Contra a origem do mal

Pesce de arrudaCoronel e professor universitário defende formação mais humanizada em escolas de PMs

Por Tory Oliveira, em Carta Capital

O coronel da reserva Luiz Eduardo Pesce de Arruda não é um policial militar comum. Aos 56 anos, 36 deles nas fileiras da Polícia Militar de São Paulo, é também professor universitário, formado em Comunicação e Direito. Especialista em liberdades públicas e segurança interior pela École Nacionale d’Administration, em Paris, fala francês e respalda suas respostas em pensadores como Hannah Arendt, Karl Marx e Max Weber. Não raro, recorre a termos inusuais para demonstrar seu conhecimento. Segundo conta, já devolveu em francês ao desacato de uma motorista em uma perícia de trânsito. Ela o havia chamado de ignorante. Em sua trajetória como policial, conheceu, nos anos 1990, o indigenista Orlando Villas-Boas, com quem aprendeu mais sobre os povos do Xingu e a huka-huka, luta marcial indígena que ele trouxe para a Escola Superior de Soldados. Como acadêmico, publicou em 2013 o artigo “Polícia e Direitos Humanos: A responsabilidade das escolas”, na revista do Laboratório de Estudos da Violência da Unesp de Marília. No texto, defende que a formação policial seja mais calcada nas humanidades. Em uma tarde quente de janeiro e vestido com roupas civis (está aposentado da PM desde março de 2013), Arruda conversou com Carta na Escola sobre a responsabilidade das escolas de formação de policiais, a atuação da polícia nas manifestações de junho e os desafios da instituição diante das transformações da sociedade.   (mais…)

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Golpes, perseguições, feridas e cicatrizes

Greve de Osasco, em 1968
Greve de Osasco, em 1968

Os camponeses que viviam ali, naquele sertão da Bahia, jamais haviam testemunhado tamanha barbárie. O que se passou dentro de casa foi um suplício familiar

Por Thaís Barreto, em Carta Capital

Preso político? O que é isso? Eu nasci em 1984 e devia ter uns 6 anos de idade quando escutei essa denominação em uma estranha conversa dos meus pais. Meu pai teve o cuidado de me convencer que eu não entenderia naquele momento. Guardei aquele dia como se fosse hoje e, aos poucos, a expressão ganhou contornos. Lembro de ter acompanhado diversos jornalistas indo entrevistá-lo lá naquele sertão, em Brotas de Macaúbas, na Bahia. Por que tantas entrevistas? Carlos Lamarca, José Campos Barreto (Zequinha), Iara Iavelberg, Otoniel Barreto, Luiz Antônio Santa Bárbara, quem eram essas pessoas?

A grande oportunidade para entender melhor veio quando eu tinha 9 anos, pois foi lançado o filme Lamarca dirigido por Sérgio Rezende com base no livro Lamarca: O Capitão da Guerrilha escrito pelos jornalistas Emiliano José e Oldack Miranda. Nas cenas do filme vizualizei um cenário de guerra no entorno e dentro da casa dos meus avós no povoado de Buriti Cristalino. Aqueles torturadores assassinos buscavam Lamarca e Zequinha. Um era capitão do Exército que recusou servir à ditadura saindo em 1969 e o segundo era um operário que esteve sob tortura do Dops de São Paulo por estar à frente da greve da Cobrasma, em 1968. Os dois passaram a viver na clandestinidade e suas vidas se cruzaram decisivamente. (mais…)

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Roraima – Curso para Técnicos de Enfermagem Indígenas começa no segundo semestre de 2014

cirO projeto deste curso para Técnicos de Enfermagem Indígenas foi elaborado pelo Conselho Indígena de Roraima (CIR) em 2007, com a participação de enfermeiras, pedagogas e profissionais de saúde que atuavam no convênio de saúde implementado pelo CIR em parceria com a FUNASA (Fundação Nacional de Saúde). O projeto e o orçamento para o curso foram aprovados na época pelo Conselho Distrital de Saúde (CONDISI), Escola Técnica de Saúde do SUS (ETSUS), Ministério da Educação (MEC) e Conselho Estadual de Saúde, mas com o fim do convênio ficou parado por falta de interesse da SESAI (Secretaria Especial de Saúde Indígena), que assumiu a gestão da saúde indígena no estado e no país. Foi aprovado também na mesma época o curso para Técnicos de Higiene Dental Indígenas, também elaborado pelo CIR, e que até hoje não foi operacionalizado pela SESAI ou ETSUS.

A ideia inicial aprovada pelas lideranças indígenas era usar como sede do curso o Centro Indígena de Formação e Cultura Raposa Serra do Sol (CIFCRSS), localizado na etnorregião do Surumu, Terra Indígena Raposa Serra do Sol, e as dependências da Casa de Cura, pertencente à Diocese de Roraima e localizada em Boa Vista, pois alguns módulos precisam ser feitos nos hospitais da cidade. O curso deveria dar prioridade aos 374 Agentes Indígenas de Saúde formados pelo CIR e certificados pela própria ETSUS no ano de 2007, tendo como critérios as indicações dos conselhos locais de saúde, de acordo com uma distribuição geográfica que contemple todas as etnorregiões do estado. (mais…)

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Rio Madeira ultrapassa 19,40 m, cota prevista para abril pela Defesa Civil

Caminhões ainda se arriscavam em Trecho alagado na BR-364. Foto: Josenir Melo. A imagem é de anteontem, dia 21 de março.
Caminhões ainda se arriscavam em Trecho alagado na BR-364. Foto: Josenir Melo. A imagem é de anteontem, dia 21 de março.

