Em 1825, o padre missionário Francisco Correia profetizou: “haverá um dia em que o Rio São Francisco será atravessado a vara em alguns trechos e serão feitos poços em seu leito. Mais de um século após, as imagens que o povo residente no baixo São Francisco tem assistido coincide com a profecia do religioso.
Entre Penedo e Neópolis, município sergipano que faz divisa com o estado alagoano, a rotina dos balseiros e navegantes das lanchas é desviar dos enormes bancos de areia que se formam em meio ao rio, fruto do grave assoreamento. (mais…)
Presença do setor têxtil e da construção civil alavanca casos de trabalho escravo nas cidades incluídos na relação, composta majoritariamente por flagrantes no meio rural
Apesar de a pecuária continuar como atividade predominante dentre os nomes que compõem a última atualização da “lista suja” do trabalho escravo, as formas urbanas de escravidão têm cada vez mais presença. Das 110 inclusões do cadastro, cuja atualização foi divulgada na última segunda-feira, 30 de dezembro, dez são de empresas ou pessoas que exploraram em meio urbano – um total de 120 trabalhadores submetidos a pelo menos um dos quatro elementos definidos no artigo 149 do Código Penal como caracterizantes de condições análogas às de escravos. (mais…)
Ainda antes de os filmes terem sido usados, em Angola, como uma arma pelos movimentos de libertação, já um cinema de causas – militante – ensaiara um contributo para a criação de um verdadeiro cinema angolano. Será abusivo afirmar que a primeira causa do movimento cineclubista em Angola foi a de, através da educação para o cinema e pelo cinema, criar um cinema angolano?
Depois de, no primeiro volume, subintitulado «O cinema do império», termos procurado mostrar as visões que, através do cinema de ficção e documental, o colonialismo português propos sobre Angola, este segundo volume retém um vislumbre de um olhar corte-de-navalha – como o proposto por Buñuel com Un chien andalou – nascido da militância, do uso do cinema como arma política.
Em «O cinema é uma arma» enceta-se, pois, um trabalho de redescoberta de filmes militantes que têm permanecido invisíveis participando, naturalmente, num movimento de revalorização e releitura de obras de autor com um ponto de vista político, como a de Sarah Maldoror. Complementar e cruzar o visionamento das obras acessíveis e a leitura de documentação inédita sobre outros filmes com a recolha de testemunhos foi a metodologia escolhida e evidencia que, também quanto a este tema, este é o primeiro inventário possível. (mais…)
A Operação Minamata deflagrada pelo Ibama no último dia 16, vem realizando ações fiscalizatórias em garimpos de ouro localizados nos municípios de Nossa Senhora do Livramento/MT e Poconé/MT (100 km de Cuiabá), já aplicou R$3,2 milhões de multas e apreendeu cinco caminhões basculantes, três escavadeiras, duas pás carregadeiras e diversos motores, moinhos e demais equipamentos de mineração, além de uma motosserra sem licença.
A Operação, que conta com o apoio da Polica Militar Ambiental, tem como finalidade apurar as denúncias feitas pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso. Bem como averiguar a existência de atividades de mineração irregulares, cujos alvos foram identificados a partir de informações colhidas no website Sigmine, do Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM), associado à interpretação de imagens de satélite pelos técnicos do Ibama. Também se verificará o comércio de mercúrio, utilizado na mineração, complementando as ações da Operação Termômetro que fiscalizou, durante 2013, as empresas que comercializam mercúrio metálico na baixada cuiabana. Três empresas tiveram o cadastro técnico federal (CTF) suspenso para averiguações. (mais…)
Chuvas gerais têm caído sobre o sertão nordestino. “Rios correndo, as cachoeiras tão zoando…”, como escrevia Zé Dantas em sua música com Gonzaga, chamada Riacho do Navio.
O ciclo das chuvas é essencial para o ciclo da vida. Todas as espécies de vida da caatinga – mais de 1200 só vegetais -, seus animais endêmicos e trazidos de fora, reagem à chegada das chuvas e a vida explode em sua plenitude.
Em Setembro fiz uma viagem de Juazeiro a Remanso – 200 km – e só vi água em Casa Nova por ter um braço do lago de Sobradinho e num povoado chamado Barragem, cujo pequeno açude nunca vi secar em meus 35 anos de sertão.
Repeti a viagem agora às vésperas do Natal e os riachos estão correndo, as barragens pegaram água, a caatinga em vários trechos está inundada e os animais pulam alegres pelas beiras das estradas. Estamos saindo da longa estiagem e voltando ao que se chama de período normal. Haverá muito o que recuperar e ainda precisamos de mais chuvas para encher os grandes açudes. (mais…)
Um mundo onde cada decisão que é feita determina o tipo de mundo que as gerações futuras irão herdar de nós. Um mundo construído fora da mentira de que a Terra é um recurso para a nossa tomada. Um mundo construído fora de uma mentalidade frágil que diz que somos determinados por nossa riqueza, a nossa classe social e a quantidade de poder que temos.
