Fundos de Pensão e capitalismo selvagem – Quando trabalhador explora trabalhador!!

Trabalho duro e doenças do trabalho para uns...

Luiz Müller

Ontem sexta-feira, realizamos a 6ª e ultima Conferência Regional do Trabalho Decente em Passo Fundo. As conferências regionais são preparatórias à Conferência Estadual do Emprego e trabalho Decente e à Conferência Nacional. Em Passo Fundo há várias unidades da empresa Perdigão, da Brasil Foods S/A. Na fala dos representantes do Ministério do trabalho e Emprego, ficamos sabendo que esta empresa é recordista de afastamentos provocados por doenças no trabalho, sendo a maior causa as lesões por esforço repetitivo. O número é estarrecedor.

A empresa tem 3.600 trabalhadores e 1.200 estiveram afastados apenas neste ano por doenças no trabalho.  Quando se fala em “capitalismo Selvagem” o modelo Perdigão/Brasil Foods parece querer ser exemplo. Mas a maior tragédia disto, no meu entendimento, é o fato de que os acionistas majoritários e que decidem neste caso, são os Fundos de Pensão. Fundos de Pensão são instrumentos de funcionários e trabalhadores de determinadas empresas, que tem por finalidade complementar a previdência e a seguridade social destes. No caso, estamos falando destes que descrevo abaixo:

  • PREVI – Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil, ou “PREVI”, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil S.A.;
  • Fundação Telebrás de Seguridade Social – SISTEL, ou “SISTEL”, o fundo de pensão dos funcionários da Telecomunicações Brasileiras S.A. – Telebrás;
  • PETROS – Fundação Petrobras de Seguridade Social, ou “PETROS”, o fundo de pensão dos funcionários da Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras;
  • Real Grandeza Fundação de Assistência e Previdência Social, ou “Real Grandeza”, o fundo de pensão dos funcionários de Furnas Centrais Elétricas S.A. – Furnas;
  • Fundação de Assistência e Previdência Social do BNDES – FAPES, ou “FAPES”, o fundo de pensão dos funcionários do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES;
  • VALIA – Fundação Vale do Rio Doce, ou “VALIA”, o fundo de pensão dos funcionários da Companhia Vale do Rio Doce; e
  • TELOS – Fundação Embratel de Seguridade Social, ou “TELOS”, o fundo de pensão dos funcionários da Empresa Brasileira de Telecomunicações – Embratel.
Garantindo a alegria de outros. Foto do Sítio da BRF -Brasil Foods.

Para que os trabalhadores, funcionários das empresas acima tenham melhores condiçõies de vida, aposentadoria e seguridade social que os demais trabalhadores do país, que precisam da Previdência e da Seguridade Pública, os Fundos investem em empresas capitalistas, que no entanto para poderem gerar mais e mais lucros, exploram estes mesmos trabalhadores que não tem acesso aos privilégios concedidos aos que são associados a estes fundos de pensão.

Boa parcela dos funcionários beneficiados pelos Fundos de Pensão nem sabem disto. Mas seria muito bom que soubessem. Pois não acredito que os trabalhadores vinculados a estes fundos aceitariam explorar outros trabalhadores, a ponto de lhes provocar doenças irreversíveis, só para garantir o seu próprio bem estar. E isto que se fala das condições de saúde e segurança no trabalho, sem citar os salários, que por “razões de mercado” são dos mais baixos entre todas as categorias profissionais. Entendo que o movimento sindical deveria buscar informar a ambos os lados, o que está se passando e construir alternativas que garantam melhores condições de trabalho para estes trabalhadores de empresas que são de propriedade de outros trabalhadores através dos Fundos de Pensão. Senão, o discurso de dirigentes sindicais sobre o “trabalho e emprego decente ” neste caso, acaba sendo conversa pra inglês ver.

http://luizmullerpt.wordpress.com/2011/10/08/fundos-de-pensao-e-capitalismo-selvagem-quando-trabalhador-explora-trabalhador/

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