Amazônia Pública: Tapajós em Transe

Em torno de um dos mais belos rios da Amazônia, o Tapajós, no oeste do Pará, a movimentação do governo federal para construir pelo menos duas usinas hidrelétricas nos próximos anos já começa a impulsionar a mineração, ameaçando um mosaico de áreas protegidas. Em uma região rica em ouro e carente de Estado, o impulso trazido pelas novidades pode ser desastroso. Em meio à falta de diálogo, comunidades indígenas e de ribeirinhos lutam pelo direito de discutir o que será de seu futuro. Numa visita a Juruti, onde atua a multinacional Alcoa, vemos um exemplo das dificuldades no diálogo entre as populações locais e os grandes projetos de desenvolvimento. Completa o quadro o papel que a região pode desempenhar na logística da exportação da produção do agronegócio.

Este vídeo apresenta a terceira reportagem da série Amazônia Pública, sobre o projeto de hidrelétricas no Rio Tapajós: http://apublica.org/amazoniapublica/tapajos.

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Muito bom! “Direitos humanos: um estorvo para as esquerdas?”

Mãe e filho dormem na rua em São Paulo ao lado do operário que opera britadeira

Sob a perspectiva da urgente retomada de um projeto de profunda e efetiva transformação social no Brasil, gostaríamos de discutir algumas interpretações e as principais objeções que uma parte das esquerdas brasileiras tem feito às reivindicações baseadas nos direitos humanos

Por Deisy Ventura e Rossana Rocha Reis*

Entre os anos 1960 e 1980, numa América Latina esmagada por regimes ditatoriais, grande parte das esquerdas abraçou o discurso e a pauta dos direitos humanos. Em incontáveis casos, os direitos humanos foram o fulcro de movimentos e ações autoproclamadas esquerdistas. Retomada a democracia, o gozo dos direitos civis e políticos tornou possível que personagens, grupos e partidos identificados com esse campo chegassem ao governo em diversos Estados latino-americanos. Atualmente, o exercício do poder suscita questões sobre a concepção de direitos humanos tanto da esquerda que governa como da esquerda que defende incondicionalmente esses governos, embora amiúde obnubilada em larguíssimas coalizões.

O objetivo deste artigo é refletir sobre a interação entre os direitos humanos e a política no Brasil de hoje. As críticas ao governo pautadas pelos direitos humanos têm merecido uma virulenta reação. Pululam as contradições não apenas entre discurso e prática, mas também dentro dos próprios discursos, e entre certas práticas. É como se um projeto de transformação social prescindisse ou, em alguns casos, fosse considerado até mesmo incompatível com a garantia de certos direitos, paulatinamente convertidos em estorvos. Quem cobra do governo federal o respeito aos direitos humanos é acusado de fazer o jogo da oposição, supostamente pondo em risco um “projeto maior”. Argumentos conjunturais como os de que faltam os meios  ou o momento não é oportuno para sua efetivação, confundem-se, a cada dia mais, com a minimização da importância dos direitos humanos. (mais…)

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Marxismo e feminismo

Angela Davis, quando militava no Panteras Negras - Foto: Reprodução

marxismo21

A iniciativa de dedicarmos uma página especial do blog à problemática do “Marxismo e Feminismo” surgiu de uma provocativa e efusiva manifestação de uma leitora, Eduarda de Lemos, que nos escreveu por ocasião do lançamento do blog. Nessa oportunidade, ela afirmava “é de enlouquecer por aqui olhando as publicações (do blog), sem contar que está bem organizado!”; igualmente fazia uma sugestão para que se criasse um tópico especial sobre marxismo-feminismo no blog. Nossa leitora, inclusive, reconhecia que nele já havia alguns textos sobre o tema, “mas ficaria lindamente lilás se tivessem muitos outros”.

A partir dessa manifestação, outros membros de nosso Conselho Editorial e Consultivo foram apoiando e estimulando a ideia. Dentro dos princípios que norteiam marxismo21, construiu-se, pois, esta página especial.

Como ponto de partida, apresentamos dois textos clássicos do marxismo, escritos no início do século XX, no contexto da Revolução Russa, que discutem a nova mulher, a nova moral sexual, e a participação feminina na política e na construção de um novo mundo. O primeiro é da revolucionária russa Alexandra Kolontai (1872-1952), “O amor e a nova moral”, um dos capítulos do livro que contém dois ensaios da autora, A nova mulher e a moral sexual e O amor na sociedade comunista, escritos em 1918 e 1921, respectivamente, e publicados pela Expressão Popular (o livro tem o título do primeiro ensaio), em 2000, com introdução de Tatau Godinho. (mais…)

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