O descaso da Fundação Nacional do Índio (Funai) para com os indígenas da TI Alto Turiaçu, do povo Ka’apor da aldeia Axiguirenda, altura do município de Centro do Guilherme, tem levado as comunidades do território a viverem situações dramáticas – ameaça para a vida e permanência desses povos no território. A população indígena dessa comunidade tem crescido consideravelmente nestes últimos anos chegando a 424 pessoas em uma área devastada pela ação madeireira e pecuária. Com isso as famílias são levadas a viver em situação degradante, submetidas à fome, sem assistência à saúde com qualidade, sem nunca ter tido abastecimento de água na aldeia. Submetidos à indiferença, mau atendimento de servidores dos postos de saúde e hospital na sede do município.
Com o aliciamento de indígenas por madeireiros em troca de cachaça, motos, celulares, almoço nas vilas mais próximas das aldeias, a vida do povo tem ficado mais difícil. As inúmeras operações de apreensão de equipamentos, fechamentos de serrarias por órgãos fiscalizadores não têm conseguido intimidar madeireiros que continuam com suas atividades em pleno exercício. Sem contar que a cada esquina da cidade há serviços de mecânica para os reparos e manutenção dos transportes e máquinas utilizadas na exploração da floresta. Inúmeros caminhões, tratores de esteira que afugentam caças, pássaros, provocam o assoriamento de rios e igarapés, destroem caminhos de caça e coleta de frutos, diminuindo assim as principais fontes de alimentação das famílias no território.
A ausência de serviços e políticas públicas, sendo os poderes municipal e estadual coniventes e atuantes na exploração madeireira, tem levado inúmeras aldeias que ficam localizadas em municípios às margens da BR-316 a viverem dias de tristeza, fome, dor, sofrimento, violência, assassinatos, situações degradantes e desrespeito aos direitos humanos desses povos.
Após o assassinato de Rubinete Ka’apor em maio de 2010, as ameaças continuam. Os autores das ameaças circulam pela sede do município de forma impune, gozando de total liberdade, desenvolvendo ações predatórias de exploração madeireira, aterrorizando e ameaçando pessoas do lugar e indígenas quando estão na cidade de Centro do Guilherme.
Após oito meses de silêncio, indígenas e servidores da saúde dessa aldeia, sob mordaças impostas por madeireiros da região, resolveram denunciar inúmeras situações a que estão submetidos por esse grupo. A comunidade denunciou mais um assassinato ocorrido em março de 2011, quando o jovem Tazirã Ka’apor, cerca de 20 anos, foi atropelado pelo caminhão do madeireiro “Lander”, nas proximidades da aldeia Axiguirenda. O jovem era pai de duas crianças. O madeireiro é morador do Centro do Guilherme, possui três caminhões e um “jerico”, oficina de mecânica para realizar reparos em caminhões de madeireiros no município.
A situação encontra-se tão tensa na região que servidores da saúde e indígenas, após denunciarem o fato às instâncias Judiciais da região, estão sofrendo ameaças de morte pelos autores do crime e outros madeireiros. Com isso, a comunidade indígena encontra-se vulnerável a sofrer agressões e ter novas vítimas de assassinato num lugar onde paira a impunidade e descaso das autoridades policiais.
Relatam que os servidores da saúde e indígenas vêm sofrendo ameaça por parte do madeireiro “Lander”. Continuam dizendo que o Sr. Joel “Grande”, chefe dos madeireiros, possui três serrarias em funcionamento, dez caminhões traçados para puxar madeira, caçambas; seu irmão o Sr. “Joelzinho” possui duas serrarias no povoado “do 40”; que acabaram com a madeira e só tiram somente “varas”. Que o Sr. “Didi”, é funcionário dos madeireiros, interlocutor dos madeireiros junto ao prefeito Josimar, que já firmou compromisso com os madeireiros; que ele que pega a licença na prefeitura com o Sr. Josimar para entrar na área com os caminhões; que é responsável por buscar e cadastrar peões para trabalhar com madeireiros.
Denunciam que o prefeito está contra os indígenas; que não são mais atendidos pelo prefeito quando procuram por ele para ajudar em algo. Além disso, apontam que existem vários ramais abertos por madeireiros para a retirada de madeira da área indígena, entre eles: Povoado do 80; Buraco do Tatu; Areal; Ramal da Aldeia; Povoado do 40; Povoado do 45; Povoado do 46; Povoado do 50; Povoado do 55; Povoado do 60; Povoado Barro Branco – nas proximidades do Rio Gurupi. Afirmam que existem quatro indígenas “casados” com “branco” no povoado do Barro Branco que mostram os lugares onde tem madeira; que os indígenas foram aliciados pelos madeireiros para permitir a retirada de madeira e o mais grave: que possuem planos de criar um povoado dentro ou na divisa da Terra Indígena.
No município de Centro Novo do Maranhão, conforme os indígenas, existe um povoado chamado “Xega Tudo” onde existem quatro serrarias numa perspectiva de que é o melhor local para se retirar a madeira da área, pois os povoados “do 60” e “do 80” possuem muitos tratores esteiras, que estão “emendando a área”, cercando a área. Serrarias funcionam normalmente: a do “Moreira”, assim como a do “Goiabão”, do “Catuaz”. Madeireiros do povoado Santa Maria possuem dois tratores esteira e um “jerico”. Puxam por conta própria a madeira da área, limpam a estrada, tapam buraco e fazem abertura na mata por conta própria.
As consequências são catastróficas: a ação dos madeireiros acaba com a madeira, a mata e acaba com todas as caças da área, deixando as famílias com fome e com medo de entrar no mato. Por outro lado, quando são procurados pela polícia ou o IBAMA, dizem que são os indígenas que os deixam entrar e que o cacique da aldeia recebe pela madeira retirada. Porém, os indígenas afirmam que os madeireiros os usam como proteção e que o cacique nunca pegou dinheiro de madeireiros.
http://www.cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&conteudo_id=5821&action=read
so que vcs falta denuciar que os indios que vão procurar os madereiros para vender ou trocar as madeira em motos e até comionetes pois a maioria dos indios andam de motos e carros dado por madereiros e cobram R$200,00 no metro da madeira… etc