Confira a seguir entrevista concedida pelo filósofo marxista francês Louis Althusser para o jornal L’Unità, órgão oficial do então Partido Comunista Italiano, realizada em fevereiro de 1968, sobre a filosofia marxista.
1. Você poderia nos contar um pouco sobre sua história pessoal? O que o trouxe à filosofia marxista?
Em 1948, quando eu tinha 30 anos, me tornei professor de filosofia e me filiei ao PCF [Partido Comunista Francês]. A filosofia era um interesse, eu buscava fazer dela minha profissão. A política era uma paixão, eu almejava ser um militante comunista.
Meu interesse pela filosofia foi motivado pelo materialismo e sua função crítica: o conhecimento científico, contra todas as mistificações do “conhecimento” ideológico. Contra o mero denuncismo moral de mitos e mentiras, por suas críticas racionais e rigorosas. Minha paixão pela política foi inspirada pelo instinto revolucionário, inteligência, coragem e heroísmo da classe operária em sua luta pelo socialismo. A Guerra e os longos anos em cativeiro me propiciaram um vívido contato com operários e camponeses e fui apresentado aos militantes comunistas.
Foi a política que decidiu tudo. Não a política em geral: a política marxista-leninista.
Primeiro tive que encontrá-las e entendê-las. Isso é sempre dificílimo para um intelectual. E foi difícil assim nos anos 50 e 60, pelos motivos que você sabe bem: as conseqüências do “culto”, o Vigésimo Congresso, depois a crise do movimento comunista internacional. Acima de tudo, não foi fácil resistir à propagação da ideologia “humanista” contemporânea e aos outros ataques da ideologia burguesa ao marxismo.
Uma vez que atingi um melhor entendimento da política marxista-leninista, comecei a me apaixonar pela filosofia também, e conseqüentemente passei a entender a grande idéia de Marx, Lênin e Gramsci: a de que a filosofia é fundamentalmente política.
Tudo que escrevi – primeiro sozinho, depois em companhia de camaradas e amigos mais jovens – gira, apesar da “abstração” de nossos ensaios, em torno dessas questões bastante concretas.
2. Você poderia ser mais preciso: por que em geral é tão difícil ser um comunista na filosofia?
Ser um comunista na filosofia é tornar-se partidário e perito na filosofia marxista-leninista, a do materialismo dialético.
Não é fácil ser um filósofo marxista-leninista. Como todo “intelectual”, o professor de filosofia é um pequeno burguês. Quando ele abre a boca, sua ideologia pequeno-burguesa fala: seus truques e espertezas são infinitos.
Você sabe o que Lênin diz dos “intelectuais”. Individualmente, alguns deles poderiam (politicamente) ser considerados revolucionários e corajosos. Mas no conjunto eles permanecem sendo pequeno-burgueses “incorrigíveis” na ideologia. O próprio Gorki era, para Lênin (que admirava seus talentos), um revolucionário pequeno-burguês. Para se tornarem “ideólogos da classe operária” (Lênin), “intelectuais orgânicos” do proletariado (Gramsci), os intelectuais devem atingir uma revolução radical em suas idéias: uma longa, dolorosa e difícil re-educação. Uma interminável luta exterior e interior.
Os proletários têm um “instinto de classe” que os ajuda a alcançar “posições de classe” proletárias. Os intelectuais, por outro lado, têm um instinto de classe pequeno-burguês que se opõe ferozmente a essa transição.
Uma posição de classe proletária é mais do que um mero “instinto de classe” proletário. É a consciência e a prática que estão de acordo com a realidade objetiva da luta de classe proletária. O instinto de classe é subjetivo e espontâneo. A posição de classe é objetiva e racional. Para atingir as posturas de classe proletárias, o instinto de classe dos proletários necessita apenas ser educado; o instinto de classe dos pequeno-burgueses (e, logo, dos intelectuais) necessita, por outro lado, ser revolucionado. Essa educação e essa revolução são, em última análise, determinadas pela luta de classe proletária conduzida desde a base pelos princípios da teoria marxista-leninista.
Como diz o Manifesto Comunista, o conhecimento dessa teoria pode ajudar certos intelectuais a atingirem posições da classe operária.
