Evento aborda reflexo da mineração e das hidrelétricas na Amazônia

Marquinho Muduruku
Marquinho Mota na campanha em defesa dos povos indígenas

Por Beth Begonha em Amazônica Brasileira

Em entrevista ao Amazônia Brasileira nesta segunda-feira (10), o coordenador do simpósio sobre mineração e hidrelétricas na Amazônia, Marquinho Mota, revelou as preocupações da população amazônica com o número de projetos de mineração, incluindo a exploração de petróleo e gás de xisto, bem como com a previsão da construção de centenas de novas hidrelétricas de pequeno, médio e grande porte na região.

O seminário acontece num momento propício à reflexão sobre o tema, por conta do que vem acontecendo na Amazônia Ocidental, em particular em Rondônia e no Acre, que sofrem de um alagamento histórico, que pode estar relacionado com a construção das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio. Além disso, foram concedidas, no final de 2013, licenças para prospecção de petróleo e exploração de gás de xisto, como diversas outras concessões de exploração mineral, dentre elas a de Belo Sun. A mineradora canadense recebeu autorização para funcionar praticamente ao lado da hidrelétrica de Belo Monte, o que pode estar causando a chamada sobreposição de impactos na região de Altamira. Confira a entrevista na íntegra AQUI!

O Simpósio “Os impactos dos Projetos Econômicos e o Extermínio de Culturas: Energia e Mineração em Terras e Rios dos Povos Originários” acontecerá nos dias 17 e 18 de março, no auditório do “Memorial Darcy Ribeiro – Beijódromo, na Universidade Brasília – UnB.

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A questão indígena em Eirunepé

Juiz Wilson Witzel e cocarPor J. Rosha*

O estado de abandono em que se encontram os indígenas na cidade de Eirunepé (AM) não se resolverá com medidas restritivas ao direito deles de ir e vir, tal como estabelece  a Portaria número 02/2014, expedida pelo juiz Lioney Figliuolo Harraquian, titular da Segunda Vara da Fazenda Pública e responsável pela Comarca de Eirunepé. A referida Portaria tem duas determinações: proibir o uso de bebidas alcoólicas e estipula prazo de 48 horas para que a Fundação Nacional do Índio (Funai), sob pena de pesada multa, providencie a remoção dos indígenas de volta às suas aldeias após recebimento dos seus benefícios. 

É clara e acertada a preocupação do Juiz em relação aos efeitos do excessivo consumo de bebidas alcoólicas. Porém, de alcance prático limitado. A Coordenação Local da Funai tem solicitado formalmente por reiteradas vezes à  Polícia Militar local que haja com rigor contra a venda de bebida aos indígenas, conforme informações do Coordenador, Arquimimo Amaral da Silva. As autoridades policiais da cidade, no entanto, não agem com o devido rigor em relação aos comerciantes.

Segundo Arquimimo Amaral, a permanência prolongada dos indígenas na cidade se deve, dentre outras razões, à ineficiência dos vários órgãos governamentais como as agências do INSS e Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), cartório, setor de documentação da polícia civil e outros. “Os indígenas não ficam na cidade porque gostam, mas por necessidades iguais as de todos os cidadãos”, afirma ele acrescentando que “é pura verdade: os indígenas estão abandonados. Nós (da Funai), estamos sem perspectiva”.  Uma das iniciativas em curso para identificar as causas da prolongada permanência deles no local é a realização de um levantamento pela  equipe da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai).  (mais…)

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Reféns do eucalipto

serafim_sem_creditoO veneno lançado pela Aracruz Celulose (Fibria) sobre os eucaliptais está asfixiando as comunidades quilombolas. Manoel Pedro Serafim é um dos sobreviventes que decidiu enfrentar a empresa

Rogério Medeiros, Século Diário

Wendson Valentin, 13 anos; Jery Valentin, 18 anos; e Wando Valentim, 13 anos, tiveram o mesmo fim: morreram envenenados. “E minha irmã ficou cega”, conta Manoel Pedro Serafim. O quilombola de 62 anos, após casos recorrentes registrados na região norte do Espírito Santo, área dominada por extensos eucaliptais da Aracruz Celulose (Fibria), resolveu encarar a empresa.

As doenças e mortes são o resultado da elevada quantidade de venenos que a Aracruz utiliza na conservação e replantio da monocultura do eucalipto. “É tanto veneno, que existem casos como de uma moça que atravessou os eucaliptos, vindo da cidade para sua casa, e ficou vários dias tremendo. Ela mora aqui na comunidade Nossa Senhora Aparecida. Se quiser ouvir dela o que estou lhe dizendo, levo você lá”, atestou Serafim, que é responsável pela criação da Associação dos Pequenos Agricultores Vizinhos dos Empreendimentos Industriais de Conceição da Barra e São Mateus, municípios situados no norte do Estado.  (mais…)

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Juiz vai a julgamento no Rio de Janeiro por pendurar quadro que denuncia genocídio contra os pobres

Foto-da-obra-POR-UMA-CULTURA-DE-PAZ-1Por Conceição Lemes, Viomundo

Nesta segunda-feira, às 13 horas, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) realiza um julgamento inusitado.

