O Estado de Medo

Ações violentas da Polícia Federal marcaram a difícil relação do movimento indígena com o governo

Cristiano Navarro, da Redação

Se a expectativa em atender as demandas, especialmente por território não foi atendida, os tão esperados “outros 500”, na relação do Estado junto aos povos indígenas, também não aconteceu. Inúmeros fatos marcaram a truculência do poder de polícia do Estado com relação às aldeias.

Um exemplo ocorreu em janeiro de 2006, quando a empresa Aracruz Celulose S/A mobilizou helicópteros, bombas, armas e 120 agentes da Polícia Federal do Comando de Operações Táticas (COT), vindos de Brasília, para destruir duas aldeias e expulsar 50 pessoas dos povos Tupiniquim e Guarani de sua terra tradicional, no município de Aracruz-ES, dezenas ficaram feridos.

Já em de junho de 2009, cinco tupinambás da Serra do Padeiro, localizada no Recôncavo Baiano, sofreram com sessões de choques, tapas, chutes, pisões, puxões de cabelo e outras agressões por parte de Policiais Federais. A situação ficou mais tensa depois que as terras integraram o relatório de demarcação publicado pela Fundação Nacional do Índio (Funai) meses antes.

Por fim, em novembro de 2012, uma ação desastrosa da Polícia Federal contra a aldeia de Teles Pires, Mato Grosso, vitimou com quatro tiros (três nas pernas e um na cabeça) Adenilson Kirixi Munduruku e deixou outros seis indígenas feridos.

“Chegamos a uma situação muito delicada. Historicamente e por lei, acreditamos na proteção e segurança das terras indígenas pela Polícia Federal. Mas agora, que encontramos esses atos de extrema violência, estamos muito preocupados com estes casos que têm se tornado rotina. É preciso saber se trata-se de uma determinação do governo federal”, questiona Sônia Guajajara, da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira.

Para Cleber Buzatto, secretário do Conselho Indigenista Missionário, o uso de forças policiais é uma estratégia para interferir sobre o direito à terra. “Usam da violência para abrir as portas para a mercantilização das terras indígenas que estão sob posse dos próprios povos indígenas”, conclui.

Compartilhada por Bebel Gobbi.

http://www.brasildefato.com.br/node/11544

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