A teoria marxista-leninista abrange uma ciência (o materialismo histórico) e uma filosofia (o materialismo dialético).
A filosofia marxista-leninista é, portanto, uma das duas armas teóricas indispensáveis para a luta de classe do proletariado. Os militantes comunistas devem assimilar e aplicar os princípios da teoria: ciência e filosofia. A revolução proletária precisa de militantes que são tanto cientistas (materialistas históricos) quanto filósofos (materialistas dialéticos) para auxiliar na defesa e no desenvolvimento da teoria.
A formação desses filósofos vai de encontro a duas grandes dificuldades.
Primeiro, a dificuldade política. O filósofo profissional que se junte ao Partido continua sendo, ideologicamente, um pequeno burguês. Ele deve revolucionar seu pensamento de forma a ocupar uma posição de classe proletária na filosofia.
Essa dificuldade política é “determinante em último caso”.
A segunda é a dificuldade teórica. Nós sabemos com que direcionamento e com quais princípios devemos trabalhar a fim de definir essa posição de classe na filosofia. Mas devemos desenvolver a filosofia marxista: é teórica e politicamente urgente fazer isso. Agora, esse trabalho é vasto e difícil. Dentro da teoria marxista, a filosofia ficou para trás da ciência da história.
Atualmente, em nossos países, essa é a dificuldade “dominante”.
3. Então você distingue uma ciência e uma filosofia dentro da teoria marxista? Como você sabe, essa distinção é bastante contestada atualmente.
Eu sei. Mas essa “contestação” é uma velha história.
Para ser extremamente esquemático, pode-se dizer que, na história do movimento marxista, a supressão dessa distinção expressou um desvio tanto direitista quanto esquerdista. O desvio direitista suprime a filosofia: resta apenas a ciência (positivismo). O desvio esquerdista suprime a ciência: resta apenas a filosofia (subjetivismo). Existem exceções a isso (casos de “inversão”), mas elas “confirmam” a regra.
Os grandes líderes do movimento operário marxista, de Marx e Engels até hoje, sempre disseram que esses desvios são resultado da influência e dominação da ideologia burguesa sobre o marxismo. Da parte deles, eles sempre defenderam a distinção (ciência, filosofia), não apenas por razões teóricas, mas por razões vitais políticas também. Pense no Lênin em Marxismo e Empírio-criticismo ou em Esquerdismo – Doença Infantil do Comunismo. Suas razões são claramente óbvias.
4. Como você justifica essa distinção entre ciência e filosofia na teoria marxista?
Responderei a essa pergunta formulando algumas questões provisórias e esquemáticas.
1. A fusão da teoria marxista com o movimento operário é o evento mais importante de toda a história da luta de classes, ou seja, de praticamente toda a história da humanidade (os primeiros efeitos foram as revoluções socialistas).
2. A teoria marxista (ciência e filosofia) representa uma revolução sem precedentes na história do conhecimento humano.
3. Marx fundou uma nova ciência: a ciência da história. Vou ilustrar isso. As ciências com as quais somos familiares têm seus alicerces em alguns “continentes”. Antes de Marx, dois desses continentes haviam sido abertos ao conhecimento científico: o continente da matemática e o continente da física. O primeiro pelos gregos (Tales), o segundo por Galileu. Marx abriu um terceiro continente ao conhecimento científico: o continente da história.
4. A abertura desse novo continente levou a uma revolução na filosofia. Essa é uma regra: a filosofia está sempre ligada às ciências.
A filosofia nasceu (com Platão) quando o continente da matemática foi aberto. Ela foi transformada (com Descartes) pela abertura do continente da física. Hoje em dia, ela está sendo revolucionada com a abertura do continente da história por Marx. Essa revolução é chamada materialismo dialético.
As transformações da filosofia são sempre reverberações de grandes descobertas científicas. Portanto, em essência, elas nascem após esses eventos. É por isso que a filosofia ficou para trás da ciência na teoria marxista. Existem outras razões que todos nós conhecemos, mas hoje essa é a dominante.
