Ontem (15), 70 famílias do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) ocuparam a Fazenda Espírito Santo de Baixo, no município de Soledade, na Paraíba. Há exatos 50 anos ocorreu na área a Chacina de Mari.
São mais 2 mil hectares de terra improdutivas que os trabalhadores rurais exigem que sejam direcionadas para a Reforma Agrária no estado. Na mesma cidade, há três anos também resiste o acampamento Mangueiral ocupando a Fazenda José Nunes à espera da desapropriação.
No dia 15 de janeiro de 1964, mais de 300 camponeses trabalhavam em uma lavoura às margens da PB 073, quando foram reprimidos por policiais que assassinaram o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Mari, Antônio Galdino da Silva e os camponeses José Barbosa do Nascimento, Pedro Cardoso da Silva e Genival Fortunato Félix, deixando ainda dezenas de trabalhadores feridos.
A repressão seguiu nos meses seguintes, culminado com o golpe militar em abril e a perseguição aos trabalhadores organizados nas Ligas Camponeses da região.
A repressão política e social no campo nesses tempos de ditadura militar seguiu de forma ampla e mortal, desarticulando sindicatos e outras formas associativas, desrespeitando os direitos humanos sob forma de tortura, mortes e desaparecimentos forçados em escala não dimensionada até os dias de hoje.
Assim como as elites brasileiras há 50 anos negaram o direito de plantar aos trabalhadores assassinados e feridos, hoje também é negado o acesso à terra aos trabalhadores do campo.
O MST, como mais um dos muitos herdeiros da luta camponesa no Brasil, homenageia a resistência dos trabalhadores do Município de Mari com essa ocupação e segue no caminho da organização e da construção da Reforma Agrária Popular.