RJ – Museu do Índio: DPU sugere que Cabral pressionou presidente do TRF-2

Foto: Vítor Silva/Jornal do Brasil

Defensor Daniel Macedo sugere que desembargadora Maria Helena Cisne sofreu influência

O defensor Daniel Macedo, titular do 2º Ofício de Direitos Humanos e Tutela Coletiva da Defensoria Pública da União (DPU), criticou a decisão, classificada como “lacunosa e obscura”, da desembargadora Maria Helena Cisne, presidente do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), de cassar as liminares que garantiam a permanência dos índios que habitam o antigo Museu do Índio, no Maracanã, e a integridade do prédio.

O defensor deu a entender que a decisão monocrática da magistrada foi fruto de pressão por parte do governo do estado, indo na mesma direção do cacique Carlos Tukano, que afirma ter visto Maria Helena Cisne recebendo uma ligação de Cabral durante a reunião que ele  teve com os índios e seus representantes na sexta-feira, dia 9:

“Não sei se existe pressão por trás disso. Na minha ingenuidade quero crer que não houve”, afirmou Macedo. (mais…)

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PE – VIª Marcha dos Terreiros na Luta contra o Racismo e a Intolerância Religiosa

Nota do Movimento Quilombo Raça e Classe

Em uma conjuntura em que se acirram as diferenças de classe impulsionadas por uma das maiores crises globais do capitalismo, assistimos revoltados, o crescimento de uma pratica que até pouco tempo se pensava (ou se disfarçava) que aqui no Brasil não existia: a intolerância religiosa.

No nosso país, onde a elite branca se utilizou de outras armas (como a “teoria do embranquecimento, no século 19, e o “mito da democracia racial”, no século 20), nunca houve uma legislação abertamente segregacionista, apesar da cotidiana prática do racismo.

Entendia-se que o Brasil não seria atingido por essa demonstração de fundamentalismo porque somos os ícones da democracia racial, onde todos e todas são livres e não há discriminação por causa da cor da pele ou porque nosso país em sua constituição se coloca como um país laico. (mais…)

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Direto do Facebook: “[Os índios] só fazem um filho atrás do outro para obterem mais dinheiro do governo…”

A fotomontagem e o diálogo que repito abaixo, pois na foto acima fica difícil de ler, estão numa parte pública do Facebook, acessáveis por quem o quiser. Como não sei se as pessoas para quem a mensagem foi enviada compartilham das mesmas ideias, retiro seus nomes da cópia abaixo, assim como os links de todas as pessoas, inclusive o da autora. Mas  eles estão presentes na página em questão, que pode ser acessada clicando AQUI.

Dxxx Fxxxxxxxxx – Acabei de criar essa montagem, compartilhem em seus murais e vamos multiplicar esse protesto para impedir a ocupação indígena de nossas terras! [nomes cortados]

Mxxxxxxx Dxx Axxxx – Dudu???? nossas terras???? as terras sempre foram dos indios neh!!!

Sexta às 14:36

Dxxx Fxxxxxxxxx – Não Muka, existem documentos que comprovam que essas terras foram compradas anos atrás de uma maneira legal, só que meia duzia de merda de indios querem as terras de volta, e isso não só as do meu pai, como a de mais uns quantos agricultores, os índios se dizem tão humildes de dependentes da vida perto da natureza, mas eles tem carro, energia elétrica, fazem alguns artesanatos para sobreviver, não plantam (então querem o que das terras?), ganham ajuda do governo e só fazem um filho atrás do outro para obterem mais dinheiro do governo… Sexta às 17:39 · 1

 Mxxxxxxx Dxx Axxxx – entendi Dudu….rsrsrs
Sexta às 17:49 · 1

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“Impressões de uma visita a Gaza”, por Noam Chomsky

Na Faixa de Gaza, a área de maior densidade populacional do planeta, um milhão e meio de pessoas estão constantemente sujeitas a eventuais e amiúde ferozes e arbitrárias punições, cujo propósito não é senão humilhar e rebaixar a população palestina e ulteriormente garantir tanto o esmagamento das esperanças de um futuro decente quanto a nulidade do vasto apoio internacional para um acordo diplomático que sancione o direito a essas esperanças. O artigo é de Noam Chomsky.

Uma noite encarcerado é o bastante para que se conheça o sabor de estar sob total controle de uma força externa. E dificilmente demora mais de um dia em Gaza para que se comece a perceber como é tentar sobreviver na maior prisão a céu aberto do mundo. Na Faixa de Gaza, a área de maior densidade populacional do planeta, um milhão e meio de pessoas estão constantemente sujeitas a eventuais e amiúde ferozes e arbitrárias punições, cujo propósito não é senão humilhar e rebaixar a população palestina e ulteriormente garantir tanto o esmagamento das esperanças de um futuro decente quanto a nulidade do vasto apoio internacional para um acordo diplomático que sancione o direito a essas esperanças.

O comprometimento a isso por parte das lideranças políticas israelenses foi ilustrado expressivamente nos últimos dias, quando eles advertiram que ‘enlouqueceriam’ se os direitos palestinos fossem reconhecidos, mesmo que limitadamente pela ONU. Essa postura não é nova. A ameaça de ‘enlouquecer’ (‘nishtagea’) tem raízes profundas, lá nos governos trabalhistas dos anos 1950 e em seus respectivos “complexos de Sansão”: “se nos contrariarem, implodimos as paredes do Templo à nossa volta”. À época, essa ameaça era inútil; hoje não é mais.

