Entrevista de Dom Erwin Kräutler, Bispo do Xingu e Presidente do Cimi

Filipe Chicarino

Adital – 1- No dia cinco de setembro será comemorado o dia da Amazônia. Há o que comemorar?

R- Sim, há o que comemorar! A sobrevivência dos povos indígenas dos seculares massacres na Amazônia! Quando em 1965 cheguei aqui e fiz uma pergunta a respeito dos índios Kayapó alguém me respondeu: “Em vinte anos não haverá mais nenhum sobrevivente desta tribo!”. Enganou-se, e muito! Graças a Deus! De lá para cá, a população indígena quadruplicou! Os indígenas de diversos povos e troncos linguísticos ergueram suas cabeças e se orgulham hoje de pertencer a seu povo e de falar o idioma que a mãe lhes ensinou. E, louvando a Deus, afirmo que a Igreja através de seu Conselho Indigenista Missionário (CIMI) cumpriu com seu dever e continua a cumpri-lo em favor destes povos, descendentes dos primeiros habitantes da Terra de Santa Cruz.
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Rede de Saberes participa de Seminário de Direitos Humanos na UCDB

Por Caroline Maldonado

Realizado entre os dias primeiro e 3 de setembro o “VII Seminário Internacional de Direitos Humanos” contou com a participação de acadêmicos indígenas do Programa Rede de Saberes e pesquisadores do Núcleo de Estudos e Pesquisas das Populações Indígenas da Universidade Católica Dom Bosco (Neppi/UCDB). O coordenador do Programa Kaiowá Guarani, Prof. Dr. Antônio Brand participou, no dia 2, da mesa-redonda “Direitos Humanos e as Minorias: o respeito à diversidade cultural no passado e na atualidade”, falando sobre a realidade dos povos Guarani e Kaiowá de Mato Grosso do Sul e a sistemática violação dos direitos humanos.

Brand destacou a urgência do diálogo entre governo e os povos indígenas para implementação de políticas públicas para os Guarani, que no MS, têm seus direitos violados. “Os saberes dos índios foram desvalorizados e subalternizados. Não conseguimos romper essa postura de colonizador e por isso avançamos pouco nas políticas públicas. Os casos de violência entre os índios são indicativos do profundo mal estar e tensão entre os Guarani Kaiowá. A solução está na superação dos problemas. O diálogo é condição primeira para se admitir que esse “outro” (o indígena) é um ser capaz”, disse o professor. (mais…)

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O racismo como subproduto da sociedade de classes

José Bezerra da Silva* & Maria Edna Bertoldo**

Resumo: O racismo é descrito no texto como uma forma terrível de apropriação do trabalho humano. Assim, subscreve-se como um subproduto em que a classe dominante explora o trabalhador e dentre estes seleciona a partir da cor e de outros traços morfológicos uma imensa parcela da população para exercer certos trabalhos tidos como trabalhos inferiores. Em todo caso, o texto traz muitas informações históricas sobre o racismo, visualizando seu início nos tempos modernos e que só tem sentido na sociabilidade do capital. Por isso sugere que ao se combater o racismo o faça também à divisão da sociedade em classes, objetivando, desse modo, implementar a emancipação humana. Palavras-chave: racismo; classe social; exploração; capitalismo; emancipação humana.

“Propomo-nos com este artigo analisar sucintamente o racismo sob a perspectiva marxista. Não afirmamos “ipso litteris” que não se tenham escrito muitos textos sobre o racismo numa concepção marxista. O nosso intuito, porém, é apenas focalizar a questão, demonstrar a pujança do marxismo e a sua grandiosa contribuição para pôr fim ao racismo, entendido este como subproduto de uma sociedade de classes.

Afirmamos, de início, que o racismo dá lucro. Posto sob este viés, nos reportamos aos albores do sistema capitalista, cuja iniciativa européia se fortaleceu por ocasião do aprisionamento de negros na África subsaariana, os quais foram capitaneados em navios tumbeiros para as plantagens do Novo Mundo. (mais…)

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