A Assembleia Geral da ONU exigiu nesta terça-feira o fim do embargo comercial, econômico e financeiro imposto pelos Estados Unidos a Cuba desde 1962.
Em meio a fortes críticas dos Estados Unidos, a resolução anual foi aprovada por 186 votos contra dois –dos EUA e de seu aliado Israel– com três abstenções. No ano passado, foram 187 votos a favor.
Esta foi a 20ª vez que o governo cubano apresentou um projeto de resolução no organismo internacional para pedir o fim das sanções americanas contra a ilha.
“O dano econômico direto contra o povo cubano supera os US$ 975 bilhões”, disse Bruno Rodríguez ao defender a resolução que condena o embargo e exige seu fim diante da Assembleia Geral reunida em Nova York.
Rodríguez lembrou que em 1991 e no ano seguinte foi incluída pela primeira vez a questão de eliminar o bloqueio contra Cuba, em um momento em que os Estados Unidos pretendiam com “cruel oportunismo” apertar o cerco contra a ilha, após a queda do bloco soviético.
“É inacreditável o fato de que, 20 anos depois, esta Assembleia continue considerando este assunto”, completou, reiterando que “os Estados Unidos nunca ocultaram que seu objetivo é derrubar o governo revolucionário” cubano.
Por sua vez, o representante dos Estados Unidos, Ron Godard, declarou que esta resolução busca “confundir e obscurecer”, e insistiu que o embargo é uma “questão bilateral”.
“Nosso objetivo é alcançar um ambiente mais aberto em Cuba, melhorar o direitos humanos e as liberdades fundamentais”, assinalou Godard.
A primeira intervenção na Assembleia Geral desta terça-feira ficou a cargo da Argentina, cujo representante, Diego Limeres, afirmou que apesar das promessas e medidas anunciadas no ano passado pela administração do presidente Barack Obama, “o embargo continua em grande parte sem mudanças”.
“Começaram a tomar passos na direção correta, mas já se passou um ano e as medidas tiveram efeito limitado. O embargo segue sendo aplicado”, disse Limeres.
O embaixador do Uruguai na ONU, José Luis Cancela, que se manifestou em nome do Mercosul, destacou que o embargo contra Cuba “é um exemplo de políticas obsoletas que não têm lugar na atualidade”.
Poudo depois, o representante venezuelano, Jorge Valero Briceño, lembrou que a ONU fez “um pedido quase universal ao fim do bloqueio” e afirmou que “é vergonhoso que esse pedido seja ignorado ano após ano por aqueles que com frequência violam o direito internacional”.
FIDEL
Em um artigo sob o título de “Reflexões”, publicado pela imprensa oficial cubana, o ex-presidente Fidel Castro disse acreditar que o debate sobre o embargo dos Estados Unidos contra a ilha mostraria a necessidade de acabar com o bloqueio e com um sistema que “gera injustiça” no planeta e arrisca a sobrevivência humana.
“Seguiremos com essa batalha que colocará em evidência, mais uma vez, a necessidade de pôr fim não só ao bloqueio, mas ao sistema que engendra a injustiça em nosso planeta, dilapida seus recursos naturais e põe em risco a sobrevivência humana”, escreveu Fidel no artigo.
http://www1.folha.uol.com.br/mundo/996328-assembleia-geral-da-onu-exige-fim-de-embargo-contra-cuba.shtml