07 de dezembro devido a ameaças de morte.

As ameaças partiram de pessoas insatisfeitas com a desintrusão de Maraiwatsede, terra declarada como pertencente aos índios Xavante e invadida há décadas por produtores rurais da mega-agropecuária Suiá Missú.

A região de disputa compreende os municípios de São Félix do Araguaia e Alto da Boa Vista (ambos no Mato Grosso). O local de maior foco de resistência dos posseiros é conhecido como Posto da Mata.

Durante entrevista exclusiva, concedida ao QTMD? em setembro de 2012, o bispo Pedro comentou sobre a ironia que o nome “Posto da Mata” carrega: “Se fala do Posto da Mata. Cadê a mata do posto?”, perguntou-se.

De fato, quem esteve lá, sabe que mata já não há.  “Está tudo desmatado. Os córregos todos profanados, alguns deles secos já perderam toda a vitalidade.”, lamentou-se o bispo. (mais…)

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Carta Abierta de Lonko Juana Calfunao al Presidente Chileno Sebastian Piñera

Wallmapu, 5 de enero de 2013

Sr. Presidente;

En mi calidad de autoridad tradicional, quiero expresar mis condolencias a los familiares de Luchsinger Lemp y su esposa Vivian McKay quienes resultaron con serios daños tanto materiales como pérdidas humanas. Dichos hechos ocurridos en vilcun, que antes de conocerse a sus autores, se lo han atribuido de forma inmediata a los mapuche. Nosotros los mapuche, somos los primeros en repudiar, la violencia, ya que hemos vivido este trato inhumano por casi 130 años.

Mi comunidad, mi familia y yo personalmente he sufrido numerosos atentados de esa naturaleza; elementos desconocidos quemaron tres veces mi casa; en uno de estos incendios encontramos calcinados los restos de mi tío Basilio Coñonao. Sin embargo, cuando somos los mapuches los afectados, y la injusticia de haber sido objeto de este tipo de violencia, debemos lamentar la insensibilidad de las autoridades y la indolencia de los medios de comunicación. En estos casos, como el mío propio, no existen visitas del Presidente chileno, ni de sus Ministros y Parlamentarios ni se decreta el estado de sitio y mucho menos se les aplica a los autores la ley antiterrorista. No obstante, tenemos que seguir escuchando de las autoridades políticas de Chile que existe “igualdad ante la ley”. Esta falta de igualdad ante hechos tan lamentables como los sucedidos a la familia Luchsinger, una vez más esto nos confirma que los tribunales no son independientes, las autoridades políticas tratan con un racismo judicial marcado una notada deferencia a nuestro pueblo. Como usted, Sr. Piñera, ha podido comprobar los mapuches no tenemos problemas a la hora de rechazar y condenar estos hechos tan lamentables como es el incendio ocurrido en Vilcun. (mais…)

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Dilma é a que menos desapropria desde Collor

O governo Dilma Rousseff é o que menos desapropriou imóveis rurais para fazer reforma agrária nos últimos 20 anos. Na primeira metade do mandato, 86 unidades foram destinadas a assentamentos.

Comparado ao mesmo período das administrações anteriores desde o governo José Sarney (1985-90), o total supera só o de Fernando Collor (1990-92), que desapropriou 28 imóveis em 30 meses.

Levantamento da diretoria técnica da Câmara e pesquisa da Folha no “Diário Oficial da União” mostram que Dilma desapropriou 58 imóveis em 2011 e outros 28 em 2012.

André Caramante e Daniel Carvalho – Folha de S. Paulo

A queda no ritmo ocorre em meio à redução da demanda dos sem-terra pelo país.

A consolidação do Bolsa Família e a valorização do salário mínimo nos últimos anos contribuíram para isso.

O número de famílias acampadas despencou de 2003 para 2011. Passou de 59 mil para 3.210, segundo a Comissão Pastoral da Terra. (mais…)

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Por que a desapropriação de terras está parada no governo Dilma?

O governo Dilma é o que menos desapropriou imóveis rurais para fazer reforma agrária nos últimos 20 anos. Reportagem da Folha de S. Paulo, publicada neste domingo, revela que, na primeira metade do mandato, 86 unidades foram destinadas a assentamentos. O número supera só o de Fernando Collor (1990-92), que desapropriou 28 imóveis em 30 meses, comparando ao mesmo período das administrações anteriores desde o governo Sarney (1985-90). (mais…)

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Ritmo de desapropriação reflete queda de pressão por reforma

Por que FHC desapropriava áreas para a reforma agrária aos montes pelo país? Porque temia o desgaste político de invasões de terra, barricadas em estradas, marchas a Brasília e da oposição ferrenha e conjunta de PT, sem-terra e sindicatos.

E por que Lula manteve esse ritmo de “canetadas”? Porque acumulou promessas ao longo de suas campanhas eleitorais e, quando chegou ao cargo, viu se multiplicarem as famílias acampadas à espera de terra.

Se mudasse o discurso, poderia perder o apoio dos sem-terra para sua reeleição e para a eleição de Dilma.

Eduardo Scolese – Folha de S. Paulo

Apesar disso, nem FHC nem Lula fizeram a reforma agrária sonhada pelos sem-terra e que mudasse drasticamente a concentração fundiária (a maioria das terras nas mãos de uma minoria).

O tucano e o petista adotaram a chamada “política de assentamentos”: desapropriaram áreas exigidas pelos movimentos, compraram terras em locais de conflitos e assentaram famílias na Amazônia para apresentar balanços oficiais polpudos. (mais…)

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“Serás livre ou morrerás”

Elaine Tavares

Era uma dessas desgraçadas noites de senzala no ano de 1819. Uma negra escrava, entre dores, dava à luz a uma menina. Seus dedos magros a acolheram e apertaram. Mais uma para sofrer. Mas, naquela madrugada, no pequeno condado de Dorchester, no estado de Maryland, Estados Unidos, a menina que arejava os pulmões com gritos fortes não carregaria o peso da dor. Ela seria uma libertária, uma dessas loucas, nojentas, que nada dobra e, anos depois, se tornaria uma das mais importantes “condutoras” de negros para a liberdade.

O nome dado pela mãe foi Aramita Ross. Mas muito pouco conviveu com quem lhe deu à luz. Ainda garotinha foi levada para a plantação e ficou sob os cuidados da avó. Com seis anos de idade já estava no trabalho de uma casa branca. Apanhava muito. Uma vez levou uma surra só porque comeu um cubo de açúcar. Ela ruminava a dor e sentia que a vida lhe pesava. Quando completou 11 anos, passou a usar uma bandana na cabeça, indicando que saíra da meninice. Foi aí que mudou de nome. Virou Harriet e já tinha nos olhos o ar da rebeldia. Não foi à toa que quando viu um capataz pedindo ajuda para segurar um negro fujão, se recusou a fazê-lo. Por isso levou um golpe na cabeça e sofreu a vida toda as consequências.

Harriet cresceu ali, na plantação, a matutar. Nunca passou dos 1,50m. Era pequena, de olhos penetrantes e cheia de idéias de liberdade. Não ia morrer escrava. Quando tinha 25 anos casou-se com um negro livre, John Tubman, e vivia a pensar em planos de escape. Coisa que não achava eco junto ao marido. Ele não compartilhava das loucas ideias que ela sussurrava nas noites de inverno. Mas ela queria ir para o norte, fugir, ser livre também. Aguentou cinco anos e, numa destas noites, escapou no rumo da Filadélfia. (mais…)

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