
Marcos Rezende*
Vatapá, caruru, Abará, acarajé, pimenta, passarinha, bolinho de estudante, a força de Yansã, e agora também tem novos ingredientes, caneta de juiz, o bolinho de Jesus, o absurdo da Fifa e o atropelo católico na Lavagem do Bomfim. Realmente ao pensar em compilar este texto não imaginava que ele viraria um tabuleiro de ideias, ou pela complexidade, de xadrez.
Não precisa se escrever muito quando o tema são as baianas de acarajé. Basta sentir a cara da Bahia. O aroma do azeite subindo por cada esquina, invadindo a casa, a alma, e preenchendo a vida com os sabores de Yansã. Então basta chegar perto do tabuleiro e ficar na dúvida, acarajé? Abará? Bolinho de estudante também conhecido como punheta? Passarinha? Depois da primeira escolha novas dúvidas, com acompanhamento ou sem? Uma coisa é certa, se for acarajé, a pimentinha é de lei. Isto é a cara da Bahia, essas mulheres já foram tema de muitas campanhas da Secretaria de Turismo, todas sempre com um sorriso largo, negro e esbanjando a simpatia natural de baiana de acarajé.
Entretanto apesar de tanta representatividade e importância me parece que tem uma perseguição desmedida e ilimitada para com estas mulheres que deram régua e compasso para muita gente. Mulheres que, em sua maioria, não alisaram o tão famoso banco da ciência, mas tem o seu ofício tombado como patrimônio nacional por representarem os saberes tradicionais e histórias orais de receitas e “causos” passados de mãe para filha e que hoje, depois de tanto trabalho, fé e axé, por um lado, tem o prazer de verem filhas e filhos na faculdade com alegria e por outro sentem na pele, na indumentária e nos tabuleiros, a perseguição a história, cultura e tradição mantida por séculos. (mais…)