Índios que procuram corpo de professor em Paranhos denunciam pistoleiros e pedem segurança

Comunidade Guarani Kaiowá, de Mato Grosso do Sul. Foto: Egon Heck (CIMI)
Cerca de cem indígenas Guarani Kaiowá da comunidade Ypo´i continuam em busca do corpo do professor Rolindo Vera na Fazenda São Luiz, município de Paranhos, na fronteira com o Paraguai. Eles saíram da comunidade no dia 17 de Agosto e denunciam que estariam sofrendo intimidação e sendo impedidos de transitar no local por pistoleiros armados.

Eles estão sem comida e sem locomoção, vivendo sob ameaça de morte. No dia 25 de agosto, os indígenas fizeram contato com o CIMI (Conselho Indigenista Missionário) e com a FUNAI (Fundação Nacional do Ìndio), pedindo por socorro.

Segundo o conselheiro Egon Heck, do Cimi Regional de Mato Grosso do Sul, a Funai não tem mais condições de chegar no local e prestar atendimento aos indígenas. Ele diz que as ameaças são feitas por fazendeiros e deixam os servidores inseguros. Há informação de que haveria no local crianças que estão doentes devido às condições que enfrentam.

Como os índios afirmam que continuam no lugar até encontrar o corpo do professor, a Polícia Federal já foi acionada e está na cidade. Mas os agentes ainda não teriam entrado na fazenda São Luis para fazer a segurança, segundo os indigenistas do Cimi.

A assessoria de imprensa da Polícia Federal, não confirma que foram enviados os policiais para fazer a segurança dos índios. Já a assessoria de imprensa da Funasa (Fundação Nacional da Saúde) disse que cerca de 30 indígenas invadiram a fazenda São Luis e que o local não tem acesso é uma área isolada e não tem segurança para os funcionários ir até ao local e prestar atendimento. “Estamos esperando que a PF chegue ao local e resolva a parte da segurança para que a gente possa prestar assistência. Quando eles estavam na área deles, sempre foi prestado atendimento a saúde”, garante.

A Funai, por sua vez, informou que já enviou alimentos para a sobrevivência dos índios. O órgão também alega que precisa de mais informações e segurança para ajudar.

Entenda o caso

Os professores que causaram a mobilização são os primos Rolindo Vera e Genivaldo Cruz, que foram mortos após terem sido expulsos da Fazenda São Luiz, em dia 31 de outubro de 2009. Eles cursavam licenciatura indígena na UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) e ficaram sumidos desde então. Somente o corpo do Genivaldo foi encontrado dentro de um rio em 7 de novembro e os indios suspeitam que o outro também tenha sido morto a tiros. Os principais suspeitos, segundo os indígenas, estão circulando livremente na região.

Os dois eram casados e pais de família. Eles sumiram após confronto com seguranças particulares na retomada da Fazenda São Luiz, que fica ao lado da Fazenda Triunfo, a 50 quilômetros da aldeia Pirajuí. Eram 18 índios contra seguranças particulares armados. Feridos por tiros de balas de borracha, os índios que conseguiram fugir não souberam precisar o número de homens que os expulsaram da área.

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