Senhor Lalor, liderança do Quilombo de Gurupá, Marajó, é assassinado em Belém. Ele havia denunciado ao MPF perseguições de ‘fazendeiros’ à comunidade

Teodoro Lalor de Lima, líder quilombola de Cachoeira do Arari, em audiência púbica no último dia 13 no município
Teodoro Lalor de Lima, líder quilombola de Cachoeira do Arari, em audiência púbica no último dia 13 no município

O líder quilombola Teodoro Lalor de Lima, conhecido como senhor Lalor, presidente da Associação dos Remanescentes de Quilombo de Gurupá, no município de Cachoeira do Arari, no Marajó, foi assassinado ontem, em Belém. Segundo a Agência Brasil, “ele foi esfaqueado no peito por um homem que invadiu a casa de um parente onde estava hospedado, fugindo em seguida”. Ainda segundo a Agência Brasil, Lalor tinha ido a Belém participar do Encontro Estadual de Quilombolas do Pará, que vai até a próxima quinta-feira (22). Outras informações na Nota abaixo, divulgada pelo Instituto Peabiru: 

Nota à Imprensa: Líder quilombola do Marajó é assassinado

No último dia 13 de agosto, durante audiência pública promovida pelo Ministério Público Federal (MPF-PA) e Ministério Público do Estado, em Cachoeira do Arari, Teodoro Lima havia denunciado a perseguição de fazendeiros da região à comunidade quilombola e afirmou que ficou preso por dois meses sem acusação formal, a mando de fazendeiros que se sentem prejudicados pela demarcação das terras quilombolas. O líder quilombola declarou ainda que crianças da comunidade estavam sendo presas por colher açaí em áreas quilombolas.  Ele questionou também os prejuízos sofridos pelas famílias quilombolas devido à expansão do plantio de arroz na região.

Nesta audiência o INCRA entregou à Comunidade de Gurupá o Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID), passo fundamental para o reconhecimento do Território Quilombola. No Marajó, há mais de 40 comunidades, 17 das quais em Salvaterra e esta de Gurupá, em Cachoeira do Arari, e somente duas têm o RTID. O fato é que as comunidades de Salvaterra e Cachoeira do Arari se sentem ameaçadas pela expansão das monoculturas do arroz e a expansão do agronegócio.

Representantes do Colegiado de Desenvolvimento Territorial do Marajó (Codetem), da Diocese de Ponta de Pedras, da Igreja Católica, e do Instituto Peabiru visitaram o quilombo no último dia 14 de agosto para saber a situação em que vivem os mais de 700 moradores. A comunidade está alarmada e pede ajuda do Ministério Público para que os direitos da população não sejam cerceados e que haja proteção das pessoas que fazem denúncias de discriminação e opressão.

Esse crime preocupa não somente a comunidade de Gurupá, mas todos os que lutam em prol dos mais desfavorecidos e oprimidos, e ofende profundamente os sentimentos de humanidade dos marajoaras e dos paraenses. Sentimo-nos solidários com todos os quilombolas e, especialmente, com os familiares de Teodoro.

  • CODETEM (Colegiado de Desenvolvimento Territorial do Marajó)
  • Diocese de Ponta de Pedras
  • Instituto Peabiru

Comments (2)

  1. Peço que as autoridades do Pará tomem providências. Tanto o Governo do Estado, o Secretário de Segurança Pública, o Ministério Público, a Polícia Cível e a Polícia Militar tomem providências. Esclareçam para a população como se deu o assassinato e prendam as pessoas que estão por trás de mais um homicídio.
    E eu pergunto: – Até quando vamos viver esta onde de impunidade no nosso Estado? Até quando vamos ver pessoas de bem serem assassinada por denunciarem os absurdos que são feitos por madeireiros, fazendeiros e grileiros de terra no Pará?

  2. Vamos colocar fogo na lavoura de arroz assim que ela estiver pronta para colher, Eu vou junto colocar fogo, quero ver colheita encher as algibeiras dos fazendeiros , nós podemos sim fazer isso em resposta a morte do Lalor.

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