Carta Final da Marcha dos Povos da Cabruca e da Mata Atlântica “Em defesa das terras sagradas dos Tupinambá”

marcha

Alimentados pela energia que brota do solo sagrado do povo Tupinambá e orientados pelos seus Encantados que habitam a enorme e mística serra que protege a Aldeia da Serra do Padeiro, os cerca de 400 participantes representando mais de 40 Entidades do Brasil, America Latina e Europa, presentes na Marcha dos Povos da Cabruca e da Mata Atlântica, que teve como tema Em defesa das terras sagradas dos Tupinambá, realizada no período de 14 a 16 de março de 2014, aprendemos com o povo Tupinambá que é preciso “resistir para existir”. Portanto subscrevemos esta carta e para tanto:

Reafirmamos:

  • E continuamos assumindo os compromissos das jornadas agroecológicas da Bahia;
  •  O desejo da ampliação da Teia de Agroecológia como espaço de lutas conjuntas e de solidariedade entre campo e cidade;

Repudiamos:

  • A postura mais uma vez de submissão do governo brasileiro e do governo do estado da Bahia ao agro e hidro-negócio, à Bancada Ruralista e à Confederação Nacional da Agricultura, através da não regularização das terras indígenas, quilombolas e impedindo reforma agrária. Comercializando a biodiversidade, em especial a terra e água, elementos sagrados para os povos tradicionais e originais, em simples mercadoria ou moeda de troca para seus interesses;  (mais…)

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Ação do Bope leva a novas mortes no Complexo do Alemão, e favelas se mobilizam para Ato Público conjunto

BopeCombate Racismo Ambiental*

Pela segunda vez este ano, na madrugada desta última sexta para o sábado (15 de março), o Bope subiu uma das comunidades mais tradicionais do Complexo do Alemão e executou alguns jovens negros e favelados. Ainda não há informações detalhadas sobre o caso, inclusive o número de mortos, em consequência da comoção e do medo instalado na comunidade. Mas sabe-se que, além das mortes, motos foram queimadas pela ‘tropa de elite’ da PM. Não foram apreendidas para averiguação e/ou devolução aos donos (se é que foram roubadas), mas queimadas, na madrugada de terror! 

Só este ano, mais de dez jovens morreram em três ‘operações’ policiais na região. E, como da primeira vez, em janeiro, mais uma vez nada foi noticiado, nada foi notificado. Ao contrário, nessa mesma sexta, a Assessoria de Imprensa do governo Cabral-Beltrame publicou uma nota repercutida acriticamente por toda a chamada ‘grande’ imprensa, inclusive na capa do caderno Rio de O Globo deste sábado: ‘Bope reforça pacificação no Alemão’…

Como pode uma tropa treinada com ‘licença’ para matar’ reforçar a ‘pacificação’? Os números de mortes ‘em confrontos’ (homicídios) em favelas da região metropolitana do RJ em 2013 e já em 2014 demonstram o caráter genocida e de controle militarizado das UPPs, ao mesmo tempo que desmentem a farsa da ‘pacificação’.

 Tudo isso fez com que, ontem mesmo, acontecesse uma mobilização das favelas. E, na Assembleia Popular, foram tiradas as seguintes propostas: (mais…)

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Infância banida

Foto: Arquivo do SNI
Foto: Arquivo do SNI

Arquivo fotográfico do Serviço Nacional de Informações, órgão de segurança da ditadura, mostra como regime qualificou de “subversivos” e mandou para fora do país crianças de menos de dez anos

Por Plínio Fraga, em Nos porões da ditadura, uma flor

O carro de som estacionado à porta de um dos prédios públicos no Setor de Indústrias Gráficas, em Brasília, tocava uma canção brega de Lindomar Castilho. Em agosto passado, os servidores públicos federais estavam no terceiro mês de greve e, como forma de persuadir os companheiros a engrossar o movimento, executavam diariamente a mesma música de Lindomar, com o refrão “Você é doida demais”, em volume alto, muito alto, torturante.

