Correio da Cidadania
Numa conjuntura de “paz social”, o desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza, após a sua detenção para averiguação em um posto da UPP da Rocinha, teria passado em brancas nuvens. Afinal, o assassinato de pessoas pobres pelas forças repressivas do Estado é uma prática rotineira na história do Brasil, particularmente quando as vítimas são de origem negra. O vigor dos protestos que questionam os descalabros do governo Cabral transformou o caso Amarildo numa questão política de primeira grandeza.
A violência arbitrária do Estado contra a população pobre não é, no entanto, um problema restrito ao Rio de Janeiro. O Centro de Mídia Independente calcula que as Polícias Militares e os Esquadrões da Morte paramilitar matam ao menos mil pessoas por ano no Brasil. A polícia que tem carta branca para assassinar desvalidos sem mais nem menos é produto de uma sociedade ultra-elitista que ainda não superou as taras de sua origem escravista. O Estado que trata o trabalhador pobre como “inimigo interno” não reconhece nem mesmo o direito mais elementar que todo ser humano tem de ser enterrado com dignidade pela família. (mais…)