Índios denunciam que sementes estão se estragando na secretaria

(Foto: Felipe Rocha Líder do movimento na Secretaria do Índio, Rondinele Abel Morais
(Foto: Felipe Rocha Líder do movimento na Secretaria do Índio, Rondinele Abel Morais

Folha – Pelo menos três toneladas de sementes de milho e feijão estariam se estragando na Secretaria Estadual do Índio (SEI), no Parque Anauá, segundo denunciou o líder do movimento indígena Rondinele Abel Morais, da comunidade Volta do Teso, região da Raposa Serra do Sol, Município de Normandia. O movimento reúne, pelo menos, 40 índios num acampamento improvisado, nos fundos da SEI, no Parque Anauá, onde estão há cinco dias.

“As sementes estão apodrecendo por não terem sido distribuídas na época certa para as comunidades indígenas de Roraima”, frisou Rondinele, afirmando que vai continuar acampado até ser atendido pelo governador Anchieta Júnior (PSDB) para indicar o advogado indígena Weston Raposo para assumir a Secretária Estadual do Índio (SEI).

“Estamos sabendo que o governador não vai atender às pressões, mas até quando vamos ter que aguentar isso? Há mais de dez anos que a Secretaria Estadual do Índio foi criada e até hoje as 278 comunidades indígenas ainda aguardam atendimento favorável”, criticou. “São mais de R$ 6 milhões por ano de orçamento e nada chega às comunidades, não há transporte, estradas, pontes e nem ajuda para as comunidades a tirarem sua produção para vender”, disse.

Ele criticou também a ausência de políticas públicas na educação e citou a falta de incentivos para os indígenas que saem das comunidades para estudar na cidade. “Não há apoio nem para a educação indígena, nem para a agricultura, falta tudo e não aguentamos mais. Esse movimento é para levantar Roraima e cobrar educação de qualidade nas comunidades e a própria Secretaria do Índio não oferece nada, e só funciona como cabide de emprego”, frisou.

CARGOS – Além de exigir a nomeação de Weston Raposo para assumir a Secretaria Estadual do Índio, o líder do movimento, Rondinele Abel Morais, quer a nomeação de, pelo menos, 48 cargos comissionados na SEI.

“São quase oitenta funcionários na Secretaria do Índio e, nestes dias em que estamos aqui, não apareceu nem quarenta para trabalhar, muitos só vêm assinar a folha de frequência. Vamos denunciar ao Ministério Público a existência de funcionários fantasmas e, no meio destes, há até indígenas”, afirmou.

Ele explicou que os 48 cargos exigidos serão distribuídos entre líderes de organizações e associações indígenas de todo o Estado. “Queremos trabalhar e não ficar como muitos que são apenas ‘gafanhotos’ que só assinam a folha de frequência”, frisou. (RR)

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