Tortura foi o que trouxe movimento nos últimos meses à quase sempre pacata sede do Arquivo Nacional. Fotos e documentos tornados públicos em razão da nova Lei de Acesso à Informação, em vigor desde julho, foram colocados à disposição do público. São mais de 15 mil imagens e milhares de relatórios produzidos pelos órgãos dos serviços nacionais de espionagem tirados dos porões e agora expostos à luz. (mais…)

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Reflexões sobre um golpe em nossa história

Comício pelas Diretas Já na Praça da Sé, em São Paulo, 25 de janeiro de 1984: a aliança que permitiu a redemocratização se esfacelou. Foto: Maurício Simonetti
Comício pelas Diretas Já na Praça da Sé, em São Paulo, 25 de janeiro de 1984: a aliança que permitiu a redemocratização se esfacelou. Foto: Maurício Simonetti/Pulsar Imagens

Não podemos voltar no tempo e apagar o erro de 50 anos atrás. Mas podemos evitar que ele se repita. A defesa do regime democrático deve estar em primeiro lugar na lista das prioridades nacionais

Por Mauro Satayana, em Rede Brasil Atual

A arquitetura das pirâmides e os guerreiros de terracota do primeiro imperador da China são evidências de que, desde a antiguidade, a ideia de vencer a morte – e se deslocar no tempo – sempre fascinou o espírito humano. Seria ótimo se pudéssemos – como descrito no livro The Time Machine, de H.G. Wells (de 1895) – também voltar ao passado e corrigir nossos erros, para garantir uma vida melhor no presente ou no mais remoto futuro. A ciência moderna tem desmentido essa possibilidade. Há, no entanto, outras maneiras de estabelecer pontes entre antes e agora, sem o recurso a outras dimensões, como hipotéticos “buracos de minhoca” ou “dobras” no espaço-tempo einsteiniano.

A História, por exemplo, mescla, com naturalidade e ironia, o passado e o presente, e, bruxa ou fada, surpreende e enfeitiça, burlando-se dos sonhos, esperanças, desventuras, dos indivíduos, povos e nações, que participam da caminhada desta nossa pobre espécie em sua ingente jornada para o futuro. (mais…)

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Impactos do golpe de 64

Em pé, da esq. para a dir., Ariston Oliveira Lucena, Gilberto Luciano Beloque, Paulo de Tarso Vannuchi, José Genoino Neto e Manoel Cyrillo de Oliveira Netto; sentados, Ozeas Duarte de Oliveira, Aton Fon Filho, Reinaldo Morano Filho, Celso Antunes Horta e Hamilton Pereira da Silva. A foto foi tirada por Reynaldo Morano, pai do autor do texto, em 1975, no pátio do Presídio Político do Barro Branco, em São Paulo
Em pé, da esq. para a dir., Ariston Oliveira Lucena, Gilberto Luciano Beloque, Paulo de Tarso Vannuchi, José Genoino Neto e Manoel Cyrillo de Oliveira Netto; sentados, Ozeas Duarte de Oliveira, Aton Fon Filho, Reinaldo Morano Filho, Celso Antunes Horta e Hamilton Pereira da Silva. A foto foi tirada por Reynaldo Morano, pai do autor do texto, em 1975, no pátio do Presídio Político do Barro Branco, em São Paulo

Em um sábado de visitas na Casa de Detenção, desci para o pátio e não encontrei minha mãe. Ela estava escondida, chorando. Esta ferida eu guardo para sempre

Por Reinaldo Morano Filho, em Carta Capital

Foi uma cena daquelas que nunca somem da memória: a “marcha da família com Deus pela liberdade” na Taquaritinga dos idos de 1964. Era meados de abril e, por isso, uma espécie de “marcha da vitória” dos golpistas – e não como as de São Paulo e Rio, por exemplo, durante a conspiração para a derrubada do presidente João Goulart.

Foi no começo da noite e eu assisti em pé, num canto mais escondido da calçada, dois quarteirões acima da casa da família e estúdio de fotografia do meu pai, na Rua do Comércio, a principal da cidade. Eu tinha 18 anos e, naquela hora, o coração em um grande aperto. (mais…)

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Comissão da Verdade quer responsabilizar empresas que colaboraram com a ditadura

Rosa Cardoso e Ivan Seixas se reuniram com pesquisadores
Rosa Cardoso e Ivan Seixas se reuniram com pesquisadores

Setor privado preparou terreno para o golpe de 1964 e se beneficiou o regime militar

Por Marsílea Gombata , em Carta Capital

A Comissão Nacional da Verdade (CNV) quer responsabilizar empresas que financiaram a repressão durante o período do regime militar no Brasil (1964-1985). Em reunião do grupo de trabalho “Ditadura e repressão aos trabalhadores e ao movimento sindical” com pesquisadores sobre o envolvimento do empresariado brasileiro com o regime militar, neste sábado 15, a advogada Rosa Cardoso, membro da CNV, afirmou que o apoio dado por grupos do setor privado ao golpe deve se fazer conhecido.

