Como o diabo gosta e os ruralistas adoram, por Roberto Malvezzi (Gogó)

Os ruralistas plantaram na sociedade brasileira não um bode, nem apenas um jumento, sequer um hipopótamo: plantaram a monocultura mental do setor no coração da nação. Fizeram uma guerra e ganharam. Venceram todos, inclusive o governo que finge ter resgatado algo de digno no vilipendiado Código Florestal. Enfim, plantaram um ruralista na encruzilhada à meia noite.

A ameaça de 50 emendas é apenas demonstração de força, prepotência total, que esse setor da sociedade acumula desde os tempos dos coronéis e jagunços, mentalidade que jamais abandonaram.

Não vão pagar as dívidas. Os morros vão estar entregues às enchentes, erosões e catástrofes humanas. Os apicuns continuarão sendo palco das fazendas de camarão. Reduziram a pó as Reservas Legais e as Áreas de Preservação Permanente. O que mais uma cabeça ruralista poderia querer?

Mas, por que esperávamos algo diferente? Concentram em suas mãos a terra e os grandes volumes de água. Representam 40% das exportações brasileiras. Podem utilizar trabalho escravo em suas fazendas. Semeiam anualmente  5,2 litros de veneno na mesa de cada brasileiro. Tem uma bancada no Congresso proporcional à acumulação de terras.

Nada adianta setores da esquerda proclamarem que os ruralistas perderam algo, ainda que seja os anéis. Saem fortalecidos, nessa ditadura da oligarquia rural imposta ao resto da nação.

Quem achava que a terra não é mais poder no Brasil, seria bom refazer suas análises.

http://cptjuazeiroba.blogspot.com.br/2012/05/como-o-diabo-gosta-e-os-ruralistas.html

Enviada por Leila Santana.

Ler Mais

Pobreza rural: um dilema histórico. Entrevista especial com Lauro Mattei

“Não há dúvidas de que os principais obstáculos que entravam a realização da reforma agrária no Brasil se localizam em duas esferas: na estrutura política e no sistema judiciário brasileiro”, destaca o engenheiro agrônomo

“A questão agrária brasileira não pode ser relegada a um segundo plano quando se definem e se implementam políticas públicas com o objetivo de erradicar a pobreza, seja ela extrema ou qualquer outra expressão que se queira utilizar”. É com essa declaração que Lauro Mattei retoma o debate da reforma agrária e assegura que, embora o tema tenha ficado esquecido nos últimos vinte anos, ele deve retornar à agenda política do país, pois continua sendo “um instrumento decisivo para alterar o poder político rural que se impõe através propriedade da terra”.

Estudioso da temática há mais de 25 anos, o engenheiro agrônomo e professor da Universidade Federal de Santa Catarina acompanha o desenvolvimento das famílias que vivem no meio rural e diz que a má distribuição da terra ainda dificulta o desenvolvimento da agricultura familiar no país. “A pobreza rural tem sua maior expressão nos espaços geográficos dominados pelos latifúndios, locais onde se observam elevados índices de concentração da terra”, aponta. (mais…)

Ler Mais

MPF pede suspensão de atividades de empresa da Vale

Dois anos após obter licença de instalação sem consulta prévia, empresa não cumpriu as condicionantes para compensar os impactos sobre os indígenas

O Ministério Público Federal do Pará (MPF-PA) pediu a suspensão das atividades da Mineração Onça-Puma, empresa de extração de níquel da Companhia Vale do Rio Doce em Ourilândia do Norte, no sudeste do Pará. O MPF denuncia que, após dois anos da concessão de licença de instalação sem consulta prévia, a empresa não cumpriu as condicionantes de compensação e mitigação dos impactos sobre os indígenas Xikrin e Kayapó, que habitam a região.

O MPF ajuizou ação civil pública contra a Vale, a Secretaria de Meio Ambiente do Pará (Sema) e a Fundação Nacional do Índio (Funai). Além da suspensão das atividades da mineradora, o órgão pede que a Vale seja condenada ao pagamento de todos os danos materiais e morais causados aos indígenas nos últimos 2 anos, em que o empreendimento funcionou sem cumprir as medidas compensatórias. As indenizações devem ultrapassar R$ 1 milhão por mês para cada comunidade afetada. A ação tramita na Vara Única Federal de Redenção.

O procurador da República André Casagrande Raupp, responsável pelo caso, sustenta que a Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Pará (Sema) impôs condicionantes ao empreendimento para assegurar a sobrevivência física e cultural dos povos indígenas afetados, mas concedeu todas as licenças sem cobrar o cumprimento de condicionantes, permitindo uma situação em que os prejuízos se concretizaram para os índios e a mineradora recolhe os lucros sem cumprir obrigação nenhuma. (mais…)

Ler Mais

Descaso na saúde indígena motiva protestos de indígenas na Assembleia Legislativa do Maranhão

Por Gilderlan Rodrigues da Silva – Cimi Regional Maranhão

Mais de 60 indígenas do povo Tenetehara (ou Guajajara) da Terra Indígena Araribóia, região de Arame, Maranhão, chegaram nesta terça-feira, 29, a São Luís para protestos na Assembleia Legislativa do estado contra a falta de assistência à saúde na região.

A Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) realiza o atendimento de forma precária nas aldeias, o que tem ocasionado a morte de indígenas. Um dos últimos casos envolveu Lurdinha Paulino Guajajara, de 13 anos. Grávida, a indígena faleceu no último dia 16, durante o parto, no hospital municipal de Arame.

Os indígenas denunciam que a morte de Lurdinha ocorreu por falta de assistência médica, que não acontece na cidade, tampouco nas aldeias. Nas suas comunidades, conforme os indígenas, faltam medicamentos, médicos, estrutura nos postos de saúde, transporte para deslocar os pacientes e atender as demandas das comunidades. (mais…)

Ler Mais

Indígenas reiniciam marcha contra estrada na Amazônia boliviana

Indígenas que se opõem a construção de uma estrada, financiada em parte pelo Brasil, na reserva ecológica da região amazônica da Bolívia, retomaram sua marcha nesta segunda-feira para La Paz, depois de terem percorrido a metade de um percurso de 600 km, sem conseguir um diálogo com o governo, informou a organização em um comunicado de imprensa.

A marcha de cerca de 200 pessoas atravessou sem incidentes a aldeia Yucumo, 320 km ao norte de La Paz, onde confrontos eram temidos, já que a cidade é um reduto eleitoral do presidente Evo Morales, indígena de esquerda.

“A marcha em defesa do Território Indígena Parque Nacional Isiboro Sécure (TIPNIS) passou nas primeiras horas desta segunda-feira por Yucumo Beni sem problemas”, afirmou a Confederação Indígena de Povos do Oriente da Bolívia (CIDOB), a principal organização que apoia o movimento.

Os índios rejeitam a construção da estrada, pois consideram que causará danos ambientais graves ao TIPNIS, enquanto o poder Executivo defende a integração da estrada que conta com um crédito de 332 milhões de dólares do BNDES. (mais…)

Ler Mais

Frente Internacionalista dos Sem-Teto (FIST) convida a todos para ato público no Fórum, 12/06, às 15h

Na terça-feira, dia 12 de junho, às 15 horas, no Fórum Central da Praça XV, ocorrerá Ato para denunciar a Juíza Isabela Peçanha Chagas, da 14ª Vara Cível do Rio, que, mesmo tendo recebido da SERTENGE ENGENHARIA, firma que constrói para Eike Batista, documentação que não comprova a aquisição do imóvel denominado de Ocupação Luiza Mahin, filiada à FIST, mandou despejar os posseiros, mansos, pacíficos, antigos e de boa-fé.

Em virtude deste ato arbitrário, a juíza se encontra sob suspeição, que será julgada pela 12ª Câmara Cível, tendo como relator o Desembargador Mário Guimarães Neto.

Após a manifestação, as ocupações ligadas à FIST farão passeata até a Cinelândia. As ocupações também protestarão contra os despejos e remoções e o acirramento da criminalização dos movimentos sociais que estão acontecendo no Rio de Janeiro.

FRENTE INTERNACIONALISTA DOS SEM-TETO (FIST) CONVIDA A TODOS PARA ATO PÚBLICO NO FÓRUM

Ler Mais

O cinismo do jagunço Demóstenes

Altamiro Borges*
Em seu patético depoimento na manhã de ontem ao Conselho de Ética do Senado, o ex-demo Demóstenes Torres, famoso assassino de reputações, pediu clemência aos seus pares. “Eu pude ver o quanto fui cruel com os outros. Isso fazia com que essas pessoas pudessem ficar com uma imagem ruim”, desculpou-se, tentando sensibilizar os parlamentes vítimas de seus ataques que agora podem cassar o seu mandato.

“Eu não tinha lanterna da popa”

De um cinismo impressionante, o ex-paladino da ética jurou que desconhecia as atividades criminosas do amigo Carlinhos Cachoeira. Garantiu que só depois da prisão do mafioso e das revelações da Operação Monte Carlo é que tomou consciência da suas perigosas ligações.

“Eu não tinha uma lanterna da popa, não tinha como saber no que eu me relacionava com esse empresário e que ele mantinha relações com cinco governadores”, disse Demóstenes. “Hoje, com essa lanterna na popa, eu dou conta de ver, mas antes, com essa lanterna na proa, eu não via”, afirmou, na maior caradura. (mais…)

Ler Mais

Na CPMI do Cachoeira, está faltando a mídia

Altos executivos da Abril e Globo teriam pressionado partidos e parlamentares — inclusive com ameaças de retaliação política — para não serem convocados a falar sobre relações promíscuas com esquema criminoso. 