Os 25 membros do Órgão Especial do TJRJ avaliam representação judicial contra o juiz João Batista Damasceno.

“Crime”: ter pendurado em seu gabinete no dia 25 de agosto de 2013 o quadro Por uma cultura de paz, de Carlos Latuff.

“Trata-se de uma representação por suposto descumprimento de dever funcional”, explica o juiz João Batista Damasceno. “O corregedor diz que a obra de arte tem uma crítica à polícia e que pendurar tal quadro num gabinete é crítica a outra instituição e que tal comportamento é indevido a um juiz.” (mais…)

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Inicia amanhã a 43ª Assembleia Geral dos Povos Indígenas de Roraima

assembleia geralLocal da Assembleia, Centro Regional Lago Caracaranã, TI Raposa Serra do Sol 

ASCOM/CIR

Desde o final de semana, lideranças indígenas de todas as regiões do Estado chegam ao Centro Regional Lago Caracaranã, na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, para participar da 43ª Assembleia Geral dos Povos Indígenas de Roraima, que inicia amanhã, 11 e terminará na sexta-feira, 14. A realização é do Conselho Indígena de Roraima(CIR).

A Assembleia que vem com o tema “enfrentando os desafios, com união, trabalho e articulação de todos” tem a perspectiva de reunir mil participantes, entre lideranças indígenas e convidados. O evento, esse ano, vai recepcionar o Presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas, Padre Tom (PT/RR), com presença confirmada para amanhã, 11, na abertura oficial do evento e a Presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Maria Augusta Assirati, no dia 12, além de outros representantes de órgãos federais.

A abertura do evento será às 8h, com apresentação das regiões e os demais participantes. No período da tarde, haverá a apresentação dos resultados do Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA) e informes da situação fundiária nas terras indígenas. (mais…)

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ONGs denunciam nas Nações Unidas mortes no Complexo de Pedrinhas

x280114_presidio.jpg.pagespeed.ic.bNKuHLMODgAna Cristina Campos – Repórter da Agência Brasil 

Representantes das organizações não governamentais (ONGs) Justiça Global, Conectas e Sociedade Maranhense de Direitos Humanos fizeram um pronunciamento hoje (10), no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU), denunciando os casos de mortes e de outras violações de direitos humanos ocorridos no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís, no Maranhão.

A advogada da Conectas, Vivian Calderoni, fez um relato sobre os casos de morte e decapitações dizendo que a situação continua crítica no local. “A resposta dada pelo governo foi militarizar o presídio”, afirmou Vivian, que está em Genebra, na Suíça. Ela citou ainda a existência de um vídeo que mostra a Polícia Militar disparando balas de borracha nas costas de presos nus, enfileirados contra a parede.

Ela disse ainda que as cenas de horror não são exclusividade de Pedrinhas e falou das mazelas do sistema prisional brasileiro. Vivian destacou os problemas de falta de alimentação adequada e água nas prisões brasileiras, além da superlotação e das dificuldades de acesso a emprego, saúde e educação. (mais…)

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A História da Polícia Militar do Rio de Janeiro Parte II: Da Ditadura à Guerra às Drogas

caveirao
Caveirão: Veículo blindado do BOPE

Bandido favelado
não se varre com vassoura
se varre com granada
com fuzil, metralhadora

– ‘Abismo Das Almas’ Facção Central

Por Patrick Ashcroft*, em Rio On Watch

Como temos visto, o mandato da força policial brasileira ao longo de sua história tem sido fortemente baseado em noções coloniais de cidadania. Aqueles que ‘têm’ tendem a ser vistos como cidadãos honestos e que trabalham duro, enquanto os que ‘não tem’ são vistos como criminosos, ou potenciais criminosos. Nos últimos 50 anos, a Polícia Militar tem usado cada vez mais a força letal nas áreas mais pobres da cidade, empregando uma mentalidade de “agir primeiro e perguntar depois”.

Durante a ditadura militar, que durou de 1964 a 1985, a polícia foi encarregada de enfrentar o inimigo interno, os opositores políticos do regime. Foi durante este período que a polícia assumiu um papel profundamente militar: qualquer sugestão de que seu objetivo era proteger e defender o público desapareceu nesse momento. A segurança nacional e táticas anti-guerrilha e anti-protestos foram os principais aspectos da formação da polícia sob o regime militar. Esta doutrina de segurança nacional foi usada para motivar, justificar e defender as inúmeras atrocidades que aconteceram ao longo dessas duas décadas. Tortura e morte foram generalizadas, e a impunidade quase garantida. Os esquadrões da morte, como a Scuderie Detetive Le Cocq liderados pelos ‘Homens de Ouro’, eram compostos por policiais que realizavam segurança particular para empresários locais, principalmente nas favelas. Estes grupos são os antecedentes das milícias dos últimos anos. (mais…)

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Comunidade Quilombola de Jacareí dos Pretos

maosquilombolas-fotojoaozinclarPor Mayron Borges  para Combate Racismo Ambiental

Quem frequenta, em grande maioria, as reuniões em Jacareí dos Pretos, comunidade quilombola do município de Icatu, são as mulheres. Mulheres jovens e idosas. Donas de casa e trabalhadoras rurais. A dona Lucimar da Conceição Costa participou de várias capacitações sobre meio ambiente. Para ela, a palestra é muito importante para todos os moradores que tenham consciência, pois com a palestra se sabe onde roçar e como queimar os roçados, e não roçar as margens dos rios, caso façam roça os rios vão secar.

