Rasga-se de uma vez a Constituição? “Áreas indígenas dependerão de consulta a nove ministros”

Constituição Demarcação JáPor Marina Dias, na Folha/UOL

As mudanças que o governo quer fazer nas regras para demarcação de terras indígenas no país submetem a criação de novas áreas à avaliação de nove ministérios, reduzindo o controle que a Funai (Fundação Nacional do Índio) tem sobre o processo.

O assunto está em debate no governo desde o ano passado e agora parece estar perto de uma definição. Uma portaria com alterações no decreto que regulamenta a questão desde 1996 foi submetida pelo Ministério da Justiça a consultas e pode ser publicada nos próximos meses.

Se for mantida como está, a portaria obrigará a Funai a ouvir outros órgãos sempre que quiser demarcar ou ampliar terras para uso exclusivo de comunidades indígenas. Se não houver acordo entre eles, caberá ao Ministério da Justiça o papel de mediador.

No início de dezembro, o documento foi enviado para consulta de entidades indigenistas, órgãos do governo e associações de produtores rurais. O Ministério da Justiça promete oficinas para discutir as mudanças com índios, parlamentares e fazendeiros.

“O resultado da portaria veio do debate com vários órgãos que serão novamente ouvidos”, disse à Folha o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. “Poderemos incorporar sugestões e, em seguida, publicaremos a portaria.” (mais…)

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Cacique Domiceno: “Estamos sendo tratados como bandidos, mas somos seres humanos, temos raciocínio” (*)

Indios na aldeia Marmelo - Foto Avener Prado (Folhapress)
Indios na aldeia Marmelo – Foto Avener Prado (Folhapress)

Hipótese de assassinato de líder indígena alimentou conflito étnico na região. Família de tenharim morto diz, contudo, que não acredita em homicídio porque viu que ‘ele caiu da moto’

Por Fabiano Maisonnave, enviando especial à T.I. Tenharim, na Folha

Acostumada ao ritmo lento da vida amazônica, a índia Telma Tenharim, 45, no intervalo de um mês, perdeu o marido, foi obrigada a se refugiar no quartel de Humaitá por seis dias para não ser linchada, teve a aldeia atacada por vândalos e agora vê parentes e amigos serem tratados como suspeitos de assassinato.

“Só queríamos viver o luto familiar em paz”, disse, com lágrimas nos olhos, Gilvan, 24, filho de Telma e do cacique Ivan, 55, encontrado desacordado ao lado da sua moto no dia 2 de junho, na rodovia Transamazônica, a 20 km de sua aldeia, Kampinhu’hu, com 65 moradores. (mais…)

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