Nível do rio aumentou 31 centímetros em uma semana. Neste sábado (22) nível registrado pela ANA foi de 19,46 metros.

Por Ivanete Damasceno, no G1 RO

O Rio Madeira atingiu neste sábado (22) a cota de 19,46 metros, segundo a aferição da Agência Nacional de Águas (ANA). A Defesa Civil Estadual estimava, há uma semana, que o rio alcançaria a media de 19,40 metros somente no dia 2 de abril. Na ocasião, o Madeira tinha o nível em 19,15 metros. Em sete dias, houve um aumento de 31 centímetros. Já são mais de 2,5 mil famílias desabrigadas pela enchente em Rondônia.

O nível do Rio Madeira já bateu o recorde histórico de 17,52 metros – de 17 anos atrás –  e, apesar de a Defesa Civil afirmar que havia uma tendência de estabilização, o nível continua subindo. O órgão não sabe dizer quando ou se as famílias desabrigadas poderão retornar às suas casas. Oficialmente nenhuma morte relacionada à cheia foi confirmada. (mais…)

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Manifesto dos povos da floresta do Vale do Juruá: “O petróleo é nosso”! Deixem-no na terra! Fora da Amazônia, petroleiras!

Foto retirada da internet, sem identificação exceto "Vale do Juruá". TP.
Foto retirada da internet, sem identificação exceto “Vale do Juruá”. TP.

No blog Lindomar Padilha

Nós, povos da floresta do Vale do Juruá, reunidos no Seminário “Petróleo, você compra a natureza é quem paga: Vale do Juruá, construindo alternativas”, organizado pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e realizado de 19 a 21 de março de 2014, viemos manifestar nossa prioridade de defender a todo custo a vida, estando portanto preocupados com a exploração de petróleo e gás na nossa região, bem como com a implementação de projetos de pagamentos por serviços ambientais, a exemplo do REDD (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação florestal).

Depois de debatermos e trocarmos experiências e opiniões não apenas entre os povos da floresta, mas com universitários, estudantes de Ensino Médio e representantes de movimentos sociais localizados na cidade, pudemos perceber que, ao contrário do que nos tem sido passado, o chamado ‘desenvolvimento sustentável’ tem contribuído significativamente para a degradação não apenas do meio em que vivemos, como dos nossos modos de vida, excluindo-nos de participação efetiva nesses processos. Os “Plano (s) de Manejo Florestal Sustentável” nos servem como claro exemplo da falência deste conceito, ao reprimir e criminalizar os povos da floresta, enquanto de fato barganham seus meios de subsistência, pois entrega os bens naturais para consumo das sociedades industrializadas, em troca do lucro de poucos empresários. (mais…)

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Os Camargos: Descendentes de escravo mostram como era feito o Caminho dos Negros

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Escritura datada de 1874 e guardada na Cúria Diocesana comprova a posse das terras

Por Daniela Jacinto, em Cruzeiro do Sul

Percorrido a pé, de carroça, a cavalo ou carro de boi pelos escravos, pelos alforriados e, mais tarde, os libertos pela Lei Áurea, o percurso feito pelos negros em Sorocaba e região, principalmente pelos parentes de José Joaquim de Camargo, está sendo traçado pela família como forma de resgatar a história de seu povo e também delimitar seu território. A ideia é que o Caminho dos Negros, futuramente, transforme-se em um roteiro turístico-cultural, para perpetuar esse registro.

O Caminho dos Negros parte de Sorocaba, passa por Araçoiaba da Serra, segue até Sarapuí, passa por Salto de Pirapora, Piedade e termina em Votorantim, na divisa com Sorocaba. E poderá contar com o apoio da Fundação Cultural Palmares. “Soube que a comunidade está desenvolvendo esse projeto. É algo que está em formulação, mas assim que eu receber a proposta pretendo encaminhar para Brasília, onde é a sede da Fundação, para que lá tenham conhecimento e analisem a possibilidade de parceria. Pode ser oferecido apoio inclusive de recursos”, disse o chefe da representação regional da Fundação Cultural Palmares de São Paulo, Michel Yakini.  (mais…)

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Os Camargos: Quilombolas aguardam pela delimitação de território para serem reconhecidos

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Documentação permitirá aos descendestes de José Joaquim de Camargo serem incluídos nas políticas públicas nacionais

Por Daniela Jacinto, em Cruzeiro do Sul

A comunidade remanescente do quilombo Os Camargo aguarda há 14 anos por uma documentação que permitirá aos descendentes de José Joaquim de Camargo serem incluídos nas políticas públicas nacionais. Nos processos que envolvem reconhecimento de comunidades quilombolas, existem seis peças técnicas para a conclusão de um Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID), que podem ocorrer concomitantemente. Os Camargo afirmam já ter conseguido a maior parte dos documentos e que a única coisa que falta para garantir seus direitos é a delimitação do território. “Mas agora está parado no Incra”, reclamam João Fernandes e os primos Edson Correa e Luiz Carlos Batista de Camargo. A comunidade reivindica a posse de parte de terras em Sorocaba, Votorantim, Salto de Pirapora, Piedade, Sarapuí e Araçoiaba da Serra, num total de 84 mil alqueires de extensão.  (mais…)

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