A coisa boa sobre uma mentalidade frágil é que ela pode ser quebrada, reformulada e (trans)formada em uma maneira totalmente nova de pensar que ninguém imaginava possível. Desde a Revolução Industrial, começamos a destruir os nossos recursos naturais e tomar a terra por concessão. Acreditamos que os nossos recursos nunca acabariam.
Os rios foram poluídos com resíduos tóxicos, o ar foi contaminado com produtos químicos industriais, e é aí que as pessoas começaram a ver a evidência da destruição da Terra, e o esgotamento de seus recursos.
Um movimento para proteger nossos rios e o ar entrou em erupção em 1960 e 1970, com manifestações massivas e pessoas nas ruas. Pela primeira vez na história, as pessoas tinham uma consciência sobre os danos que estava sendo feitos ao meio ambiente. E acima disso, eles sabiam que esse movimento iria fazer a diferença. (mais…)
O mercado de trabalho brasileiro era predominantemente dominado pelo sexo masculino. Entre as pessoas com 10 anos e mais de idade, a percentagem de homens envolvidos nas atividades produtivas era 6 vezes superiores aos das mulheres.
Em 1950, cerca de 81% dos homens de 10 anos ou mais de idade estavam no mercado de trabalho. Eles entravam cedo e saiam tarde da atividade econômica. Porém, com o processo de modernização do país, os homens foram ficando mais tempo na escola e passaram a sair mais cedo da força de trabalho devido ao aumento da cobertura da previdência social. Em 2010, a taxa de atividade masculina era de apenas 67,1%, sendo que as maiores quedas se deram nos extremos da curva. (mais…)
Dada a recente troca de mensagens na internet acerca do antropólogo Edward M. Luz e sua inserção no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade de Brasília (PPGAS, UnB), resolvi agregar algumas informações para contribuir com a discussão em curso.
Edward Mantoanelli Luz concluiu sua dissertação de mestrado no PPGAS/UnB no ano de 2005 sob o título “Em Busca do Passado Perdido. Uma análise estruturalista dos mitos sobre três heróis culturais Akwê-Xerente”. Foi avaliado e aprovado por uma comissão composta pelos professores Stephen Baines (orientador), Odair Giraldin (UFT) e Julio Cesar Melatti (UnB).
Desde então não mais frequentou o PPGAS, nem tampouco manteve qualquer vínculo com o Departamento de Antropologia. De tal forma, passados quase dez anos e considerando a redefinição de sua área de interesse, a atuação e opiniões daquele antropólogo são de sua inteira responsabilidade e não expressam as posições do DAN. Departamento este que se constituiu a partir do trabalho de antropólogos (professores, alunos e ex-alunos) que ao longo de mais de 40 anos têm, reconhecidamente, contribuído para a efetivação dos direitos indígenas em nosso país.
Saudações,
Carla Costa Teixeira Departamento de Antropologia Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social – PPGAS Laboratório de Antropologia, Saúde e Saneamento – LASS Universidade de Brasilia, Brasil
O Exército continua na reserva indígena Tenharim, em Humaitá, no sul do Amazonas, em busca de três homens desaparecidos há cerca de 20 dias, depois que os índios se revoltaram com a morte de um cacique [SIC]. Os policiais isolaram uma área da floresta para facilitar o trabalho.
As buscas acontecem entre os quilômetros 135 e 150 da Rodovia Transamazônica, dentro da Reserva Tenharim. Homens da Polícia Federal isolaram uma área de 400 metros que dá acesso à floresta amazônica. (mais…)
Indígenas, confinados às aldeias por solicitação da própria Polícia Federal, ante os atos de violências a ameças, estão sem remédios e alimentos. Com seus veículos e sede depredados, Funai não tem como atendê-los. E o Polo de Saúde Indígena de Humaitá, onde estavam cerca de 20 mulheres e crianças, principalmente, também foi incendiado, e o material e medicamentos, destruído
Por José Maria Tomazela e Chico Siqueira, na Agência Estado
O prefeito de Humaitá, José Cidinei Lobo do Nascimento (PMDB), enviou nesta quinta-feira, 2, um apelo ao Exército para que seja garantida assistência aos índios da Terra Indígena Tenharim Marmelos. Segundo ele, desde que as instalações e veículos da Fundação Nacional do Índio (Funai) na cidade foram incendiadas por uma revolta popular no último dia 25, os indígenas ficaram sem atendimento e estariam privados de remédios e alimentos. Eles também foram orientados a não ir para a cidade e estão confinados na reserva. “O Exército e a Força Nacional controlam a área e têm condições de garantir a chegada de auxílio para os índios, que são habitantes do nosso município”, disse. O pedido seria reforçado em contato do prefeito com o general Ubiratan Poty, comandante da 17ª Brigada do Exército em Porto Velho, na noite desta quinta-feira. O general retornou à cidade em razão do clima tenso que ainda persiste na região. (mais…)