O Pôr-do-sol parecia não fazer diferença naquele dia. Todos os pensamentos na aldeia estavam voltados para o medo e a incerteza. No olhar das crianças, nos movimentos do ancião indígena que estava assando a farinha de mandioca um pouco mais longe dali, e nas palavras do Ivanildo.
“Cley, é seu nome, né? Eu não entendo. Eu não entendo por quê estão fazendo isso contra o meu povo.” Ivanildo Tenharim, Liderannça indígena ameaçado de morte por madeireiros, tinha os olhos marejados quando disse. E eu percebi naquele momento que para eles, as ações praticadas na última semana por fazendeiros e madeireiros, era algo que não podia ser entendido.
Vários indígenas começaram a chegar perto de mim e começaram a ouvir o que o Ivanildo me contava. Notei que alguns tinham a cabeça cabisbaixa e como em luto outros olhavam o horizonte. O mesmo horizonte que dois dias atrás havia sido palco de uma das mais violentas ações contra os indígenas, Tenharim e Jiahui no Sul do Amazonas, nos últimos 20 anos. (mais…)