Menor renda média é paga à população indígena no Ceará

Pessoas declaradas indígenas recebem menor renda, seguidas por pretos, pardos, amarelos e brancos

A população indígena, acima de dez anos de idade, recebe o menor salário no Ceará, na divisão por raças, o que é registrado também na média nacional. O valor do rendimento médio de R$ 563,79 é o segundo menor na região Nordeste, na frente da Paraíba (R$ 557,07). A média nacional é de R$ 734,88, sendo o maior valor o do Distrito Federal (R$ 1.853,17). As informações são do estudo Perfil da Raça da População Cearense, divulgado ontem pelo Ipece (Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará), a partir dos dados do Censo Demográfico 2010.

Os pretos têm renda média de R$ 833,21 no País, sendo o menor valor no Ceará (R$ 569,14) e o maior no Distrito Federal (R$ 1.602,60). Para o diretor-geral do Ipece, Flávio Ataliba a situação da população autodeclarada preta reflete, possivelmente, uma discriminação no mercado de trabalho.

Entre os pardos, a renda média ficou em R$ 844,66. No Ceará, este grupo recebe R$ 633,33, o segundo menor valor no País, superando apenas o Maranhão (R$ 594,53).

Com situação melhor, na divisão por raças, estão os brancos e amarelos. O rendimento médio dos primeiros é de R$ 1.535,94. No Ceará, é de R$ 1.060,87, o quarto menor do País. Esta população tem a melhor situação no Estado. O segundo grupo registrou média de R$ 1.572,08, a maior do País. No Ceará, ficou em R$ 729,86, o quinto menor valor no País.

A média nacional do rendimento foi de R$ 1.202,05. A região Nordeste obteve a menor média, com R$ 805,54, enquanto que a maior foi no Centro-Oeste com R$ 1.422,28. O Ceará ocupou a terceira pior posição com renda média de R$ 770,72.

O Maranhão deteve a menor média de rendimento, com R$ 693,12. A maior renda média mensal pertencia ao Distrito Federal. Analisando os grupos de raça/cor, o DF também liderou o ranking entre brancos, amarelos, indígenas e pretos. Apenas para os de cor declarada amarela, a primeira colocação é para São Paulo (R$ 2,559,23).

25% do salário mínimo

No Brasil, 3,12% das pessoas de dez anos ou mais de idade possuem rendimento nominal médio inferior a R$ 127,50 (até 25% do salário mínimo), sendo que no Nordeste se encontra a maior proporção (7,14%), estando a menor proporção situada na região Sul (1,38%).

O percentual segundo os grupos de raça, com base na autodeclaração dos indivíduos, teve o maior valor para os indígenas (5,77%), os quais foram seguidos dos pardos (4,46%), pretos (3,72%), amarelos (3,27%) e brancos (1,81%). No Nordeste, onde se tem a maior proporção de pessoas vivendo com menos de R$ 127,50, observa-se que os indígenas, pardos e pretos representavam respectivamente 8,30%, 7,82% e 7,76% da população de 10 anos ou mais de idade com rendimento inferior a 25% de salário mínimo.

No Ceará, 7,73% da população recebem até 25% do salário mínimo, sendo a maior concentração entre indígenas (9,57%), seguidos por pessoas da cor preta (8,74%), parda (8,50%), amarela (8,23%) e branca (6,02%). Todos os índices no Estado são o quarto maior, entre as médias calculadas no País, em cada população, com exceção da preta, que é a segunda maior, estando atrás apenas do Piauí.

Meio urbano

A desigualdade de renda entre a área rural e urbana do país ainda é acentuada. É no meio rural (8,31%) onde está concentrado o maior percentual de pessoas vivendo com rendimento nominal médio de no máximo R$ 127,50. Na área urbana é na região Nordeste onde se encontrava a maior proporção da população vivendo com tão baixa renda (5,26%), assim como para todos os grupos de raça. O Sudeste tinha os menores percentuais para o total da população e consequentemente para todos os grupos de cor.

O Ceará possuía 5,46% da população, com 10 anos ou mais de idade, vivendo com baixa renda média mensal, ficando com o 4º maior percentual no País, à frente apenas da Paraíba, Maranhão e Piauí. Essa posição também se repetiu para o grupo de brancos (4,06%) e Pardos. Já os pretos (6,67%) ocupam a 3º colocação, Amarelos (6,03%) o 5º posto e os Indígenas a segunda maior proporção (7,65%), superior apenas ao do estado da Paraíba.

Área rural

O percentual das pessoas no Brasil que possuiam rendimento nominal médio inferior a 25% do salário mínimo na área rural foi quase quatro vezes maior do que na área urbana (8,1% contra 2,2%). Os pardos apresentaram 10% de seu contingente com esse rendimento enquanto que os brancos eram 5,9%.

O Nordeste foi a região mais representativa no grupo vulnerável: 12,5% de sua população na área rural detém rendimento nominal médio mensal inferior a 25% do salário mínimo. Sul e Centro-Oeste detinham menores contingentes: 3,4% e 3,3% respectivamente.

Piauí e Ceará chegaram a apresentar 15% da população nesse grupo. Para Flávio Ataliba, o cenário no Estado cearense segue o caminho certo para uma reversão. “Os investimento feitos na zona rural são muito importantes para reverter a pobreza”, afirmou. “São investimentos em educação, fornecimento de água e assistência técnica que mostra o caminho certo”.

http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1110327

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