“Apesar de Belo Monte, a vida é bela”, por Claret Fernandes

União em Belo Monte. Foto - Lunae Parracho (REUTERS)
Homenagem deste blog aos Munduruku: União em Belo Monte. Foto – Lunae Parracho (REUTERS)

Claret Fernandes, especial para Combate Racismo Ambiental

O filme ‘A vida é bela’ do italiano Roberto Benigni guarda uma semelhança sinistra com Belo Monte, barragem privada financiada com dinheiro público em fase de construção desde junho de 2011, no rio Xingu, Amazônia brasileira: o efeito ilusório!

A película lançada em dezembro de 1997 obteve grande sucesso em grande parte pela sua capacidade criativa de esconder a verdade dos fatos. O contexto é o da Segunda Guerra Mundial. O personagem Guido, um judeu, e seu filho pequenino são levados para o campo de concentração nazista. Preocupado com o menino, Guido usa sua imaginação fértil para fazê-lo crer que todo aquele terror não passava de uma brincadeira.  O menino se entusiasma e, mesmo questionado por outras crianças de sua idade, buscando convencê-lo de que estão todos condenados à morte, ele segue animado com a possibilidade de ser um dos vencedores ao final da suposta gincana.

Benigni zomba da crueldade! À noite, antes de dormir, dois personagens, Guido e Ferruccio Papini, fazem brincadeiras com o filósofo alemão, Arthur Shopenhauer, o escritor favorito de Adolf Hitler.

Esse efeito ilusório, que transforma um campo de concentração nazista em brincadeira de gente grande e pequena, ocorre atualmente em Belo Monte. A diferença é que Benigni o faz por amor ao filho e os detentores do poder em Belo Monte, e seus sequazes, o fazem pelo cinismo macabro de acumulação de capital a qualquer custo. (mais…)

Ler Mais

Arrastões, rolezinhos e outros fenômenos do novo Brasil

Créditos da foto: Arquivo
Créditos da foto: Arquivo

O estranhamento da classe média às invasões da periferia guarda muita semelhança com o que ocorreu nos aeroportos brasileiros nos últimos anos

Vinicius Wu* – Carta Maior

Um novo tipo de estranhamento ronda as grandes cidades do Brasil. As reações às recentes incursões das juventudes das periferias em lugares tradicionalmente ocupados pelas classes médias urbanas – sejam os shoppings paulistas ou certos pontos das praias do Rio de Janeiro – traduzem um pouco do que vivemos no Brasil real do início do século XXI. São dois “Brasis”, historicamente separados por um imenso fosso cultural, econômico e social, que agora se tangenciam com uma intensidade e complexidade impensáveis anos atrás. Efeito direto das profundas mutações observadas em nosso tecido social na última década.

Inicio minha argumentação esclarecendo que não pretendo analisar esses fenômenos a partir da temática da violência. Tampouco buscarei debater a validade ou a improcedência da repressão policial nesses casos. Apenas pretendo esboçar uma análise sobre este fenômeno sociológico, que considero fundamental para compreender o Brasil pós-Lula. E, claro, cumpre registrar que não estou entre aqueles que acreditam que soluções meramente repressivas podem dar conta dessa enorme complexidade. (mais…)

Ler Mais

Campanha mobiliza contra a tortura e ONGs denunciam violência no Maranhão

Créditos da foto: Arquivo
Créditos da foto: Arquivo

Campanha nacional para conscientizar a população sobre os danos morais, físicos, psicológicos e sociais provocados pela tortura será lançada em fevereiro

Dermi Azevedo – Carta Maior

Uma campanha nacional para conscientizar a população brasileira sobre os danos morais, físicos, psicológicos e sócio-econômicos provocados pela tortura será iniciada em fevereiro próximo por um conjunto de entidades da sociedade civil e do governo.  O CONIC – Conselho Nacional de Igrejas Cristãs – e a CNBB já garantiram apoio à iniciativa.

Em 26 de junho, o Comitê Nacional de Prevenção e Combate à Tortura realizará o primeiro mutirão contra a tortura no país para identificar casos de violações de direitos humanos contra pessoas privadas de liberdade e dar visibilidade ao tema.