“Devemos fazer uma responsabilização institucional em relação às empresas que apoiaram a ditadura. Assim, conseguimos mostrar que tratou-se de um golpe civil militar e não apenas militar, uma vez que foi construído por toda uma classe empresarial”, disse Rosa sobre o apoio também de grupos multinacionais que se viam em situação de risco nos governos que antecederam o regime militar, como o de João Goulart. (mais…)

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Presidência desapropria terras em Rondela, Bahia, para a Comunidade Indígena Tuxá

Socializado por Ricardo Verdun, com o comentário: “Segundo manifestação dos diretamente interessados (os Tuxá), foi uma ato positivo. Resta saber como fazer com que ele saia do papel o mais breve possível e seja sustentável. Ao que parece eles estão se mobilizando nesse sentido. A nós, cabe apoiá-los no que for possível. É isso o que o meu conhecimento atual do caso me permite dizer com certa segurança”.

Constituição Demarcação Já

DECRETO DE 13 DE MARÇO DE 2014
Presidência da República / Casa Civil / Subchefia para Assuntos Jurídicos

Declara de interesse social, para fins de desapropriação, o imóvel rural que menciona, destinado a assentar famílias da Comunidade Indígena Tuxá de Rodelas, no Município de Rodelas, Estado da Bahia.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, caput, inciso IV, da Constituição, tendo em vista o disposto no art. 2º, caput, inciso III, da Lei nº 4.132, de 10 de setembro de 1962, e de acordo com o que consta no Processo nº 08620.008802/2013-03, da Fundação Nacional do Índio – FUNAI, (mais…)

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Restos mortais de Rubens Paiva foram jogados ao mar, conta coronel

Terra

Às vésperas do Ministério Público Federal (MPF) denunciar os agentes do regime envolvidos na morte do ex-deputado Rubens Paiva, ocorrida entre os dias 20 e 22 de janeiro de 1971, um coronel reformado, de 76 anos, afasta as dúvidas que restavam acerca do destino do ex-deputado. “Ele saiu para o mar”, garantiu o oficial em entrevista ao jornal O Globo. Segundo ele, recebeu a missão ao baixar à Seção de Operações do Centro de Informações do Exército (CIE), acostumado, como ele diz, a “consertar cagadas” de militares de outros órgãos da repressão. A ordem de dar um fim definitivo a um corpo enterrado dois anos antes nas areias do Recreio dos Bandeirantes veio do “gabinete do ministro”, em 1973. “Pelo estado do corpo, não posso dizer de quem era, nem cabia a mim identificá-lo. Mas o nome que ouvi foi o de Rubens Paiva”, recorda-se. (mais…)

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Paulina Chiziane: O ato de colonizar está na mente

Paulina Chiziane

Ela é a primeira mulher a lançar um romance em Moçambique; na juventude foi militante do Partido Frelimo, que lutou pela independência do país; é atuante no movimento feminista do país; e possui uma espiritualidade marcante. Ela é Paulina Chiziane

Por Douglas Freitas e Marcelo Hailer, da Bastião, na Fórum

Tambores vibram no palco da maior universidade privada de Moçambique. Sentada entre os sete músicos, Paulina Chiziane entoa um cântico evocando os espíritos dos ex-presidentes Eduardo Mondlane e Samora Machel. A música tem a intenção de convocar o passado para convencer os governantes atuais a firmar a paz no presente.

Em um país extremamente formal, batucar dentro de uma instituição é uma quebra de tabu. Na verdade, lançar o livro “Por que vibram os tambores do além”, que conta a história do curandeiro Rasta Pita, dá sequência a uma série de rompimentos de paradigmas que Paulina acumula.

Ela é a primeira mulher a lançar um romance em Moçambique (Balada de amor ao vento, publicado em 1990); na juventude foi militante do Partido Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique, partido de esquerda que lutou pela independência do país); é atuante no movimento feminista do país; e possui uma espiritualidade marcante. Por alguns, é chamada de radical. “As pessoas não estão habituadas a questionar. Quando alguém questiona, dizem logo que é radical”, rebate ela, sem fazer muito caso. (mais…)

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