De acordo com representantes da comunidade, com a chegada dos indígenas começaram os transtornos e conflitos, uma vez que a reserva é uma área muito cobiçada por posseiros e fazendeiros
Texto e fotos: Nilson Lages – Diário Popular
AÇUCENA – A comunidade Gerú Tucumã Pataxó localizada no Parque Estadual do Rio Corrente na Cidade de Açucena vive um clima de tensão por causa de conflitos com posseiros e fazendeiros da região. A etnia Pataxó chegou na reserva em 23 de junho de 2010, com aproximadamente 80 pessoas, 17 famílias, entre crianças, adolescentes, adultos e idosos, todos em busca de uma vida melhor em prol do fortalecimento da cultura Pataxó, como cantos, dança, história, língua e a agricultura sustentável.
De acordo com representantes da comunidade, com a chegada dos indígenas começaram os transtornos e conflitos, uma vez que a reserva é uma área muito cobiçada por posseiros e fazendeiros.
Atualmente, dentro da reserva existe uma grande área desmatada para formação de pastagem, árvores centenárias sendo derrubadas para dar lugar ao plantio do capim da espécie braquiária, para fins de pastagem. Além disso, as principais nascentes de água estão sendo invadidas por gados e búfalos.
Em quase quatro anos após a chegada dos Pataxós na reserva, grande parte da área foi reflorestada por eles e várias nascentes foram restabelecidas. Porém, os problemas aumentam cada dia mais com os posseiros e fazendeiros.
Somente nos últimos 6 meses foram registradas várias ameaças, incêndios criminosos, bloqueio das passagens e estradas com toras de madeiras, destruição de pontes e até tentativa de homicídio. Um índio Pataxó foi alvejado por um tiro e outro foi alvo de dois disparos em sua direção. Os indígenas denunciam ainda que pessoas desconhecidas e armadas invadem a aldeia e fazem ameaças frequentes aos estudantes da Escola Estadual Cristiano Machado, em Felicina, distrito de Açucena.
Segundo eles, tudo isto vem acontecendo devido à falta da liberação e demarcação das terras por parte do IEF (Instituto Estadual de Florestas). Toda a aldeia vive em condições precárias, sem energia elétrica, saneamento básico, sistema de saúde; a escola primária usada para o ensino fundamental e da cultura Pataxó funciona em situação precária.
Em contato com o IEF para saber situação da demarcação de terra, a informação é de que a situação já foi discutida entre a comunidade indígena, Ministério Público de Açucena, a Procuradoria de Ipatinga e as Diretorias Geral e de Áreas Protegidas do Instituto Estadual de Florestas.