PA – Conflito entre quilombolas e fazendeiro pode acabar em tragédia

Yanes Ribeiro (foto), presidente dos quilombolas, teme por uma chacina na área

Por: Carlos Cruz

Na região do Pacoval, distrito pertencente ao município de Alenquer, região Oeste do Pará, a situação promete transformar o pacato vilarejo em cenário permanente de guerra civil. Tudo porque um fazendeiro conhecido por Macário resolveu ser dono e senhor do lugar, conhecido por Macupixi. Ele construiu uma barragem, que está prejudicando os moradores da região e também o rio Curuá, que está sofrendo assoreamento.

O fazendeiro Macário é grande produtor de açaí em suas terras. Por conta da grande demanda de sua produção, que serve inclusive para exportação, ele resolveu agir como nos tempos antigos, como senhor feudal. E sem dar satisfações a ninguém, resolveu expandir seus domínios e, além de invadir terras de quilombolas, no Pacoval, se apropriou das terras dos ribeirinhos que moram na região.

Barragem

Mesmo irregular em suas ambições, Macário resolveu construir uma barragem nas terras onde ergueu sua fazenda, que na verdade fazem parte de um assentamento do Incra, segundo as lideranças quilombolas. Estivemos em contato com o presidente da Associação Quilombola do Pacoval, Yanes da Silva Ribeiro. Ele disse ainda que ao todo moram duas mil famílias na área do quilombo do Pacoval. Sem falar de 800 famílias ribeirinhas que habitam em áreas próximas. A construção da barragem é o alvo dos ribeirinhos, que prometem derrubá-la. Para impedir a derrubada da barragem, o fazendeiro Macário contratou uma legião de mercenários que estão fortemente armados.

Polícia Federal está na área

O Ministério Público Federal foi acionado, a Polícia Federal também. “Em todos esses momentos, pedimos proteção aos quilombos do Pacoval”, revelou o líder quilombola. “Existem indícios fortes de que o fazendeiro e seus comparsas estão recrutando um exército particular, com elementos de caráter duvidoso para fazer enfrentamento aos ribeirinhos”, disse. A decisão judicial foi feita em Santarém, onde os ribeirinhos foram contemplados com a derrubada imediata da barragem, mas os fazendeiros, liderados por Mácario, resolveram enfrentar a decisão da justiça e os moradores do local. “Eles querem o enfrentamento, mas nós não queremos briga com ninguém”, disse por telefone à nossa equipe, a secretária da Associação Negros do Pacoval, Telma Luz Ramos Pinheiro.

Um delegado da Polícia Federal, juntamente com cinco agentes, vieram direto de Brasília e na quarta-feira à tarde se deslocaram para a região, para verificar in loco a extensão do conflito, pois a região pode se transformar em praça de guerra, com banho de sangue, matando quilombolas e ribeirinhos inocentes, que lutam pela defesa de suas terras. Até o fechamento desta edição ainda não tínhamos informações sobre o caso.

http://www.oimpacto.com.br/jornal-o-impacto/conflito-entre-quilombolas-e-fazendeiro-pode-acabar-em-tragedia/

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