Nessa data, a ONU celebra o dia internacional de combate à tortura. Um grupo de trabalho composto pela Pastoral Carcerária, o DEPEN e a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão visitará os Estados. Genebra / São Paulo, 10 de janeiro de 2014. As atrocidades ocorridas no Maranhão de violência extrema e brutal entre pessoas presas retratam o mais profundo descaso pelo princípio da dignidade humana por parte daqueles que detêm a responsabilidade de salvaguardar a integridade física e psíquica das pessoas sob sua custódia e velar pela segurança de seus cidadãos, dentro e fora dos presídios. (mais…)

Ler Mais

Má gestão de Roseana agravou situação em Pedrinhas, dizem parlamentares

Créditos da foto: Clayton Montelles/Governo do Maranhão
Créditos da foto: Clayton Montelles/Governo do Maranhão

A situação do sistema penitenciário no Maranhão é ainda mais grave por causa da má gestão do governo de Roseana Sarney (PMDB), avaliam parlamentares

Najla Passos – Carta Maior

Brasília – O sistema prisional brasileiro está todo ele à beira de um colapso, mas a situação no Maranhão é ainda mais grave por causa da má gestão do governo de Roseana Sarney (PMDB). É o que apontam parlamentares de diferentes partidos que têm acompanhado de perto a tragédia do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, na região metropolitana da capital São Luís, onde 62 assassinatos foram registrados do final de 2013 até agora, muitos deles com o agravante bárbaro da decapitação.

Presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado, a senadora Ana Rita (PT-ES), esteve no estado nesta segunda (13), onde se reuniu com representantes de entidades da sociedade civil, com a governadora, com membros do Judiciário e do Ministério Público, além de visitar parte do Complexo. Para ela, pelo menos um aspecto negativo da gestão Roseana chama a atenção de quem se debruça sobre o fenômeno: a  inabilidade para o diálogo com os demais poderes e, em especial, com a sociedade organizada. (mais…)

Ler Mais

‘Rolezinho’ não é crime, diz secretário de Segurança do Rio

Segundo Beltrame, a polícia não vai atuar de forma preventiva para impedir encontro marcado em shopping do Leblon no domingo

Luciana Nunes Leal – O Estado de S. Paulo

RIO –  Ao comentar as ocupações de shoppings por grupos de jovens em São Paulo, o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, afirmou que “rolezinho não é crime” e que a polícia não vai atuar de forma preventiva no encontro marcado para o próximo domingo no Shopping Leblon (zona sul), um dos mais sofisticados da cidade. “Em primeiro lugar, rolezinho não é crime. É um fato que se dá dentro de uma instituição privada. Não vamos tomar nenhuma atitude em relação a isso. Vamos ficar somente atentos e, se a polícia for demandada, vai atuar”, afirmou. “Não consiste em crime nenhum, não vamos tomar nenhuma atitude preventiva nesse sentido”.

O secretário disse não ter recebido nenhuma solicitação de reforço policial nos shoppings. “A mim cabe lutar pela segurança do Rio de Janeiro, que não é um processo fácil, mas não vejo crime nisso. Se por ventura vier a ocorrer uma incidência criminal a polícia vai atuar”, insistiu. (mais…)

Ler Mais

Não é só pelos bailes funks

rolezinho iguatemi jk_lex_silva_estadao1“Rolezinhos” surgem em meio a proibições na periferia; ao se verem discriminados, os meninos cheios de gírias e sonhos moldados pela ostentação criaram um debate sobre cidadania

Por Samantha Maia, em Carta Capital

Em vez de manifestação, é encontro. No lugar da passeata, tem “rolezinho”. A mobilização de jovens da periferia de São Paulo em shoppings foi uma forma encontrada para chamar a atenção sobre a sua realidade. Faltava apenas a sanção do prefeito paulistano Fernando Haddad (PT) para que a proibição a bailes funks em logradouros públicos, independentemente do horário, entrasse em vigor na capital. O projeto – o primeiro de autoria do vereador Conte Lopes (PTB), ex-comandante da Rota – passou pela aprovação da Câmara sem grandes dificuldades em 2013. Parecia não existir oposição.

Eis que no dia 7 de dezembro daquele ano, o shopping Itaquera, na Zona Leste de São Paulo, foi surpreendido pela presença de cerca de 6 mil garotos e garotas do funk. Na página da organização do evento no Facebook, adolescentes na faixa dos 15 a 20 anos comentavam que era para “tirar umas fotos”, “dar uns beijos”, “rever os amigos”. Não se sabe exatamente se a proibição aos bailes foi o verdadeiro estopim do movimento. O principal objetivo manifestado pelos milhares de jovens era se divertir.

O número elevado de pessoas causou tumulto. A presença massiva de garotos da periferia, em sua maioria negros, causou mal estar no centro comercial. Houve medo dos frequentadores diante de um grupo antes escondido nos rincões com suas músicas proibidas. A primeira notícia divulgada, a partir de fontes oficiais – leia-se, a polícia -, era de que se tratava de um arrastão. Na tevê, as cenas eram de correria. No pé das reportagens, a observação da administração do shopping passava batido: não houve arrastão e os furtos eram casos isolados. (mais…)

Ler Mais