“Economia Verde”, do que estamos falando?

Ricardo Verdum

A expressão “economia verde” está cada vez mais presente em discursos corporativos, governamentais, de agências internacionais e no âmbito da chamada sociedade civil. Aqui e acolá aparece metida em falas e textos, associada com produtos e serviços, com a geração de emprego e renda, ou relacionada com novas modalidades de financiamento e de doação financeira. De maneira aparentemente caótica, o termo vai sendo disseminado e sendo adotado em diferentes meios; tem ganhando espaço na grande mídia, chegando nas revistas descoladas, de moda e até esportivas, as últimas de olho nos megaeventos de 2014 e 2016. A chamada “economia verde” entitula um dos temas centrais da Conferência Rio+20, evento internacional a ser realizado no Rio de Janeiro em meados de 2012. É parte também dos temas promovidos pelo Governo Brasileiro na preparação da posição oficial do país para essa Conferência.

Entre os inúmeros debates e disputas em curso relacionadas ao termo, um é se o que vem sendo chamada de “economia verde” por alguns de seus promotores, como o Banco Mundial, mas também algumas ONGs conhecidas no nosso meio, é uma evolução em relação à noção de “desenvolvimento sustentável”, que ganhou destaque ainda nos anos 1980 e se disseminou com força na Conferência Rio92; ou se, ao contrário, é um reducionismo, um avanço da velha racionalidade econômica e do economicismo, ressucitados com novos contornos e feições rejuvenecidas.

Outro dia deparei com com uma revista que traz um conjunto de artigos escrito por autores que se esforçam por abordar o tema de uma perpectiva “crítica”, menos interessada em desenvolver uma reflexão que alguns chamam de “mais pragmática”. Na medida que essa última perspectiva tem ganho cada vez um maior espaço nos vários meios, se tornando quase que hegemônica, um limite ao imaginário possível de reflexão e para a ação de muitas pessoas, às vezes sem que o saibamos ou desejemos, compartilho a referida revista. É possível identificar que alguns autores esgrimam com argumentos de validade duvidosa, mas vale a pena ao menos passar os olhos no conteúdo que ela traz. Cientistas não dogmáticos e artistas criativos compartilham ao menos uma coisa em comum: a certeza de que a “dúvida” é a chave da mudança.

Clique aqui para ler a revista ALAI – El cuento de la “economia verde”.

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