5. Como conjunto, apenas os militantes proletários reconheceram o âmbito revolucionário da descoberta científica de Marx. Sua prática política foi transformada por ela.
E aqui chegamos ao maior escândalo teórico da história contemporânea.
Como conjunto, os intelectuais, por outro lado — mesmo os que têm um interesse “profissional” no assunto (especialistas em ciências humanas, filósofos) —, não reconheceram ou se recusam a reconhecer o âmbito sem precedentes da descoberta científica de Marx, esta que eles condenam e desprezam e que eles distorcem quando discutem a seu respeito.
Com poucas exceções, eles ainda estão “engatinhando” na economia política, sociologia, etnologia, “antropologia”, “psicologia social”, etc., etc. Mesmo hoje, cem anos após o Capital , assim como os físicos aristotélicos estavam “engatinhando” na física, cinqüenta anos depois de Galileu. Suas “teorias” são anacronismos ideológicos, rejuvenescidos por uma grande dose de sutilezas intelectuais e técnicas matemáticas ultramodernas.
Mas esse escândalo teórico não é um de todo um escândalo. É um efeito da luta de classe ideológica: pois é a ideologia burguesa, a “cultura” burguesa que está no poder, que exerce uma “hegemonia”. Como conjunto, os intelectuais, incluindo muitos intelectuais comunistas e marxistas, são – com exceções – dominados em suas teorias pela ideologia burguesa. Com exceções, o mesmo acontece nas ciências “humanas”.
6. A mesma situação escandalosa aparece na filosofia. Quem compreendeu a incrível revolução filosófica provocada pela descoberta de Marx? Apenas os líderes e militantes proletários. Por outro lado, os filósofos profissionais, como conjunto, nem sequer se deram conta dela. Quando eles mencionam Marx, isso sempre ocorre (com raríssimas exceções) com o intuito de atacá-lo, condená-lo, “absorvê-lo”, explorá-lo e revisá-lo.
Aqueles que defenderam a dialética materialista, como Engels e Lênin, são tratados como filosoficamente insignificantes. O verdadeiro escândalo é que certos filósofos marxistas sucumbiram ante a mesma infecção, em nome do “anti-dogmatismo”. Mas aqui também a razão é a mesma: o efeito da luta de classe ideológica. Pois é a ideologia burguesa, a “cultura” burguesa, que está no poder.
7. As tarefas cruciais do movimento comunista, em teoria:
– Identificar e conhecer o âmbito teórico revolucionário da ciência e da filosofia marxista-leninista;
— Lutar contra a visão de mundo burguesa e pequeno-burguesa que sempre ameaçou a teoria marxista e que a permeia profundamente hoje em dia. A forma geral dessa visão de mundo é o economismo (hoje “tecnocracia”), e seu “complemento espiritual”, o idealismo ético (hoje “humanismo”). O economismo e o idealismo ético formaram a base opositora na visão de mundo burguesa desde as origens da burguesia. A atual forma filosófica dessa visão de mundo é o neo-positivismo e seu “complemento espiritual”, o subjetivismo existencialista-fenomenológico. A variante peculiar às Ciências Humanas é a ideologia chamada “estruturalismo”;
— Conquistar para a ciência a maioria das Ciências Humanas, acima de tudo as Ciências Sociais, que, com exceções, têm ocupado como impostoras o continente da história, o continente legado por Marx a nós;
— Desenvolver a nova ciência e filosofia com todo rigor e ousadia necessários, vinculando ambas aos requisitos e inventos da prática da luta de classe revolucionária.
Em teoria, a ligação decisiva na atualidade: a filosofia marxista-leninista.
5. Você disse duas coisas que são aparentemente contraditórias ou diferentes: primeiro, a filosofia é basicamente política; segundo, a filosofia está ligada às ciências. Como você explica essa dupla relação?
Aqui também terei de responder por meio de questões esquemáticas e provisórias.
1. As posições de classe em confronto na luta de classes são “representadas” no domínio das ideologias práticas (ideologias religiosas, éticas, legais, políticas, estéticas) por visões de mundo de tendências antagônicas: idealistas (burguesas) e materialistas (proletárias). Todos desenvolvem espontaneamente uma visão de mundo.
