Estado pede anulação da demarcação das terras indígenas em Palhoça

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A ocupação indígena teria ocorrido em tempos remotos, anteriores à Constituição Federal de 1988

Diário Catarinense – A demarcação das terras indígenas no Morro dos Cavalos, em Palhoça, na Grande Florianópolis, pode ser anulada. A solicitação foi feita nesta sexta-feira pelo Estado de Santa Catarina ao Supremo Tribunal Federal (STF). A área de 1.988 hectares foi declarada de posse dos índios Guarani Mbyá e Guarani Nhandevá em 2008 pelo Ministério da Justiça. A argumentação do Estado é de que o estudo antropológico para demarcar a terra é inválido, já que levou em conta a presença indígena encontrada no local em 2002.  (mais…)

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Cacique Damião é perseguido por invasores em Marãiwatséde, e Polícias Federal e Rodoviária vão retornar à terra indígena

cacique damiãoPedido para o reforço policial foi feito pelo Ministério Público Federal no sábado (25/01) depois de ter conhecimento de um plano de invasão da área. A justiça determinou a presença das polícias no local

MPF MT

A Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal estão sendo intimadas pela justiça com a ordem para retornarem à terra indígena Marãiwatséde para evitar uma nova invasão da área. O pedido para o retorno das forcas policiais foi feito pelo Ministério Publico Federal à Justiça Federal diante de informações de um plano para invadir novamente o território indígena.

Há exatamente um ano, a Força Nacional declarava encerrada a retirada de todos os não índios que ocupavam ilegalmente as terras do povo Xavante. A presença de invasores na antiga vila, conhecida como Posto da Mata, foi confirmada pelo cacique Xavante Damião Paridzané, que na manhã deste domingo (26/01) foi impedido de circular pelo território indígena:

“Não consegui chegar lá [no Posto da Mata] porque os posseiros fecharam a estrada. Todo mundo correu atrás da gente. Era muita gente [muitos invasores], umas 70, 100 pessoas. Quase me pegaram. Tive que fugir”, relatou o cacique. (mais…)

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Lepra no Brasil: uma doença escondida, apesar de o País deter o maior número de casos, depois da Índia

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Por Tania Pacheco – Combate Racismo Ambiental

No dia mundial contra a lepra, reportagem de Maria Zuppello, no The Guardian, mostra, com entrevistas e depoimentos em Português, como o Brasil construiu uma rede de colônias que se transformaram em pequenas cidades, onde as vítimas da doença são marginalizadas e excluídas, com suas famílias.

O uso da palavra hanseníase, que deveria ajudar na luta contra o preconceito, serviu nas últimas décadas para mascarar a doença, inclusive levando pessoas a não buscarem tratamento, pensando tratar-se apenas de uma doença de pele. Enquanto isso, a taxa de novos casos chega a 30 mil por ano, no País.

“Não se morre de lepra de uma vez no Brasil, mas se morre um pouquinho cada dia”, diz o médico Marco Colovatti, especialista em diagnosticar a doença. “É fundamental que os governos – federal, estadual e municipal – juntem esforços para erradicar a doença e dar melhores condições de vida às pessoas que dela sofrem”, afirma Artur Custódio, Coordenador do Movimento Nacional para a Reintegração das Pessoas Afetadas pela Hanseníase.

Veja o vídeo de 7 minutos clicando AQUI.

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“Algodão da morte”: suicídios de camponeses escandalizam novamente a Índia

Na região de Yavmatal, conhecida como o “cinturão da morte”, ocorreram pelo menos 3 mil suicídios documentados. Foto: Rodrigo Hernández - Opera Mundi
Na região de Yavmatal, conhecida como o “cinturão da morte”, ocorreram pelo menos 3 mil suicídios documentados. Foto: Rodrigo Hernández – Opera Mundi

Alguns camponeses que abandonaram o cultivo agora trabalham em fábricas fazendo tecidos para grandes marcas internacionais

Em 2013, segundo estimativas das Nações Unidas, a Índia foi o segundo produtor mais importante de algodão do planeta, com 18% da produção total. A área de cultivo utilizada, 12,2 milhões de hectares, equivale a um quarto do espaço semeado em todo o planeta para sua produção. Mas a produtividade das colheitas hindus é uma das mais baixas hoje. E tem sido assim por pelo menos 20 anos.

