Reino Unido avisou EUA antes de deter brasileiro por suspeita de terrorismo

David Miranda, companheiro do jornalista Glenn Greenwald, chegou ao Brasil na tarde desta segunda-feira
David Miranda, companheiro do jornalista Glenn Greenwald, chegou ao Brasil na tarde desta segunda-feira

Governo norte-americano nega, porém, ter ordenado a retenção de David Miranda em Londres por nove horas

Opera Mundi – O governo dos Estados Unidos negou nesta segunda-feira (19/08) ter qualquer relação com a decisão do Reino Unido de reter durante nove horas em um aeroporto de Londres o brasileiro David Miranda, companheiro do jornalista que divulgou as revelações do ex-analista da CIA Edward Snowden.

O porta-voz adjunto da Casa Branca, Josh Earnest, reconheceu, porém, que o governo britânico avisou Washington antes de deter Miranda, namorado do jornalista do jornal britânico The Guardian Glenn Greenwald, quando fazia escala em Londres, em seu retorno de Berlim ao Rio de Janeiro, no domingo.

“Esta foi uma decisão tomada pelo governo britânico, não pelo governo americano, e não aconteceu a pedido do governo americano nem com seu envolvimento”, disse Earnest, em entrevista coletiva.

“Houve um aviso do governo britânico que nos proporcionou uma indicação que provavelmente ocorreria [a detenção], mas nós não a ordenamos. É uma ação de segurança que tomaram de forma independente a qualquer ação nossa. Os britânicos tomam decisões sobre seus interesses de segurança”, acrescentou o porta-voz.

As forças britânicas de segurança retiveram Miranda sob o amparo de uma legislação contra o terrorismo chamada “Schedule 7”, que permite deter e interrogar indivíduos em aeroportos, portos e zonas fronteiriças.

O companheiro de Greenwald foi posto em liberdade após nove horas, o tempo máximo que a lei permite reter uma pessoa sem apresentar uma acusação, e chegou hoje ao Brasil. No entanto, os agentes confiscaram os equipamentos eletrônicos que levava, como telefone celular, laptop, câmera fotográfica, cartões de memória, DVDs e videogames.

Earnest evitou dizer se os Estados Unidos tiveram acesso a algum dos arquivos confiscados e negou que o incidente faça parte de uma trama para “intimidar os jornalistas”.

“O presidente [dos EUA, Barack Obama] deixou claro seu apoio aos jornalistas independentes, e a responsabilidade do governo de proteger o direito dos jornalistas independentes a fazer seu trabalho”, comentou.

O governo brasileiro condenou a retenção de Miranda, que antes de sua detenção visitou em Berlim a documentalista Laura Poitras, que trabalha com Greenwald e outros jornalistas do The Guardian na análise dos documentos entregues por Snowden.

Os EUA acusam Snowden de violar a lei de espionagem por ter divulgado documentos confidenciais e continua requerendo o ex-analista às autoridades russas, que lhe concederam asilo pelo prazo de um ano.

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