2. As visões de mundo são representadas no domínio da teoria (ciência + as ideologias “teóricas” que envolvem a ciência e os cientistas) pela filosofia. A filosofia representa a luta de classes na teoria. É por isso que a filosofia é uma luta (Kampf, como disse Kant) e fundamentalmente uma luta política: uma luta de classes. Ninguém é um filósofo por natureza, mas todos podem ser filósofos.
3. A filosofia surge logo que o domínio teórico aparece, logo que uma ciência (num sentido estrito) nasce. Sem a ciência não há filosofia, apenas visões de mundo. A aposta na batalha e o campo de batalha devem ser distinguidos. A aposta definitiva da luta filosófica é a luta pela hegemonia entre as duas grandes tendências de visão de mundo (materialista e idealista). O principal campo de batalha dessa luta é o conhecimento científico: contra ou a favor dele. Deste modo, a batalha filosófica mais importante ocorre na fronteira entre o conhecimento científico e o ideológico. Lá, as filosofias idealistas que depredam a ciência lutam contra as filosofias materialistas que servem às ciências. A luta filosófica é uma esfera da luta de classes existente entre visões de mundo. No passado, o materialismo sempre foi dominado pelo idealismo.
4. A ciência fundada por Marx mudou toda a conjuntura do domínio teórico. É uma ciência nova: a ciência da história. Dessa forma, isso nos possibilitou conhecer, pela primeira vez, as visões de mundo que a filosofia representa na teoria; isso no permitiu entender a filosofia. Isso nos fornece recursos para mudar as visões de mundo (a luta de classe revolucionária guiada pelos princípios da teoria marxista). A filosofia é assim duplamente revolucionada. O materialismo mecanicista, “idealista historicamente”, se torna o materialismo dialético. O equilíbrio das forças é invertido: agora o materialismo pode dominar o idealismo na filosofia e, se as condições políticas estiverem concretizadas, pode também conduzir a luta de classe pela hegemonia entre as visões de mundo.
A filosofia marxista-leninista, ou o materialismo dialético, representa a luta de classe proletária na teoria. Com a união da teoria marxista e do movimento operário (a união definitiva entre teoria e prática) a filosofia é interrompida, como disse Marx, para “interpretar o mundo”. Torna-se uma arma para “mudá-lo”: a revolução.
6. São essas as razões que levaram você a dizer que é essencial ler o Capital hoje em dia?
Sim. É essencial ler e estudar o Capital.
— Para realmente entender, em todo seu âmbito e conseqüências científicas e filosóficas, o que o os militantes proletários há muito entendem na prática: o caráter revolucionário da teoria marxista.
— Para defender essa teoria de todas as interpretações burguesas e pequeno-burguesas, ou seja, revisões que ameaçam-na seriamente hoje, principalmente a oposição economismo/humanismo.
— Para desenvolver a teoria marxista e prover os conceitos científicos indispensáveis à análise da luta de classes contemporânea, em nossos países e mundo afora.
É essencial ler e estudar o Capital. Devo acrescentar que é necessário e essencial ler e estudar Lênin e todos os grandes textos, novos ou antigos, aos quais se devem a experiência da luta de classe do movimento operário internacional. É essencial estudar os textos práticos do movimento operário revolucionário em sua realidade, seus problemas e contradições: seu passado e, acima de tudo, sua história presente.
Atualmente, existem grandes recursos em nossos países para a luta de classe revolucionária. Mas eles devem ser buscados em suas fontes: as massas oprimidas. Eles não serão “descobertos” sem um vínculo direto com as massas e sem as armas da teoria marxista-leninista. As noções ideológicas burguesas de “sociedade industrial”, “neocapitalismo”, “nova classe trabalhadora”, “sociedade afluente”, “alienação” e tutti quanti são anti-científicas e antimarxistas: criadas para fazer frente aos revolucionários.
Finalmente, devo acrescentar um comentário, o mais importante de todos.
