Comissão investiga crimes contra povos indígenas cometidos na Guerrilha do Araguaia

A Comissão Nacional da Verdade esteve em missão nesta sexta-feira (16) em São Domingos do Araguaia, no sudeste do Pará. O objetivo foi a instalação da Comissão da Verdade Suruí, da Terra Indígena Sororó, da etnia Aikewara, também conhecida como Suruí do Pará. Em audiência pública, os indígenas requereram reparos aos danos sofridos durante o período do regime militar.

O grupo de trabalho que vai investigar crimes de tortura, morte e ocultação de cadáver relacionados especificamente a indígenas e camponeses cometidos durante a Guerrilha do Araguaia, entre as décadas de 1960 e 1970. A apuração dos casos foi instituída a partir de uma resolução publicada no Diário Oficial da União também nesta sexta-feira (16).

De acordo com Sezostrys Alves da Costa, membro do Grupo de Trabalho Araguaia (GTA), da CNV, e presidente da Associação dos Torturados na Guerrilha do Araguaia (ATGA), 14 índios foram recrutados pelo exército para servir e a Terra Indígena foi transformada em base militar. “Agora eles querem reconstituir a história. Foram colhidos depoimentos e instalada a Comissão”, diz.

Os depoimentos dos 13 índios que estão vivos foi feito por meio de tradução de outros indígenas mais novos, que já tiveram contato com a língua portuguesa. “Essa questão indígena é pouco relatada, quase não há registros da participação de índios na ditadura, e eles também foram perseguidos”, relata Sezostrys. “Eles querem a reparação pelas torturas física e psicológica que sofreram, pela perseguição e pela liberdade que foi cerceada”, diz o membro do GTA.

A questão indígena foi descoberta em outubro deste ano, quando a presidente da CNV, Maria Rita Khel, esteve em São Domingos do Araguaia para uma reunião do GTA.

Ainda como missão, a CNV realizará, neste sábado (17) a partir das 15h (horário local), uma audiência pública na Câmara Municipal de Marabá, no sudeste do Pará. A comissão vai ouvir relatos de camponeses que sofreram repressão e perseguição do regime.

Já no domingo (18), o grupo irá ouvir depoimentos de três ex-soldados que atuaram na repressão a militantes de esquerda e de pessoas contrárias ao regime no Araguaia. Esses depoimentos podem ajudar a esclarecer como funcionava a organização militar, quais eram as estruturas e quais ordens eram enviadas a essa parte do Brasil durante a época da repressão.

Comissão Nacional da Verdade

A comissão foi instalada 16 de março deste ano e tem a missão de apurar violações aos direitos humanos ocorridas no período entre 1946 e 1988, que inclui a ditadura (1964-1985). A comissão terá prazo de dois anos.

G1 tenta contato com membros da Comissão Nacional da Verdade.

http://g1.globo.com/pa/para/noticia/2012/11/comissao-investiga-crimes-cometidos-na-guerrilha-do-araguaia.html

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