Eles mandam. Mas quem são eles?

Leonardo Sakamoto

Sugiro a todos que visitem o site They Rule.

É baseado em uma idéia simples, mas transformadora: transparência. Ele permite criar mapas que mostram o relacionamento entre as diretorias das maiores empresas dos Estados Unidos. Através dele, é possível constatar que os mesmos diretores fazem parte de conselhos de mais de uma empresa. Está em inglês, mas dá para navegar sem maiores problemas mesmo sem dominar a língua.

Colocar o conselheiro de um banco em um conselho diretor de uma indústria pode facilitar o acesso ao crédito desta. Da mesma forma, o fato de um diretor de um conglomerado automobilístico sentar em uma diretoria de uma fábrica de autopeças pode significar um planejamento conjunto. Mas se por um lado isso tende a facilitar o desenvolvimento dessas empresas, por outro é um indício da criação de estruturas que manipulam o mercado, protegem fornecedores barateiros que operam quase na ilegalidade, decidem os preços, entre outras coisas.

O site mostra que a instância decisória está concentrada nas mãos de poucas pessoas, que acabam por ser responsáveis sobre o que o resto da população pensa e consome. As informações são todas checadas e revisadas, mas os responsáveis pelo projeto afirmam que, às vezes, não é possível estar 100% atualizado uma vez que “diretores de corporações têm o hábito de morrer, deixar diretorias, entrar em outras e transmitir posições a seus filhos, que não coincidentemente também são encontrados entre os membros dos conselhos de empresas norte-americanas”.

Só por curiosidade, fucei uma pequena rede formada por empresas e diretores, sem explorar todas as possibilidades. Ela começou na Microsoft, chegando à General Eletric e Merck. Um mesmo diretor da GE também sentava nos conselhos da Chevron Texaco, Dell e Coca-Cola. Um outro participava da diretoria da Motorola. Considerando apenas um dos diretores, temos ligação da Motorola com a Abbott Laboratories e o JP Morgan Chase.

O Brasil merece um site igual a esse. Seria uma boa proposta para um trabalho de conclusão de curso em jornalismo, conjugando um pouco de técnica de programação, uma certa dose de investigação e muita paciência para a leitura de relatórios e páginas das próprias empresas na internet.

Com certeza, a estrutura não seria muito diferente. E explicaria muita coisa.

http://blogdosakamoto.uol.com.br/

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