Blog Especial – “Cotas: por que reagimos?”*, por Rita Laura Segato

Encaminhado por Ruben Siqueira dois dias depois da votação no STF, este lúcido e  importante texto havia sido enviado pela autora para familiares, amigos e alunos, com uma mensagem que Ruben considerava importante divulgar. Nela, Rita Laura Segato terminava compartilhando sua “alegria e emoção neste raro momento em que culmina um longo e complexo processo”.  Mas no início, com a mesma sensibilidade com que analisa o racismo brasileiro, havia escrito:

“Foram-se, ao todo, 14 anos nos quais a minha família toda praticamente se vulnerou e adoeceu, como grupo humano e também individualmente; nos quais eu perdi a amizade de TODOS meus colegas no Departamento de Antropologia da UnB, onde pessoas … utilizaram a minha posição nessa luta para me prejudicar, perseguindo não somente a mim como também aos meus estudantes. Compartilho com você e com todos nesta para mim preciosa lista um fragmento mais da memória desse processo no intento por compensar a amnésia que tomou conta dele”. 

Esse caráter pessoal e de denúncia fez com que preferíssemos pedir a Ruben que consultasse a autora, antes de qualquer coisa. E como o texto também estava numa versão em PDF impossível de ser postada, aproveitamos para pedir também uma outra. A resposta chegou hoje, com o artigo abaixo. E ela também merece ser divulgada, pois diz muito de quem é a autora:

“A mensagem que enviei é pessoal, mas também é política. Mostra que há altos custos quando a gente intervém, mas também mostra que há possibilidade de algum grau de sucesso e que é possível cutucar a história, fazê-la andar; mostra, também, e por sobre tudo, que há pessoas dispostas a pagar esses altos custos por um bem maior. Eu não tenho inconveniente em que se repasse a mensagem que escrevi. Eu muitas vezes relato essa história, … , porque acredito importante que as pessoas saibam dela”. 

É sem dúvida importante, Professora! E uso esse título exatamente como um ato de respeito, pois é uma aula que você nos dá, tanto no seu artigo como no que nos conta e comenta sobre sua história de luta. É uma honra para este Blog publicá-la, em ambas essas facetas. Tania Pacheco. (mais…)

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Galeano e o 1º de Maio nos EUA

Por Eduardo Galeano, em “O livro dos abraços”:

Chicago está cheia de fábricas. Existem fábricas até no centro da cidade, ao redor de um dos edifícios mais altos do mundo. Chicago está cheia de fábricas, Chicago está cheia de operários.

Ao chegar ao bairro de Heymarket, peço aos meus amigos que me mostrem o lugar onde foram enforcados, em 1886, aqueles operários que o mundo inteiro saúda a cada primeiro de maio. – Deve ser por aqui – me dizem. Mas ninguém sabe. Não foi erguida nenhuma estátua em memória dos mártires de Chicago nem na cidade de Chicago. Nem estátua, nem monolito, nem placa de bronze, nem nada.

O primeiro de maio é o único dia verdadeiramente universal da humanidade inteira, o único dia no qual coincidem todas as histórias e todas as geografias, todas as línguas e as religiões e as culturas do mundo; mas nos Estados Unidos o primeiro de maio é um dia como qualquer outro. Nesse dia, as pessoas trabalham normalmente, e ninguém, ou quase ninguém, recorda que os direitos da classe operária não brotaram do vento, ou da mão de Deus ou do amo. (mais…)

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1º de Maio com poesia: Pesquisadores da UFMG celebram o Dia Internacional do Trabalho com antologia eletrônica de poemas sobre trabalhadores

Para celebrar o Dia Internacional do Trabalho, algo adequado na Faculdade de Letras é divulgar sistematizadamente uma parte da cultura que faz de trabalhadores, personagens do povo, os protagonistas de muitos versos. Poemas brasileiros sobre trabalhadores: uma antologia de domínio público tem justamente este foco. A obra inclui textos de Alvarenga Peixoto, Augusto dos Anjos, Castro Alves, Cruz e Souza, Fagundes Varela, Luiz Gama, Machado de Assis, Maria Firmina dos Reis, Olavo Bilac, Tomaz Antônio Gonzaga e Vinicius de Moraes.

