Tensão crescente em Marãiwatsédé. Delegacia de Polícia é incendiada

A cada instante que se passa o clima na Fazenda Suyá Missú, que integra a Terra Indígena Marãiwatsédé, no município de Alto da Boa Vista, se torna mais tenso. No início da noite desta sexta-feira, 16,  a Delegacia de Polícia Civil do distrito de Posto da Mata foi incendiada por posseiros. insatisfeito com a decisão da Justiça Federal em retirá-los da área. A desocupação deve acontecer no dia 6 de dezembro. Os posseiros já disseram que vão resistir.

No protesto dos moradores e produtores, a delegacia ficou praticamente destruída. Não havia ninguém no local no momento em que o prédio foi incendiado – portanto, sem feridos.

O local está sendo comparado a um barril de pólvora. Pela manhã,  um carro da Polícia Rodoviária Federal foi tombado por moradores após um homem não identificado passar e ter sido impedido de deixar o distrito pela Força Nacional.

As três saídas do distrito de Posto da Mata estão bloqueadas  por homens do Exército fortemente armados. O helicóptero do Exercito desde o início da manhã faz voos rasantes no distrito, segundo a Associação dos Produtores e Moradores de Suya Missu. Os moradores estão desesperados e sem saber o que fazer. “É uma vergonha cidadãos serem tratados como bandidos policia pra todo lado, agora fechando as brs, como pode uma situação dessa” – disse Solange Aparecida da Silva. “Isso é totalmente desnecessário” – acrescentou Letícia Mendes. 

O prazo de 30 dias, dado em notificação pela Justiça Federal para os produtores e moradores deixarem a área, está correndo. O coordenador-geral de Movimentos do Campo e Territórios da Secretaria-Geral da Presidência da República, Nilton Tubino, está acompanhando o processo in loco.

A desocupação da terra xavante tem sido objeto de uma longa batalha jurídica, que começou em 1995, quando a área foi ocupada por produtores rurais. A demarcação da terra indígena foi homologada em 1998 e, desde então, os índios xavantes, que a ocupavam tradicionalmente e foram expulsos na década de 60, tentam retomar o local.

A terra indígena Marãiwatsédé ocupa uma área de 165 mil hectares, espalhada pelos municípios de Alto Boa Vista, Bom Jesus do Araguaia e São Félix do Araguaia, no norte de Mato Grosso.

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