Integração regional, drogas, exploração de madeira e petróleo ameaçam índios isolados no Acre

Gilberto Costa, Repórter da Agência Brasil

Brasília – Os projetos desenvolvimentistas de integração viária até o Oceano Pacífico, a exploração de madeira e a extração de petróleo no Peru e o tráfico de drogas pressionam índios isolados no Acre, aponta o Conselho Indigenista Missionário (Cimi). Há o temor de que o impacto dessas atividades possa afetar a população de indígenas ainda não contatados da região, seja pela contaminação por doenças infectocontagiosas ou em função de conflitos por terra.

Segundo Lindomar Dias Padilha, do Cimi Regional Amazônia Ocidental, esse é o caso dos índios localizados, mas ainda não identificados, no Igarapé Tapada, próximo às terras indígenas Nukuni e Nawa, dentro do Parque Nacional da Serra do Divisor, que fica no norte do Acre. Padilha teme que os governos brasileiro e peruano construam uma estrada ligando Cruzeiro do Sul (AC) a Pucallpa, no Peru – via que teria cerca de 200 quilômetros de extensão.

O projeto faz parte da Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana (IIRSA), que projeta, no chamado eixo amazônico, a possibilidade de melhorar a circulação de pessoas e mercadorias entre os dois países, mais a Colômbia e o Equador. A IIRSA aponta que apenas 5% das exportações somadas desses países foram feitas entre eles (cerca de US$ 13 milhões em 2008). (mais…)

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Após bloqueio de estrada, índios, quilombolas e camponeses marcam reunião para discutir reivindicações

Paula Laboissière, Repórter da Agência Brasil

Brasília – Indígenas, camponeses e quilombolas agendaram para o próximo dia 3 uma reunião com representantes do Ministério Público Federal no Tocantins, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e a Fundação Nacional do Índio (Funai) para discutir a demarcação de terras de povos tradicionais e melhorias no atendimento à saúde.

Em protesto nas primeiras horas da manhã de ontem (19), eles fecharam um trecho da Rodovia Belém-Brasília, a BR-010, na região do Tocantins. A desocupação ocorreu às 14h30. Os manifestantes temem a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 215, que transfere do Executivo para o Legislativo a demarcação de terras indígenas, e a ação direta de inconstitucionalidade (Adin) sobre o Decreto 4.887/2003, que regulamenta a titulação dos territórios quilombolas.

Em entrevista à Agência Brasil, a coordenadora do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Laudovina Pereira, disse hoje (20) que o horário e o local para a reunião do próximo dia 3 ainda não foram definidos. Os grupos sugeriram que o encontro ocorra no Acampamento Vitória, localizado no município de Colinas (TO).

Edição: Juliana Andrade

http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-04-20/apos-bloqueio-de-estrada-indios-quilombolas-e-camponeses-marcam-reuniao-para-discutir-reivindicacoes

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Carta aberta à Presidenta do Brasil Dilma Rousseff sobre a FUNAI e problemas indígenas

Regina Silva Kokama

Um jornal de Manaus, em sua página nacional, publicou no último dia 18/01/11 que a presidente Dilma Rousseff determinou ao ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, que faça uma varredura nos postos estratégicos das estatais do setor elétrico, para acabar com o loteamento de cargos nas empresas responsáveis por este setor no país.

Segundo ainda o jornal, uma fonte do PT revelou ao jornal “O Estado de S. Paulo” que a presidente, quando convidou Lobão para retornar à pasta, impôs a condição de que fosse feita uma reorganização generalizada no setor elétrico, que é bastante estratégico para garantir o fornecimento de energia elétrica para sustentar o crescimento econômico brasileiro e que o ministro aceitou essa condição, mesmo sabendo que o PMDB, ao qual é filiado, corria o risco de perder postos importantes com essa varredura. Segundo o jornal, Dilma vai acompanhar o setor elétrico com mão de ferro.

Será que a presidente Dilma Rousseff fez esta mesma recomendação aos ministros do PT? Como, por exemplo, ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, que tem em suas mãos o poder para resolver graves problemas nas fronteiras do Brasil, que estão escancaradas e vulneráveis a descaminhos que aumentam a insegurança do país, e, se não fosse o bravo combate de agentes e delegados da Polícia Federal, a situação poderia estar pior. (mais…)

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Pinheirinho: ex-moradores da comunidade estão em situação precária. É urgente que se busque uma solução definitiva

Raquel Rolnik*

Ontem fui a São José dos Campos, a convite de ex-moradores da comunidade do Pinheirinho, para acompanhar a situação das famílias removidas em janeiro deste ano. Embora a Prefeitura da cidade afirme que fez tudo que foi possível para dar atendimento às famílias, o que eu vi é que ainda há muita gente vivendo em condições extremamente precárias de moradia. A principal iniciativa implementada pelo poder público municipal, o bolsa-aluguel, tem se mostrado extremamente limitada. O primeiro efeito que o lançamento de mais de 1.500 benefícios causou foi o aumento imediato do valor da locação de imóveis populares na cidade. Segundo ex-moradores do Pinheirinho, é impossível alugar uma casa adequada somente com o valor da bolsa.