Talvez por isso, em algum momento dos anos 90 — e sobretudo a partir de 2003 –, os camponeses de Maharashtra, onde tradicionalmente é produzido o algodão mais suave do mundo, começaram a se suicidar. Oprimidos pelas mudanças climáticas, as secas e escassez de água, atacados pelas pragas e cheios de dívidas, milhares de camponeses optaram por se enforcar em frente às suas casas ou beber pesticida. (mais…)

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AM – Alunos de licenciatura indígena lançam obras pioneiras no País

manaus-amazonas-amazonia-Livros-Lancados-Indigenas-Ufam-indios-obras_ACRIMA20140124_0009_15Material, que inclui cadernos de pesquisas e um vídeo, é o primeiro produzido em línguas indígenas e por índios no Brasil

Por Ana Celia Ossame, em A Crítica

O lançamento de livros, cadernos de pesquisas, catálogo das leis e um vídeo dos estudantes do curso de Licenciatura Indígena Políticas Educacionais e Desenvolvimento Sustentável, das etnias tukano, baniwa e nheegatu do Alto Rio Negro marcou, sexta-feira (24), as primeiras produções científicas de um curso dessa disciplina no País.

A explicação, dada pela coordenadora do projeto, professora Ivani Farias, é necessária, segundo afirma, porque de um total de 26 cursos em funcionamento, apenas o da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) conseguiu esse mérito. O melhor, segundo ela, é que os materiais, produzidos nas línguas oficiais da respectivas etnias, poderão ser usados nas escolas de ensino fundamental e médio nas comunidades indígenas em seus respectivos municípios.

Entre os lançamentos, estão o Catálogo das leis baniwa, acordo ortográfico da língua Nheegatu e um vídeo em tukano que aborda a educação escolar indígena no alto Rio Negro. De acordo com Ivani, o curso veio em resposta a uma demanda dos povos indígenas do Alto Rio Negro em parceria com a Federação das Organizações Indígenas (Foirn) e Secretaria Municipal de São Gabriel da Cachoeira. Houve, de acordo com a coordenadora, discussões amplas com as comunidades da região no período de 2005 a 2009. A primeira turma foi ofertada em 2010, pelo Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL), até a construção do Centro Universitário Indígena do Rio Negro. (mais…)

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“Makèzú”, de Viriato da Cruz (1928-1973)

Poema enviado por Susan de Oliveira em resposta a África: A noz de cola, um fruto simbólico, com o comentário: “Deixo aqui um poema belíssimo do grande poeta e revolucionário comunista angolano, Viriato da Cruz, que fala sobre a cola e o gengibre como alimento tradicional da população angolana. No caso, fala da perda pelas novas gerações do costume de ingerir a mistura de cola e gengibre chamada de ‘Makèzú’. A mais velha e pobre vendedora ambulante da comida tradicional que ninguém consome também é um registro de um empobrecimento cultural”.

Viriato Cruz“Kuakié!… Makèzú…”

O pregão da avó Ximinha
É mesmo como os seus panos
Já não tem a cor berrante
Que tinha nos outros anos.

Avó Xima está velhinha
Mas de manhã, manhãzinha,
Pede licença ao reumático
E num passo nada prático
Rasga estradinhas na areia…

Lá vai para um cajueiro
Que se levanta altaneiro
No cruzeiro dos caminhos
Das gentes que vão p´ra Baixa.

Nem criados, nem pedreiros
Nem alegres lavadeiras
Dessa nova geração
Das “venidas de alcatrão”
Ouvem o fraco pregão
Da velhinha quitandeira. (mais…)

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Hepatite C: portadores tem dificuldade para acessar medicamentos e reclamam de discriminação

Por Beth Begonha, em Radiotube

Portadores do vírus da hepatite C se queixam da demora na entrega dos medicamentos para o tratamento fornecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Normalmente, o tempo de espera entre o diagnóstico e o recebimento dos remédios é de três meses a um ano, o que agrava muito o quadro de saúde dos infectados.

Além da questão da demora, muitos se queixam de discriminação, pois alegam que a entrega de medicamentos para aqueles que são diagnosticados com o HIV é imediata, enquanto os que recebem o diagnóstico de contaminação pelo vírus da hepatite tem que seguir uma série de trâmites burocráticos, que atrasam a entrega dos remédios e o início do tratamento.

Como os medicamentos são de altíssimo custo, quem tem hepatite C vê-se numa peregrinação em busca de seu direito, que acaba por agravar ainda mais o seu estado de saúde, correndo o risco de a demora impossibilitar o tratamento, situação em que apenas o transplante pode salvar a sua vida.