São autores que faleceram há 70 anos ou mais, e por isto suas obras são legalmente consideradas de domínio público. A exceção é Vinícius de Moraes (1913-1980), cujos herdeiros de direitos autorais liberaram antecipadamente parte da obra, para publicações sem fins comerciais, por meio da Coleção Brasiliana (www.brasiliana.usp.br) do Instituto de Estudos Brasileiros sediado na USP. Poemas, crônicas e canções do “poetinha” podem ser encontrados também no sítio eletrônico www.viniciusdemoraes.com.br.

A antologia de poemas foi organizada por pesquisadores da UFMG que desenvolvem na Faculdade de Letras há três anos análise linguística de discursos sobre trabalhadores, incluindo o discurso literário, além do jornalístico, do histórico e do educacional. Coordenado pelos professores Antônio Augusto Moreira de Faria e Rosalvo Gonçalves Pinto, o LINTRAB (Grupo de Estudos em Linguagem, Trabalho, Educação e Cultura) envolve estudantes de graduação, que fazem sua iniciação científica, e de pós-graduação.  (mais…)

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O hibridismo do afro-butô

Com seu afro-butô, José Chalons conecta duas tradições da dança

Júlia Guimarães

Vem da Martinica, pequena ilha do Caribe de colonização francesa e maciça presença de africanos, o espetáculo solo “Passage”, que integra o festival Vivadança em Belo Horizonte. Em cartaz amanhã no Teatro Oi Futuro, a montagem realiza uma curiosa junção entre danças africanas e butô japonês, a partir das experiência do bailarino franco-martinicano José Chalons.

Seu solo atravessa várias etapas do ciclo de vida humana e trafega também pela morte e pela reencarnação, a partir da figura de um anjo. Chalons explica que, embora aparentemente essas duas danças tragam energias muito distintas, existem diversos pontos de conexão possíveis explorados no espetáculo.

“Temos uma imagem rígida sobre as danças africanas como sendo muito externas, mas elas podem também ser minimalistas, todas as danças iorubá, por exemplo, se aproximam de uma energia interior. E tanto na tradição africana quanto na do butô existe uma conexão muito forte com a natureza”, explica Chalons. (mais…)

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40 livros grátis de literatura de cordel para baixar

(Crédito: Wikipédia)

Universia Brasil, maior rede de colaboração universitária presente em 23 países, separou uma lista de livros grátis de literatura de cordel que estão disponíveis para baixar na internet.

Grande parte dos livros são de autores como Leandro Gomes de Barros e Guaipuan Vieira, membros da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, gênero escrito frequentemente de forma rimada e impresso em folhetos.

Neste estilo literário, alguns dos poemas são ilustrados com xilogravuras, as mesmas usadas nas capas dos folhetos. O nome surgiu da maneira em que os folhetos eram vendidos na rua, pendurados em barbantes.

Confira a seguir os 40 livros grátis de literatura de cordel para baixar: (mais…)

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El extraño caso del doctor Sanguinetti y el señor Hyde

Por Aníbal Corti
Julio María Sanguinetti fue el principal ideólogo y el conductor de la salida democrática uruguaya; proceso que el propio Sanguinetti y otros –dentro y fuera de Uruguay– consideran ejemplar, pero que dejó abiertas heridas que todavía no han sanado. Un reciente libro de su autoría aborda el tema* desde una perspectiva que pretende ser imparcial pero que no lo es.

El doctor Julio María Sanguinetti, político de larga trayectoria, dos veces presidente de la República, hombre culto, periodista, escritor, pintor y coleccionista de arte, columnista de la agencia efe y de El País de Madrid, entre otras actividades públicas, es una figura notoria dentro y fuera de fronteras. Su faceta de hombre letrado, de pensador humanista, de político de ideas liberales y democráticas, de heredero y continuador de la tradición colorada y batllista, alterna, sin embargo, con otra faceta, una dimensión de su personalidad oscura y ligeramente siniestra, aunque no por ello menos pública que la anterior.