Conversando com eles, deu pra perceber que cada família tem se arranjado do jeito que pode. Algumas dividem imóveis com outras e racham o aluguel, outras pedem a parentes para alugar em seus nomes – ou porque há muito preconceito contra ex-moradores do Pinheirinho (ouvi relatos de que muitos locatários se recusam a alugar para estas famílias) ou porque, simplesmente, estes moradores não têm documentos nem renda necessários para atender à burocracia exigida pelas imobiliárias. Mulheres solteiras com filhos também enfrentam preconceito. No fim das contas, muitas famílias terminam alugando imóveis em condições insalubres ou situados em áreas de risco, em fundos de serralherias… (mais…)

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Urgente: firmas por Cherán

Compañeros y compañeras,

Está circulando esta carta de firmas para Cherán. Si coinciden con lo expuesto, favor de enviar sus firmas a [email protected].

“México, 19 de abril de 2012

Antes los hechos ocurridos el 18 de abril de 2012 en el paraje denominado El Puerto, de la comunidad de Cherán, Michoacán, donde en una emboscada fueron asesinados los comuneros de Santiago Ceja Alonzo y David Campos Macías, mientras que Salvador Olivares Sixtos y Santiago Charicata Servín resultaron heridos, exigimos al gobierno federal y estatal:

– Castigo para los culpables de los asesinatos, secuestros, desapariciones y extorsiones cometidos en Cherán como consecuencia de la legítima defensa de su territorio y recursos naturales.

– El fin del acoso a la comunidad y el desmantelamiento de los grupos paramilitares que actúan con el crimen organizado y con talamontes de diversas comunidades, que desde hace cuatro años extorsionan, secuestran, desparecen y asesinan a los comuneros de la región.

– El fin de la tala clandestina y la devastación de los bosques de Cherán. (mais…)

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19 de Abril – Dia do Índio: mais motivos para lamentar do que comemorar

Natasha Pitts

O 19 de abril, Dia do Índio, deveria ser de comemoração, no entanto, a população indígena brasileira não tem muito que celebrar. Passaram-se 20 anos e as terras tradicionais ainda não foram demarcadas, falta assistência nas áreas de saúde e educação, falta respeito à cultura e à tradição indígena, as taxas de assassinatos e suicídios não são baixas. Além disso, persiste a criminalização das lideranças.

Em meio a este conjunto de problemas, Edina Pitarelli, conselheira do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Regional Norte I, aponta um motivo para celebrar. “Precisamos comemorar a relação carinhosa que os povos indígenas têm com a natureza, a Mãe Terra. Precisamos parabenizá-los por isso, pois sem eles a situação ambiental estaria mais grave”, lembra. Fora isso, Edina afirma que encontra mais motivos para lamentar, já que a situação indígena se deteriora cada dia mais e piorou bastante nos últimos anos.

“Hoje, temos que lamentar o fato de que 50% das terras indígenas ainda não foram demarcadas, o que deveria ter acontecido com todas até o ano de 1992. Temos que lamentar e repudiar a PEC 215, que quer passar do Executivo para o Congresso Nacional a responsabilidade sobre a demarcação de Terras Indígenas e que fere os direitos dos indígenas. Temos que lamentar ainda o modelo de educação que não respeita a forma própria de se organizar dos povos indígenas”, critica. (mais…)

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Ver a Amazônia na sua intimidade

Lúcio Flávio Pinto

A nova palestra que fiz há duas semanas no auditório do Museu Emílio Goeldi, sobre a relação do jornalismo com a ciência, foi mais uma oportunidade para plantar a semente da maior ideia que me surgiu em quase meio século de peregrinação pela Amazônia: o kibutz científico.

Conforme sua aptidão e o seu zoneamento ecológico-econômico, a região receberia kibutzim espalhados por toda sua extensão. Eles seguiriam um plano global, que os articularia e complementaria. Seus alunos ficariam nesses kibutzim da graduação até obterem o título de pós-doutorado. Não com uma tese em abstrato, meramente formal e intelectual: com um experimento. Se bem sucedido, seriam aprovados. Se fracassassem, ficariam sem o título. Levariam um comprovante de frequência e uma declaração das suas aptidões.

