Militar uruguaio atuante na Operação Condor vive impune no Brasil

Cidadania brasileira assegura ao ex-militar direito de não ser extraditado para ser julgado em seu país (Reprodução Facebook)
Cidadania brasileira assegura ao ex-militar direito de não ser extraditado para ser julgado em seu país (Reprodução Facebook)

Coronel que participou de articulação repressiva entre os regimes ditatoriais da América do Sul adquiriu cidadania por ter mãe brasileira e vive no sul do país

Por Redação RBA

O coronel uruguaio Pedro Antônio Mato Narbondo, acusado pelo desaparecimento de quatro militantes de esquerda em 1976 em seu país, foi encontrado morando no sul do Brasil. Narbondo possui cidadania brasileira. O ex-militar responde por crimes de sequestro, tortura e assassinato no Uruguai. É também réu na Argentina e na Itália.

Ele é um dos 17 militares e civis uruguaios denunciados em 2007 na Justiça italiana pelo procurador Giancarlo Capaldo pela morte e o desaparecimento de 23 cidadãos latino-americanos de origem italiana. Os crimes ocorreram durante a operação Condor, ação conjunta das ditaduras nos países do Cone Sul – Brasil, Argentina, Chile, Bolívia, Paraguai e Uruguai –, que reprimiu de maneira truculenta opositores aos regimes.

Procurado pela Interpol, o coronel tem garantida sua impunidade no Brasil, graças à cidadania que adquiriu em 2003, pelo fato de sua mãe ser brasileira. Segundo Jair Krischke, presidente do Movimento Justiça e Direitos Humanos no Rio Grande do Sul, em entrevista à Rádio Brasil Atual, o ex-militar não pode ser extraditado para ser julgado em seu país.

Narbondo não é o primeiro caso de refugiados da operação Condor. Outros três militares argentinos tentaram se beneficiar no Brasil da Lei de Anistia, mas acabaram foram extraditados e julgados, como relata Krischke, para quem o militar uruguaio ainda teria de ser julgado. “Não se pode abrigar a impunidade.”

O coronel já foi convocado pela Justiça uruguaia, mas não compareceu. Seu advogado, inclusive, entrou com pedido de habeas corpus preventivo no Supremo Tribunal Federal, para evitar que possa ser preso a qualquer momento. A denúncia de que Pedro Antônio Mato Narbondo está no Brasil foi feita em dezembro do ano passado pelo repórter do Uruguai, Roger Rodríguez.

Ouça a reportagem da Rádio Brasil Atual:

 

Enviada para Combate Racismo Ambiental por José Carlos.

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