A dona Heloisa comentou de uma vez em que visitando a beira do rio se surpreendeu com um imenso desmatamento e as juçareiras queimadas. Os seus parentes fizeram o serviço. A área desmatada era de sua avó. A juçara se apresenta como uma das principais fontes de vitaminas para as comunidades tradicionais e Jacareí dos Pretos não é diferente. As juçareiras cobrem todas as margens do rio. Pediu-se que as pessoas escrevessem as espécies frutíferas que podem ser encontradas em Jacareí. Simplesmente, as pessoas se esqueceram de incluir juçara. Antes e durante a oficina de capacitação em meio ambiente, os moradores de Jacareí ressaltavam o quanto as juçareiras tem diminuído.

Soa inacreditável que uma espécie tão importante para a alimentação humana e para a conservação dos recursos hídricos como a juçara perca espaço no cotidiano e na memória das pessoas. Sobre isso, uma das moradoras comentou que aqueles que destroem a Juçara destroem a si mesmos e também destroem os demais. A dona Irene tratou desse assunto quando disse que várias pessoas de Jacareí compram juçara de lugares próximos em vez de comprarem na própria comunidade. No dia anterior, a dona Irene amassou sementes de juçara para tirar uns dois litros. Os seus sobrinhos menores repetiram inúmeras vezes depois que começaram a beber. (mais…)

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Mulheres Sem Terra protestam em frente a Codevasf, em Petrolina (PE)

size_590_bandeira-mstRamiro Olivier, da Página do MST

Cerca de 300 mulheres Sem Terra realizam um protesto, nesta segunda-feira (10), em frente à Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf), em Petrolina (PE). Elas exigem que a Codevasf seja a adutora para o abastecimento de água em todos os assentamentos do Vale do São Francisco, assim como cobram pelo abastecimento, tratamento e estruturação de água para consumo das áreas de reforma agrária.

PPP

A Parceria Público Privada da fazenda Pontal Sul, conhecida como Projeto Pontal, também é combatida pelas camponesas que reivindicam a desapropriação da área para fins de reforma agrária.

Em 2004, a fazenda Pontal Sul foi ocupada pelos Sem Terra, cuja área total do projeto é de 33.526 hectares. Segundo as mulheres, trata-se de um latifúndio público que deveria ser de uso do povo brasileiro, mas que será privatizado para uso de poucos.

O projeto de implantação da infraestrutura de irrigação, que já foi parcialmente construída pela Codevasf com dinheiro público, vem se arrastando há anos.  (mais…)

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Rio dos Macacos: reunião no MPF dá seguimento a negociações entre comunidade e Governo Federal

Comunidade do quilombo não tem energia elétrica e saneamento básico
Comunidade do quilombo não tem energia elétrica e saneamento básico

Previsto para as 14h desta terça-feira, em Salvador, evento dá seguimento às negociações para a demarcação do território, iniciadas na audiência pública realizada pelo MPF em 2013.

Ministério Público Federal na Bahia

Na próxima terça-feira, 11 de março, o Ministério Público Federal (MPF) na Bahia sediará reunião entre o Ministério da Defesa e a comunidade quilombola Rio dos Macacos, situada na Base Naval de Aratu, no município de Simões Filho/BA. O evento, previsto para ter início às 14h, na sede do órgão em Salvador, dá seguimento às negociações para a demarcação do território iniciadas na audiência pública realizada pelo MPF em outubro de 2013.

Por parte do MPF, participam da reunião o procurador Regional dos Direitos do Cidadão Leandro Bastos Nunes, que acompanha o caso na Bahia, e o procurador da República Walter Claudius, da 6ª Câmara de Coordenação e Revisão. Além dos representantes da comunidade e do chefe do gabinete do ministro da Defesa, Antônio Thomaz Lessa, a reunião deverá contar com a presença de representantes da Secretaria Estadual de Promoção da Igualdade Racial, da Secretaria Nacional de Articulação Social da Presidência da República, da Associação dos Advogados dos Trabalhadores Rurais, da Defensoria Pública da União e da Marinha.

6ª CCR – A 6ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF é um órgão setorial de coordenação, de integração e de revisão do exercício funcional dos Procuradores da República, nos temas relativos aos povos indígenas e outras minorias étnicas.

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