A humilhação deliberada também não é nova, apesar de adquirir novas formas constantemente. Há trinta anos, líderes políticos, inclusive alguns dos mais notórios ‘falcões’ (sionistas mais conservadores), apresentaram ao primeiro-ministro um relato detalhado de como colonos regularmente violavam palestinos da forma mais vil e com total impunidade. A proeminente analista Yoram Peri notou com repugnância que a tarefa do exército não é a de defender o Estado, mas de “acabar com os direitos de pessoas inocentes somente porque são araboushim (uma ofensa racial) vivendo numa terra que Deus nos prometeu”. (mais…)

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Ótima! “Kátia, a antropóloga, criadora da Abreugrafia”, por José Ribamar Bessa Freire

Nelson Rodrigues só se deslumbrou com “a psicóloga da PUC” porque não conheceu “a antropóloga da Folha“. Mas ela existe. É a Kátia Abreu. É ela quem diz aos leitores da Folha de São Paulo, com muita autoridade, quem é índio no Brasil. É ela quem religiosamente, todos os sábados, em sua coluna, nos explica como vivem os “nossos aborígenes“. É ela quem nos ensina sobre a organização social, a distribuição espacial e o modo de viver deles.

Podeis obtemperar que o caderno Mercado, onde a coluna é publicada, não é lugar adequado para esse tipo de reflexão e eu vos respondo que não é pecado se aproveitar das brechas da mídia. Mesmo dentro do mercado, a autora conseguiu discorrer sobre a temática indígena, não se intimidou nem sequer diante de algo tão complexo como a estrutura de parentesco e teorizou sobre “aborigenidade”, ou seja, a identidade dos “silvícolas” que constitui o foco central de sua  – digamos assim – linha de pesquisa.

A maior contribuição da antropóloga da Folha talvez tenha sido justamente a recuperação que fez de categorias como “sílvicola” e “aborígene”, muito usadas no período colonial, mas lamentavelmente já esquecidas por seus colegas de ofício. Desencavá-las foi um trabalho de arqueologia num sambaqui conceitual, que demonstrou, afinal, que um conceito nunca morre, permanece como a bela adormecida à espera de alguém que o desperte com um beijo. Não precisa nem reciclá-lo. Foi o que Kátia Abreu fez.

Com tal ferramenta inovadora, ela estabeleceu as linhas de uma nova política indigenista, depois de fulminar e demolir aquilo que chama de “antropologia imóvel” que seria praticada pela Funai. Sua abordagem vai além do estudo sobre a relação observador-observado na pesquisa antropológica, não se limitando a ver como índios observam antropólogos, mas como quem está de fora observa os antropólogos sendo observados pelos índios. Não sei se me faço entender. Mas em inglês seria algo assim como Observing Observers Observed.   (mais…)

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“Belo Monte. Um depoimento. Entrevista especial com Ignez Wenzel”

Ao descrever os bastidores da construção da hidrelétrica no rio Xingu, a religiosa lamenta ao reconhecer que “não existe lei, não existe Constituição. O político nos domina e não temos ação contra ele”. Confira a entrevista.

Saída de Porto Alegre há 35 anos, a irmã Ignez Wenzel deixou as atividades que desenvolvia no Colégio São João para abraçar a causa dos colonos que migraram para o Pará em função da construção da Rodovia Transamazônica (BR-230). Hoje vive emAltamira-PA, e está engajada com o Movimento Xingu Vivo para Sempre na luta contra a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte.

Em visita ao Rio Grande do Sul, irmã Ignez recebeu a IHU On-Line, onde concedeu a entrevista a seguir. Ela percebe que “no Sul nem sempre chegam as notícias verdadeiras acerca do que acontece no Pará, porque elas ficam ‘blindadas’ em Belém. Até em Altamira as notícias não são publicadas em todos os meios de comunicação, porque alguns veículos estão conchavados com a empresa Norte Energia. Temos mais respaldo da mídia internacional”.

Ao relatar o conturbado cenário que envolve o Consórcio Norte Energia, grupo formado por diversas empresas envolvidas na construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, no Pará, irmã Ignez, visivelmente emocionada e sensibilizada com a situação, afirma que a Norte Energia prometeu casas para todos que seriam atingidos pela obra, mas agora avisaram que os atingidos não receberão novas casas, mas sim pré-moldadas. “Isso é horrível por causa do clima; dentro das casas fará 40º”. (mais…)

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25 de novembro: Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra a Mulher

O dia 25 de novembro foi instituído pela Assembleia Geral da ONU como o Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra a Mulher. Todos os anos desde 1999, governos, organizações não governamentais e instituições outras promovem neste dia atividades de sensibilização sobre o problema da violência contra a mulher, que atinge mais da metade da população mundial sem distinção de cor, raça e classe social. A informação é publicada pelo Instituto Maria da Penha, e reproduzida por Adital,  23-11-2012.

É importante colocar que não só as mulheres, mas a maioria dos homens tem se posicionado e contribuído em favor da efetividade da Lei Maria da Penha, preocupados que estão em garantir um futuro sem violência para suas descendentes. Porém é imperioso que os gestores públicos, de forma maciça, invistam na criação das políticas públicas imprescindíveis (Delegacias da Mulher, Centros de Referencia, Casas Abrigo e Juizados da Violência Doméstica) para fazer a lei sair do papel e funcionar de verdade.

Afinal, porque tanta resistência quando a principal finalidade da Lei 11340 não é a de punir homens, mas punir o homem agressor que por não saber tratar sua mulher como pessoa humana pratica atos que ferem o seu desenvolvimento, autoestima, integridade e dignidade?

É importante que os gestores públicos que resistem em enfrentar a violência doméstica atentem que esse tipo de violência também contribui para o aumento da violência urbana, pois antecipa o desejo dos filhos saírem de casa, levando-os a situação de rua e conseqüentemente ao alcoolismo, drogadição, prostituição e delinquência. Como desejar uma cultura de paz no mundo se nós não a temos nem dentro de nossas próprias casas? (mais…)

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