“Manifesto de militares critica colegas que atacaram ministras”

Documento, que tem entre signatários herói da Segunda Guerra, se solidariza às vítimas de torturas na ditadura

Marcelo Godoy – O Estado de S.Paulo

Um grupo de militares da reserva lançou um manifesto em resposta ao documento feito pelos colegas que criticava as ministras Maria do Rosário (Direitos Humanos) e Eleonora Menicucci (Mulheres), ambas favoráveis à revogação da Lei da Anistia.

Articulado pelos capitães de mar e guerra Luiz Carlos de Souza e Fernando Santa Rosa, o documento obteve apoio de militares como o brigadeiro Rui Moreira Lima, que, aos 93 anos, tem uma história incomum. Herói da Segunda Guerra, é um dos dois únicos pilotos sobreviventes que participaram do 1.º Grupo de Aviação de Caça da Força Aérea Brasileira (FAB). Na Itália, cumpriu 94 missões de combate e recebeu a Cruz de Combate (Brasil), a Croix de Guerre avec Palmes (França) e a Distinguished Flying Cross (EUA) por heroísmo.

Lima evita críticas ao presidente de seu clube – o da Aeronáutica -, o brigadeiro Carlos Almeida Batista. “Ele é um companheiro nobre e só deve ter assinado em solidariedade aos demais.” Mas diz apoiar a Comissão da Verdade. “Ela é necessária não para punir, mas para dar satisfação ao mundo e aos brasileiros sobre atos de pessoas que, pela prática da tortura, descumpriram normas e os mais altos valores militares”, diz Lima. (mais…)

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Patativa do Assaré: para a maioria, um desconhecido

Vídeo feito e postado por Giselle França Bernard no Youtube.

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Redescobrir Patativa do Assaré nos 10 anos de sua morte

Rafael Hofmeister de Aguiar*

O ano de 2012 marca os 10 anos do falecimento do poeta popular Patativa do Assaré. A data poderia ser de tristeza não fosse a permanência do poeta popular. Nascido Antônio Gonçalves da Silva, aos 20 anos recebeu a alcunha de Patativa, pela beleza de seus versos ser comparável ao canto dessa ave do Nordeste. Inicialmente, cantador ao som da viola, ele conquistou fama quando teve sua “Triste partida”, que narra o drama dos retirantes nordestinos, gravada pelo rei do baião, Luis Gonzaga. Estreou em livro em 1954 com Inspiração nordestina, apesar de compor poemas desde a tenra idade de seis anos. (mais…)

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O negro de alma negra: Uma entrevista com Oliveira Silveira

Por Fernanda Pompeu*

Junho de 2008. Eu estava na recepção de um hotel no centro de Porto Alegre. Faltavam três minutos para as 10 da manhã. Sentia uma pequena apreensão, comum toda vez que aguardo alguém para entrevistar. No caso, seria um trabalhinho rápido. Precisa apenas de uma ou duas declarações do entrevistado para ilustrar uma matéria. Como em geral, nós brasileiros, não primamos pela pontualidade, sentei-me e abri um exemplar da Zero Hora – o mais afamado jornal gaúcho. Antes de ler a segunda manchete, olhei para o relógio (10 horas) e, automaticamente, para a porta de entrada. Então, vi surgir um dos homens mais elegantes que já vi na vida. Muito magro, vestindo um sobretudo e apoiando-se em uma bengala. Sem nenhuma senha, trocamos um olhar e sorrimos. Eu perguntei: “Oliveira Silveira?” Ele estendeu a mão para que eu a apertasse.

Minutos depois nos acomodamos em um café na esquina do hotel. Liguei o gravador, peguei caderneta e caneta. No lugar de uma declaração, meu entrevistado me deu uma aula. Começou contando que seu nome inteiro era Oliveira Ferreira da Silveira, nascido na gaúcha Rosário do Sul (384km de Porto Alegre), no ano de 1941. Acrescentou que amava as palavras antes e depois de tudo. “Sou escritor, trabalho mais com poesia. Mas também escrevo prosa, na forma de ensaios e matérias jornalísticas. Enfim sou uma pessoa da literatura”, sublinhou ao mesmo tempo que fez menção à minha caneta de tinta verde. Tive certeza do seu amor à escrita, pois apenas escritores reparam na cor da tinta das canetas. Oliveira Silveira, entre outros livros, publicou Poema sobre PalmaresBanzo Saudade NegraPelo EscuroRoteiro dos Tantãs, além da participação em várias antologias. (mais…)

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Rio dos Macacos: “Quilombo ou invasão? Eis a questão!”

Resposta à pergunta da manchete: Se houve invasão, foi da Marinha!

Marinha e Incra divergem sobre a Comunidade Rio dos Macacos. Comissão da Assembleia Legislativa vai acompanhar litígio

As comissões de Promoção da Igualdade e da Mulher do Legislativo baiano formarão uma comissão conjunta com a Secretaria Estadual de Promoção da Igualdade (SEPROMI) para acompanhar o andamento do processo que envolve a Marinha do Brasil e a comunidade de Rio dos Macacos, quilombo próximo a Base Naval, no subúrbio ferroviário de Salvador. A decisão foi tomada em audiência pública proposta pelos deputados estaduais petistas Bira Corôa e Luiza Maia.

Durante o evento, marcado por opiniões divergentes, a Marinha do Brasil, representada pelo vice-almirante Carlos Autran Amaral, disse que as ações da entidade estão pautadas pela lei, e apresentou relatórios de órgãos como Embasa, que teria atestado “inviabilidade técnica para abastecimento de água no quilombo devido às condições topográficas e pressões na rede próxima”. Segundo Amaral, “mesmo que o Incra conclua se tratar de comunidade quilombola, as famílias não poderão conviver no local por questões ambientais e impossibilidade de melhorar as condições de vida delas no local”, advertiu.

Carlos Eduardo Lemos, coordenador da Associação de Advogados de Trabalhadores Rurais do Estado da Bahia (AATR), questionou as inviabilidades e os documentos apresentados pelo vice-almirante. “É estranho que não possa ter água ali naquela comunidade e existam outras pessoas morando naquela região, e que os registros de poluição não atestem que a comunidade é culpada”. Segundo Rosimere dos Santos Silva, moradora da comunidade, “os problemas existentes hoje são em decorrência das próprias dificuldades impostas pela Marinha”. (mais…)

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