La existencia de otro Sanguinetti, álter ego inquietante del primero, mucho menos liberal, mucho menos sensible y mucho menos humanista que su contraparte culta, refinada y tolerante, no es algo que vaya a ser revelado –como si fuera una novedad que no es– a través de la lectura de este libro, pero sí es algo que se hace evidente en varias de sus páginas. (mais…)

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Os melhores filmes nucleares de 2012 anunciados no Rio de Janeiro

8 nomeados para o “Yellow Oscar”, o Prêmio do Festival Internacional de Filmes sobre Energia Nuclear 2012

Rio de Janeiro (01 de maio de 2012) – O 2º Festival Internacional de Filmes sobre Energia Nuclear, Urânio em Movi(e)mento, nomeou oito filmes, representando oito países, para o seu prêmio Oscar Amarelo, em três categorias: Melhor Curta (até 40 min), Melhor Longa (a partir de 41 min) e Melhor Animação. O Festival começa 6 dias após a Cúpula da Terra (Rio + 20), na Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, MAM. Entre 28 de junho e 13 de julho, o Festival vai exibir mais de 50 filmes de todos os continentes, sobre bombas atômicas, energia nuclear, mineração de urânio e os perigos radioativos. O festival vai culminar com a cerimônia de premiação no sábado, 14 de julho no mesmo local.

Os candidatos em 2012 são: (mais…)

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Bolivia: Solidaridad internacional con la IX Marcha Indígena en defensa del Tipnis

Servindi – Organizaciones indígenas de Brasil, Colombia, Ecuador, Perú, Venezuela, Guyana, Guyana Francesa y Surinam agrupadas en la Coordinadora de Organizaciones Indígenas de la Cuenca Amazónica (COICA) expresaron su solidaridad con la IX Marcha Indígena en defensa del Tipnis.

La marcha fue organizada por los pueblos indígenas de tierras bajas, oriente, chaco y amazonía de Bolivia agrupados en la Confederación de Pueblos Indígenas del Bolivia (Cidob).

La marcha se opone a la construcción del segundo tramo de la carretera Villa Tunari-San Ignacio de Moxos que atravesaría el Territorio Indígena y Parque Nacional Isiboro Sécure (TIPNIS).

La COICA declaró su “plena hermandad” con la marcha denominada en ‘Defensa de la Vida y la Dignidad, los Territorios Indígenas, los Recursos Naturales, la Biodiversidad, el Medio Ambiente, y las Áreas Protegidas, Cumplimiento de la CPE (Constitución Política del Estado) y el respeto a la Democracia’. (mais…)

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Mulheres em luta contra a mercantilização da vida e da natureza

A sociedade capitalista e patriarcal se estrutura em uma divisão sexual do trabalho que separa o trabalho dos homens e o das mulheres e define que o trabalho dos homens vale mais que o das mulheres. O trabalho dos homens é associado ao produtivo (o que se vende no mercado) e o trabalho das mulheres ao reprodutivo (a produção dos seres humanos e suas relações). As representações do que é masculino e feminino é dual e hierárquica, assim como a associação entre homens e cultura, e mulheres e natureza.

Na Marcha Mundial das Mulheres (MMM), lutamos para superar a divisão sexual do trabalho e, ao mesmo tempo, buscamos o  reconhecimento de que o trabalho reprodutivo está na base da sustentabilidade da vida humana e das relações entre as pessoas na família e na sociedade. Acreditamos que é possível estabelecer – e em alguns casos reestabelecer –  uma relação dinâmica e harmoniosa entre as pessoas e a natureza, e que as mulheres, com sua experiência histórica, têm muito para dizer sobre esse tema.

A MMM na Cúpula dos Povos
Nós estamos presentes na construção da Cúpula dos Povos como parte de um processo global de resistência ao capitalismo, que é patriarcal e racista e que hoje se expande cada vez mais para todas as esferas da vida. (mais…)

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Mensagem preconceituosa é pichada em frente ao campus Pampulha da UFMG

Vândalos escreveram os dizeres “A UFMG vai ficar preta” em uma loja na Avenida Antônio Carlos.

Cristiane Silva

Uma mensagem com conteúdo racista foi pichada em uma loja em frente ao campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Segundo a assessoria de imprensa da instituição, as portas de uma concessionária de motos amanheceram no sábado com os dizeres “A UFMG vai ficar preta”, uma possível referência à discussão a respeito da política de cotas raciais nas universidades, que foi considerada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na semana passada.

A assessoria informou que a UFMG repudia qualquer tipo de discriminação. Serão feitas imagens da pichação e o caso será encaminhado para o Conselho Universitário, instância máxima da instituição.

http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2012/05/01/interna_gerais,291811/mensagem-preconceituosa-e-pichada-em-frente-ao-campus-pampulha-da-ufmg.shtml

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