Território quilombola de Agreste (BA) é reconhecido pelo Incra

O território quilombola de Agreste, situado no município de Seabra (BA), na Chapada Diamantina, teve portaria de reconhecimento do Incra publicada nesta quinta-feira (6), no Diário Oficial da União (DOU). A publicação significa o reconhecido pelo Instituto de que a área de 2,3 mil hectares, onde vivem 67 famílias, é um território quilombola.

O superintendente regional em exercício do Incra/BA, Marcos Nery, explica que o reconhecimento consolida o Território Quilombola do Agreste como remanescente de quilombo e dá legitimidade ao conteúdo do Relatório de Identificação e Delimitação (RTID) da área que foi publicado em 2010.

Com a publicação, o Serviço de Regularização de Territórios Quilombolas do Incra/BA inicia agora a elaboração do kit decreto, que é a reunião dos documentos necessários para que a área do Agreste possa ser decretada como de interesse social pela Presidência da República. O território tem um perímetro de 20,1 mil metros e é composto por um imóvel rural e terras devolutas do Estado.

A portaria de reconhecimento do Agreste é a décima primeira portaria de reconhecimento do Incra no estado desde o início do Programa Brasil Quilombolas. Trata-se da terceira publicada em 2011. As outras publicações e reconhecimento beneficiaram as comunidades Mangal Barro Vermelho e Mata do Sopé. A Bahia já tem seis territórios quilombolas decretados como de interesse social pela Presidência da República e dezenove RTIDs publicados.

Histórico

A memória dos remanescentes de quilombo doe Agreste, levantada através do relatório técnico que considera a ancestralidade, a tradição e a organização socioeconômica da comunidade, tem passagens pitorescas. Entre elas, há relatos da passagem da Coluna Prestes e de jagunços no  local.

O RTID conta que em 1984, pela primeira vez, um carro chegou à comunidade. Os remanescentes de quilombos rememoram ainda que em 2001 tiveram acesso à energia elétrica e a água encanada chegou em 2007. Eles também lembraram que, em 1950, um casal começou a ensinar crianças e jovens a escrever.

Entre as mais difíceis recordações da comunidade estão os anos de fome, entre 1932 e 1939. Nessa época, segundo o relatório, para matar a fome, eles faziam beiju com a semente de mucunã, que é uma planta venenosa, após lavar nove vezes as sementes.

http://www.incra.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=16669:territorio-quilombola-de-agreste-ba-e-reconhecido-pelo-incra&catid=1:ultimas&Itemid=278

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.