Confira no Amazônia Brasileira a entrevista com Carlos Varaldo, Presidente do Grupo Otimismo de Apoio ao Portador de Hepatite, e entenda o funcionamento dessa distribuição e os problemas que os portadores dos vírus da hepatite têm enfrentado para realizar seu tratamento.

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África: A noz de cola, um fruto simbólico

negre e colaPor Maria do Rosário Pimentel, em Buala

Flor e fruto têm vidas dependentes. A flor é promessa, o fruto é concepção. A flor é receptáculo, o fruto é semente. A vida de um implica a morte do outro. Os dois fazem parte do singular processo de vida da natureza. O homem, como espectador e como actor, intervém, organiza, interpreta, inventa ordenações que tornam o mundo inteligível à sua medida. Projecta-se nesse universo misterioso e preenche-o de linguagens simbólicas. A flora não foge à regra; muito pelo contrário, faz parte desse nosso dia-a-dia de linguagens, gestos e sonhos. Para este estudo, elegemos não a flor, mas o fruto da coleira, a noz de cola, fruto muito expressivo nas sociedades da costa ocidental de África, de onde é originário. Não é um fruto que represente a abundância, nem a exuberância exótica das novas terras, mas condensa uma forte dimensão social e simbólica nas sociedades que o elegeram como factor de evocação, de unidade e congregação. Nele se reúne o céu e a terra, o espaço e o tempo, o imanente e o transcendente. A noz de cola faz a ligação do mundo dos homens ao mundo dos espíritos. Presente nos relacionamentos interculturais proporcionados pelo expansionismo moderno espalhou-se por diversas regiões do globo, fazendo hoje parte do incremento agro-industrial e do panorama económico não só para a indústria farmacêutica, mas também para a confecção de bebidas, sendo a mais paradigmática a Coca-Cola. Actualmente, nas sociedades africanas, sobretudo muçulmanas, o uso da noz de cola permanece envolto em grande significado, sendo o fruto que sintetiza imagens e sentidos ocultos de mundos sagrados e profanos, plenos de significado e provação.

A árvore é vistosa, de porte considerável, originária do oeste africano, encontrando-se espontânea, sobretudo entre o Senegal e Angola, ao Norte do Cuanza. As flores são amarelas e os frutos, as sementes da coleira, que os botânicos designam por Sterculia Acuminata e que os navegadores quinhentistas divulgaram no mundo ocidental com a designação de noz de cola, estão hoje presentes em várias regiões do globo. A noz de cola ou castanha de cola, de sabor amargo, mas possuindo a propriedade de tornar saborosa a água que sobre ela se bebe, contém uma grande quantidade de cafeína que está na origem do seu efeito excitante e, por isso, diz-se que sob o seu efeito se pode resistir durante um período considerável ao cansaço e à falta de alimento. (mais…)

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Esta semana lembrei-me da favela de minha infância

Mônica Francisco
Mônica Francisco

Mônica Francisco*, no Jornal do Brasil

Hoje eu quero falar de tudo um pouco. A minha ansiedade não me deixa debruçar sobre um assunto só. É interessante ver circulando a notícia de que haverá mais rigor e esquemas ainda mais “especiais” para conter as manifestações durante a copa. O discurso sempre é para endurecer a repressão, com leis e decretos sendo assinados com uma rapidez surpreendente.

Entretanto, não se fala em reformas ou em mudanças na estrutura, que dão cada vez mais motivação às manifestações em todo o Brasil, país estranho o nosso. Vendo um documentário sobre Abdias do Nascimento, na TV Senado, me deu uma vontade de lutar!

Esta semana lembrei-me da favela de minha infância. Do “seu” Valentim que vendia cuscuz doce com refresco de maracujá e o inigualável quebra queixo. Lembrei do “Maré”, que vendia frutas, também da “Biloca”, que achei ter visto na laje da minha vizinha quando ela morreu. Diziam que pegava crianças.

Foi um turbilhão. Lembrei do “seu” Caroço, do Tiquinho, da Eliane, do Ivanildo “bicha”, que “causava” por seu jeito extravagante. Tinha o “Profeta”, o Jorge arroz branco, a dona Mariazinha dos gatos – ela tinha um nome para cada um dos mais de 30 bichanos que possuía –. Lembro do Preto e do Cigano, que eram os que mais fugiam e ela gritava a noite toda na busca por eles. (mais…)

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