Por Venício Lima*, no Observatório da Imprensa.

A possibilidade de convocação de jornalistas e/ou empresários de mídia para depor na CPMI do Cachoeira provocou uma unânime reação contrária da grande mídia brasileira. O argumento principal é de que jornalistas e/ou empresários de mídia não poderiam se submeter ao constrangimento de serem questionados publicamente por deputados e senadores. Afinal, políticos constituem alvo permanente do “jornalismo investigativo”. E, claro, a convocação representaria uma perigosa ameaça às liberdades de expressão e da imprensa.

Da relação inicial de pessoas convocadas a depor na CPMI, aprovada na reunião do dia 17 de maio, não constam jornalistas nem empresários de mídia.

Há relatos de que ações de bastidores foram realizadas por altos executivos dos grupos Globo e Abril junto a partidos políticos e parlamentares, inclusive com ameaças de retaliação política, caso fossem convocados os suspeitos de relações promíscuas com o esquema criminoso. Dois dos principais grupos de mídia brasileiros considerariam inaceitável a convocação de jornalistas e/ou empresários – independente das comprometedoras conversas telefônicas já conhecidas – entendida como “um precedente perigoso para o futuro” e “uma verdadeira humilhação para toda a classe”. (mais…)

Ler Mais

MG – Carta de Januária, do III Encontro Popular da Bacia do São Francisco: “Por uma revitalização popular”

Nós, indígenas, quilombolas, comunidades de fundo e fechos de pasto, pescadores, ribeirinhos, geraizeiros, comunicadores populares, pastorais, ONGs, representantes do povo do rio São Francisco, reunidos entre os dias 25 a 27 de maio de 2012, em Januária/MG, constatamos a triste e repetitiva situação de nosso rio e dos povos que lhe pertencem, mas também as resistências, lutas e esperanças populares.

A revitalização do governo não anda. Os investimentos em saneamento existem, mas é impossível ver resultados concretos. Não há controle sobre as obras, não há transparência. Em termos de ação governamental é a única iniciativa da propalada revitalização em toda a bacia.

A degradação continua em nível crescente. O despejo incessante de agrotóxicos e esgotos sem tratamento; o desmatamento e o assoreamento do leito dos afluentes e do próprio rio; o uso abusivo de suas águas por empresas ligadas ao ramo do agro e hidro negócio e da mineração; os grandes projetos de irrigação para monoculturas de exportação e a exploração do setor elétrico só vêm a agravar o imenso passivo socioambiental que historicamente se acumulou na bacia.

Há uma resistência heroica de várias comunidades para “resistir e existir” em seu lugar, mas continua a expropriação de terras e territórios dos povos que tradicionalmente ocupam a bacia, contra os quais persistem as ações violentas de despejo, perseguição, criminalização e assassinatos, bem como o descaso e a lentidão nas ações de demarcação e titulação dos territórios. Por outro lado, têm-se a cessão ilegal desses territórios para domínio de grandes empresas e implantação de atividades que exploram os bens naturais de forma criminosa e ainda impedem o acesso à terra, às águas e aos peixes do rio. Todas são práticas que ameaçam a existência físico-cultural de muitas das comunidades do São Francisco. (mais…)

Ler Mais

Sexta Carta às Esquerdas, por Boaventura de Sousa Santos

Não estando o socialismo, por agora, na agenda política — mesmo na América Latina a discussão sobre o socialismo do século XXI perde fôlego — as esquerdas parecem dividir-se sobre os modelos de capitalismo. À primeira vista, esta divisão faz pouco sentido. Mas, de fato, não é assim.

Boaventura de Sousa Santos

Historicamente, as esquerdas dividiram-se sobre os modelos de socialismo e as vias para os realizar. Não estando o socialismo, por agora, na agenda política — mesmo na América Latina a discussão sobre o socialismo do século XXI perde fôlego — as esquerdas parecem dividir-se sobre os modelos de capitalismo. À primeira vista, esta divisão faz pouco sentido pois, por um lado, há neste momento um modelo global de capitalismo, de longe hegemónico, dominado pela lógica do capital financeiro, assente na busca do máximo lucro no mais curto espaço de tempo, quaisquer que sejam os custos sociais ou o grau de destruição da natureza. Por outro lado, a disputa por modelos de capitalismo deveria ser mais uma disputa entre as direitas do que entre as esquerdas.

De fato, assim não é. Apesar da sua globalidade, o modelo de capitalismo agora dominante assume características distintas em diferentes países e regiões do mundo e as esquerdas têm um interesse vital em discuti-las, não só porque estão em causa as condições de vida, aqui e agora, das classes populares que são o suporte político das esquerdas, como também porque a luta por horizontes pós-capitalistas — de que algumas esquerdas ainda não desistiram, e bem — dependerá muito do capitalismo real de que se partir. (mais…)

Ler Mais