Relato de Bruna Machado Simões
Nosso querido amigo Samambaia saiu de casa na quarta-feira, dia 02/01 por volta das 19 h, informando à família que iria comprar um notebook. Nesse mesmo horário, um amigo dele entrou em contato para confirmar sua participação na “pelada” da quinta-feira; ele confirmou. Depois disso não se teve mais notícias dele. A família começou a procurar em hospitais, delegacias e nada. Na quinta-feira, a notícia do desaparecimento foi divulgada pelo programa “Ronda Geral”.
Na madrugada da quinta para sexta, o corpo dele foi encontrado na praia de Boa Viagem, na altura do posto 57.
A família compareceu ao IML na sexta feira pela manhã, mas só tomamos conhecimento do desaparecimento dele depois da matéria exibida na TV, mais ou menos às 13:30 da tarde. A partir disso houve uma mobilização pelas redes sociais, até que de fato foi confirmado que o corpo dele já estava no IML.
Quando conseguimos o telefone da família dele, entramos em contato e em seguida fomos ao IML. Chegando lá, conversamos com os parentes, e no atestado de óbito continha ‘ASFIXIA POR AFOGAMENTO’. Durante a conversa perguntamos se os parentes haviam visto o corpo, e eles disseram que foram PROIBIDOS, pois, como a carteira reservista dele se encontrava no bolso, o corpo já estava “identificado”.
Questionamos e duas pessoas acompanharam o irmão dele em um nova tentativa de reconhecer o corpo, e mais uma vez lhe foi negado o direito de reconhecer o corpo do irmão.
“O por quê dessa agonia para vermos o corpo”? perguntou a perita que falou com a família de manhã. Segundo ela, havia relato que o corpo estava liso, sem nenhum ferimento ou escoriação, e estava de roupa. Achamos estranho pois, se foi por asfixia, haveria marcas no corpo. Nessa nova ida houve uma pressão para reconhecer o corpo estava notório o desconforto da pessoa que nos atendeu e sua constante tentativa de negar aos familiares o corpo de Samambaia. Depois de muita insistência, foi mostrado um documento que contém fotos no momento em que o corpo chegou ao IML, nessas fotos foi visualizado que: ELE ESTAVA SEM BLUSA (a perita havia dito que ele estava vestido), PARTE DOS SEUS DREADS FORAM ARRANCADOS, HAVIA SIM ESCORIAÇÕES PELO CORPO, A BERMUDA DELE ESTAVA TOTALMENTE RASGADA, E O PESCOÇO ESTAVA APARENTEMENTE DESLOCADO.
Conseguimos uma advogada (mãe de uma aluna de pedagogia) e, ao relatarmos o caso para ela, ela começou a nos dar diretrizes. O IML queria se livrar do corpo sem ao menos esclarecer a morte. Na delegacia consta “morte a esclarecer”, no IML “asfixia por afogamento” e nada mais)… Quando se trata de uma asfixia se trata de um homicídio. Ao saber do caso a advogada nos orientou que o corpo não poderia sair do IML, pois perderíamos as provas.
Hoje de manhã voltamos ao IML para falar com diretor, porém ele não trabalha nos finais de semana. Fomos pedir esclarecimento da causa morte, e ninguém soube dar explicação. Daí fomos com a família e a advogada, ao DHPP. Chegando lá depois de muita conversa, a delegada orientou que o corpo não fosse retirado do IML, pois como o caso não havia sido registrado como homicídio o DHPP não poderia instaurar o inquérito.
A delegada fez um ofício com pedido de URGÊNCIA que fosse feito um exame TOXICOLÓGICO. Voltamos com esse ofício para o IML, e mais uma vez houve um total descaso: primeiro não quiseram receber o ofício enviado pelo DHPP. Disseram que teríamos que esperar a perita que havia feito a perícia anterior. Isso era por volta das 11h, e essa perita chegaria às 13h.
Ficamos à sua espera, deu a hora e nada dela chegar e ninguém mais sabia onde encontrá-la. O perito que estava de plantão recebeu o ofício solicitando o exame e falou que haveria uma nova perícia.É isso galera. Estão tratando o caso como mais um preto e pobre assassinado. Lá, eles chamam ‘ZÉMICIDIO’, apenas mais um na estatística. Queremos o apoio de todos. Quem tiver contato com a mídia, seja ela televisiva ou jornal impresso, por favor, que entrem em contato. Tentaremos obter apoio da UFPE e do reitor para que haja um posicionamento da Secretaria de Defesa Social, não podemos deixar de cogitar a hipótese de crime racial. Queremos justiça!
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Compartilhado por Ney Didãn.
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entrem em contato com Ismael HOlanda, pelo facebook, ja falei com ele. ele conhece a galera da tv. é jornalista.