Alunos de escola modelo da rede estadual, em Santa Cruz, protestam por melhores condições

Sem professores, sem água até para beber, e com as estruturas se deteriorando. Essa tem sido a realidade da Escola Estadual Erich Walter Heine, em Santa Cruz, construída em parceria entre o governo do Estado e a Companhia Siderúrgica do Atlântico, num investimento de R$ 11 milhões.

Inaugurada oficialmente em maio do ano passado, em evento que contou a presença do governador Sérgio Cabral, a escola foi criada como uma instituição modelo no ensino médio técnico em administração, e em padrões de sustentabilidade. No entanto, o ambicioso projeto dá sinais de fracasso em menos de um ano de funcionamento.

Incomodados com os problemas, cerca de 150 alunos organizaram um protesto na manhã de ontem em frente à instituição, que estava fechada. Na porta, o aviso: “Hoje não haverá aula! Manutenção da rede hidráulica”. Com palavras de ordem como “Vamos parar com a sacanagem. Erich Heine, tira a maquiagem!”, a manifestação também contou com a participação de professores e pais de alunos.

No dia anterior, os alunos contam que foram liberados às 12h por falta de professores, quando deveriam estudar em horário integral, de 7h às 17h.

Para o aluno Lucas Nolasco, de 15 anos, tudo o que foi dito sobre a escola, que seria a primeira totalmente sustentável da América Latina, é “propaganda enganosa”.

— Passei para a Faetec também, mas preferi estudar aqui, porque falaram que seria uma escola de referência. Mas, na realidade, minha turma está desde o início do ano letivo sem aulas de português, sociologia, educação física, teoria geral da administração e administração de produção.

Outra reclamação é a constante falta de água. Rayane Cardoso Ramos, de 15 anos, disse que semana passada não tinha água nem para beber.

— Os banheiros estão imundos, fedendo, porque não tem como dar descarga. E temos que utilizá-los assim mesmo — reclamou.

Secretaria diz que vai contratar mestres

As aulas ontem foram suspensas por falta d´água no colégio.

Alunos também denunciam os atrasos na hora do almoço. A cozinha da escola, dizem estudantes e professores, nunca funcionou.

— A comida vem de fora, e, muitas das vezes, atrasa cerca de uma hora. E nós acabamos perdendo aula por causa disso. Fora isso, a comida é de qualidade duvidosa. Já houve pessoas que passaram mal — contou a estudante Ana Amália, de 16 anos.

Procurada para comentar as denúncias, a diretora Terezinha Lauermann não respondeu às mensagens deixadas em sua secretária eletrônica.

Em nota, a Secretaria estadual de Educação informou que está providenciando a contratação de professores para as disciplinas que apresentam carências (Português, Sociologia e Química). Segundo a secretaria, o problema de falta d’água no colégio foi solucionado ontem, e as aulas retornarão na segunda-feira.

Em relação à alimentação dos alunos, a Secretaria informa que nunca recebeu denúncias de comida estragada por parte dos estudantes. O órgão está finalizando a compra de novos equipamentos e até o final deste semestre, todas as refeições serão produzidas pela cozinha da escola.

http://extra.globo.com/noticias/rio/alunos-de-escola-modelo-da-rede-estadual-em-santa-cruz-protestam-por-melhores-condicoes-4337308.html#ixzz1paAG0AtF

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