Para esse desafio ser bem enfrentado, os estudantes seriam instalados em locais confortáveis e adequados à pesquisa. Teriam uma bolsa de alto valor. Recursos para financiar seus experimentos. Assistência e ensinamentos dos melhores nomes da ciência no mundo. E a bonificação de se tornarem proprietários particulares quando seus experimentos se tornassem realidade. A ciência saltaria à frente de todas as frentes pioneiras na busca da harmonia entre saber e fazer. A última tentativa de salvar a Amazônia da sua descaracterização ou destruição. (mais…)

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Ayres Britto: Discurso de posse no cargo de Presidente do STF e do Conselho Nacional de Justiça

“Eu disse à minha alma, 
fica tranquila e espera. 
Até que as trevas sejam luz, 
e a quietude seja dança” 
 T. S. Eliot

Quem já se colocou à testa de qualquer dos Poderes do Estado brasileiro certamente fez o que fiz ainda há pouco: prestar o solene compromisso de atuar sempre nos marcos da Constituição e das leis, assim, nessa ordem mesma. Com um registro especial para o ato de posse da presidente Dilma Rousseff, que, sob a mais respeitosa audição e o mais atento olhar da própria História, se tornou a primeira mulher a titularizar o cargo de presidente da República Federativa do Brasil. Ungida que foi, sua excelência, na pia batismal do voto popular.

Perguntarão os que me ouvem e veem: por que o compromisso de tais agentes do Poder é o de atuar nos marcos da Constituição e das leis, nessa imperiosa sequência? Resposta: porque na primacial observância da Constituição e na complementar obediência às leis do Brasil é que reside a garantia de um desempenho à altura da relevância dos respectivos cargos. É como dizer: basta cumprir fielmente a Constituição e as leis, com as respectivas prioridades temáticas, para se ter a antecipada certeza do êxito de tão honrosas, elementares e complexas investiduras.

É o que sente e pensa o próprio homem comum do povo, segundo pessoalmente comprovei com a vivência deste recente episódio que peço licença para contar: retornava eu de um almoço domingueiro, aqui em Brasília, na companhia da minha mulher e de um dos meus filhos, quando encontrei ao lado do nosso automóvel um homem que aparentava de 30 a 35 anos de idade. Apresentou-se como guardador de carros, mas eu já o conhecia, meio a distância, como morador de rua. Já o vi mais de uma vez, com uma rede estendida sob as árvores, a embalar o abandono dele. E assim me dirigiu a palavra: “ministro Ayres Britto, como o senhor vê, estou aqui tomando conta do seu veículo para que ninguém danifique o patrimônio da sua família”. Eu agradeci àquele homem que me conhecia até pelo nome e procurei nos bolsos algum trocado para recompensá-lo. Em vão. Nenhum dos três membros da família Britto portava dinheiro, nem graúdo nem miúdo. Disse então ao meu educado interlocutor: “como o senhor percebe, desta feita vou ficar lhe devendo”. Ele me fitou diretamente, profundamente, nos olhos e, altivo, respondeu: “ministro, o senhor não me deve nada. O senhor não me deve nada, ministro; basta cumprir a Constituição”. (mais…)

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Poeta no comando: Ayres Britto se torna o 43º presidente do Supremo

Por Rafael Baliardo e Rodrigo Haidar*

“Não sou como camaleão que busca lençóis em plena luz do dia. Sou como pirilampo que, na mais densa noite, se anuncia. Poeta Ayres Britto”. A frase da cantora Daniela Mercury marcou o início da solenidade de posse do ministro Ayres Britto, nesta quinta-feira (19/4), na Presidência do Supremo Tribunal Federal.

Em uma cerimônia bem ao seu estilo, com o Hino Nacional entoado por Daniela Mercury, Britto se torna o 43º presidente do STF na história da República e o 54º desde o Império. O primeiro sergipano a comandar a corte.

A cantora escolhida pessoalmente por Britto para a ocasião quebrou o protocolo das normalmente sisudas sessões de posse ao provocar os presentes ao plenário do Supremo a cantar o hino brasileiro: “Cantamos juntos?”. A presidente da República, Dilma Rousseff, a presidente interina do Senado, Marta Suplicy, o presidente da Câmara, Marco Maia, os ministros do STF e dos outros quatro tribunais superiores, e diversas autoridades dos três poderes da República cantaram juntos com Daniela.

Nascido em Propriá, cidade da região do Baixo São Francisco sergipano, Carlos Augusto Ayres de Freitas Britto, terá um mandato de apenas sete meses à frente do Supremo. Completará 70 anos em 18 de novembro e terá de deixar o tribunal por conta da aposentadoria compulsória.

Apesar do curto mandato, o novo presidente promete marcar sua Presidência trazendo temas importantes à pauta do tribunal. O Supremo deverá definir até o fim do ano a questão das terras quilombolas, a constitucionalidade das cotas raciais em universidades públicas e quem pagará a conta pelos seguidos planos econômicos que defasaram as correções monetárias das poupanças nos anos 1980 e 1990: os bancos ou a União. (mais…)

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