Para povos indígenas e movimentos, não há o que celebrar no Bicentenário

Karol Assunção

Adital – No próximo sábado (18), Chile completa 200 anos do início do processo de independência. Mas, será que há o que comemorar? Para organizações sociais e indígenas do Chile a resposta é “não”. Na contramão das celebrações promovidas pelo governo, povos mapuche e movimentos da sociedade civil organizada divulgam manifestos e ações contra o Bicentenário chileno.”Nada para celebrar”. É com essa frase que os manifestantes tentam chamar atenção da sociedade para a exploração ainda presente no país. “200 anos de violência, colonialismo, destruição, desigualdade”, enumeram, denunciando a permanência da pobreza e da exclusão social no Chile.

Por conta disso, diversos manifestos convocam a população para aproveitar o Bicentenário para realizar uma “contra-campanha” cidadã e apontar a exclusão de pessoas que, desde o passado, vivem nessa situação.

“Há quem hoje está em perigo de morte, referimo-nos aos 34 grevistas Mapuche presos nas prisões de Chile; há 33 pessoas que hoje estão em uma mina e não em suas casas com seus filhos, com suas famílias; há quem hoje não tem um teto e vive em acampamento, que está por ser pobre ou pelo terremoto, não importa a causa, só que existe. Há quem hoje não tem salário digno e, pior que isso, há 700.000 pessoas cessantes que hoje não têm emprego nem salário. Hoje há centenas de famílias a quem lhes negam o sustento diário, um exemplo, os comerciantes ambulantes de Temuco”, lembram.Para as organizações, essas são algumas das pessoas que, em 200 anos, não conseguiram mudar seu destino e, consequentemente, não têm o que comemorar. Ao invés de utilizar a data do bicentenário para celebrar, os movimentos sociais querem mostrar que ainda há muito para mudar no país.

“É um chamado à consciência social; à preocupação pela vida, pela cultura dos Povos Originários, por trabalho e salários dignos para trabalhadoras, operários e empregados, por condições cada vez mais justas para as mulheres, para denunciar a exploração irracional dos recursos naturais por parte de empresas e empresários sem consciência e sem escrúpulos”, ressaltam.

Os manifestantes aproveitam ainda as ações contra as celebrações do bicentenário chileno para demandar, entre outros pontos: derrogação da lei antiterrorista, liberdade e juízo justo a todos os presos políticos mapuche; devolução do território mapuche ocupado por empresas e particulares com patrimônio do Estado; e fim da militarização de comunidades, lagos e costa marinha pertencentes aos mapuche.

Para saber mais sobre as manifestações contra as comemorações do Bicentenário, acesse: http://chaskinayrampi1.blogspot.com/ ou www.mapuexpress.net. Os interessados também podem escrever para [email protected]

http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?boletim=1&lang=PT&cod=50997

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