Os Camargos: Remanescentes de quilombos vivem em estado de pobreza extrema

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Por Daniela Jacinto, em Cruzeiro do Sul

No bairro Votocel, separadas da população ali residente por um matagal, moram 15 famílias remanescentes de quilombos. A situação é de pobreza extrema e os descendente do escravo José Joaquim de Camargo vivem ali em um aglomerado de barracos, sem direito à água e luz elétrica, que alguns possuem devido a “gatos”. “Algumas famílias fizeram a instalação de modo irregular porque estamos cansados de pedir e termos esses benefícios negados, apesar do programa Luz Para Todos, do governo, essa luz não chega pra nós”, diz Rosana Vieira Noronha, responsável pela comunidade. Rosana é casada com o irmão de João, tataraneto de José Joaquim.

Rosana consegue sustentar os quatro filhos, uma sobrinha e um irmão vendendo frutas como abacate e banana e ainda catando material para reciclagem. “A igreja também nos ajuda”, conta ela, que já tentou desenvolver um projeto de pesca, mas não conseguiu. “Aqui nada acontece. Estamos esquecidos e ainda separados das pessoas pelo matagal.”

A maioria dos moradores daquele local se reconhece como quilombola, afirma Rosana. “Mas a gente não tem cultura preservada. Nossa atividade é limpar quintal, catar lixo para reciclagem. A gente não tem estrutura, queríamos um barracão para desenvolver um projeto de geração de renda, artesanato…”, diz.

João recorda que seu pai, que morava ali e criou os filhos naquele local, fazia balaio com bambu e paçoca no pilão. “Infelizmente enterraram tudo da nossa tradição”, lamenta João. (mais…)

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Os Camargos: Família se espalhou e terras foram invadidas

Camargos

Luta pela recuperação territorial e de direitos teve início há cerca de 100 anos, com um dos netos de José Joaquim de Camargo

Por Daniela Jacinto, em Cruzeiro do Sul

“Somos os verdadeiros donos destas terras”, desabafa João Fernandes, vice-presidente da Associação Remanescentes de Quilombo José Joaquim de Camargo – Núcleo Votorantim. A vontade maior dos descendentes de José Joaquim de Camargo é serem incluídos na história das cidades da região, onde seu familiar adquiriu as terras. “Nós temos história, que é de 1874 para trás”, afirma. A contribuição dos bandeirantes, dos tropeiros para a formação das cidades é sempre lembrada, mas a dos negros não, o que desagrada muito a comunidade, que quer ser reconhecida como contribuidora da história e que sejam relatadas as suas ações na sociedade. (mais…)

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