Para que alguém realmente entenda o que “lê” e estuda nessas obras teóricas, políticas e históricas deve-se vivenciar diretamente as duas realidades que de fato as determinam: a realidade da prática teórica (ciência, filosofia) em sua vida concreta e, também nesta, a realidade da prática da luta de classe revolucionária, em contato próximo às massas. Pois é a teoria que nos permite compreender as leis da história: não são os intelectuais nem os teóricos, mas as massas que fazem a história. É essencial aprender com a teoria – mas ao mesmo tempo é crucial aprender com as massas.
7. Você atribui uma grande importância ao rigor, inclusive a um vocabulário rigoroso. O que isso significa?
Uma simples expressão resume a função maior da prática filosófica: “traçar uma linha divisória” entre as idéias verdadeiras e as falsas, como disse Lênin.
Mas a mesma expressão resume uma das operações fundamentais que norteiam a prática da luta de classe: “traçar uma linha divisória” entre as classes antagônicas. Entre nossos amigos de classe e nossos inimigos de classe.
É a mesma expressão. A linha divisória teórica entre as idéias verdadeiras e as falsas. A linha divisória política entre o povo (o proletariado e seus aliados) e os inimigos do povo.
A filosofia representa a luta de classes na teoria. Em contrapartida, ela ajuda o povo a distinguir na teoria e em todas as outras idéias (políticas, éticas, estéticas, etc.) quais idéias são corretas e quais são erradas. A princípio, as idéias verdadeiras sempre servem ao povo; as idéias falsas sempre servem aos inimigos do povo.
Por que a filosofia batalha pelas palavras? As realidades da luta de classes são “representadas” pelas “idéias”, que são “representadas” pelas palavras. Na argumentação científica e filosófica, as palavras (conceitos, categorias) são “instrumentos” do conhecimento. Mas na luta política, ideológica e filosófica, as palavras são armas, explosivos ou tranqüilizantes e venenos. Às vezes, toda a luta de classe pode ser resumida a um confronto entre palavras. Certas palavras lutam entre si como inimigas. Outras palavras são raízes de uma ambigüidade: são a aposta em uma batalha decisiva, porém não resolvida.
Por exemplo: a luta comunista pela supressão das classes e por uma sociedade comunista, onde, um dia, todos os homens serão livres e irmãos. Entretanto, toda a tradição marxista clássica se recusou a considerar o marxismo como um humanismo. Por quê? Por a palavra humanismo ser, na prática (isso é, com base nos fatos), explorada por uma ideologia que a usa para brigar, ou seja, para obliterar aquela outra expressão verdadeira, vital ao proletariado: a luta de classes.
Outro exemplo: os revolucionários sabem que, em último caso, tudo dependerá, não das técnicas, armas, etc., mas dos militantes, com sua consciência de classe, sua devoção e sua coragem. Contudo, toda a tradição marxista se nega a dizer que é o “homem” que faz a história. Por quê? Por esta expressão ser na prática (com base nos fatos) explorada pela ideologia burguesa, que a utiliza para brigar, ou seja, para extinguir outra idéia legítima, vital ao proletariado: que são as massas que fazem a história.
Ao mesmo tempo, a filosofia — mesmo nos longos trabalhos onde ela se mostra abstrata e difícil — batalha pelas palavras: contra as palavras mentirosas, contra as palavras ambíguas, a favor das palavras corretas. Ela luta pelas “marcas de opinião”.
Lênin disse: “Apenas as pessoas incautas consideram as disputas factuais e a rígida diferenciação entre as marcas de opinião como inoportunas ou supérfluas. O destino da social-democracia russa nos muitos anos que hão de vir poderá depender do fortalecimento de uma ou outra “marca” (in Que fazer?).
A batalha filosófica pelas palavras é uma parte da luta política. A filosofia marxista-leninista só poderá concluir sua obra teórica abstrata, rigorosa e sistemática se ela lutar tanto pelas expressões fortemente “acadêmicas” (conceito, teoria, dialética, alienação, etc.) quanto pelas mais triviais (homem, massas, povo, luta de classe).
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http://pcb.org.br/fdr/index.php?option=com_content&view=article&id=371%3Alunita-entrevista-louis-althusser&catid=5%3Aentrevistas-com-a-historia. Compartilhada por Luiz Eduardo Motta,