Por Gilberto Calil, em Blog Convergência
A muito custo pessoal, tenho encarado o desagradável de assistir o máximo possível as transmissões da Globo News e da Rede Globo sobre as manifestações.[1] Por mais que embrulhe o estômago, penso que é uma tarefa urgente e fundamental compreender como a grande mídia tem atuado no sentido de manipular e condicionar os movimentos. Seguem alguns pontos de uma reflexão ainda em aberto:
1. Até a quinta-feira 13/6, vimos a velha Rede Globo em seu tradicional e conhecido discurso antipopular, diabolizador dos movimentos sociais e justificador da repressão. E, mais do que isto, a tentativa de, simultaneamente, justificar e ocultar a violência policial até o momento em isto tornou-se totalmente impossível ou contraproducente. A opção inicial então era a defesa de repressão implacável, isto é, de que fosse usada a força necessária para esmagar as mobilizações. Assim, na cobertura daquela quinta-feira o termo “vândalo” era onipresente, um mantra para desqualificar sem discussões toda a manifestação.
Foram inúmeras situações ridículas, como a “confirmação oficial” de que não tinha nenhum ferido, tendo como fonte a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, e em um momento onde pelas redes sociais já se divulgava a existência de dezenas de feridos. A repressão foi efetivamente brutal, como pediu a Rede Globo, mas algo deu errado, e não foi apenas o fato de inúmeros jornalistas terem sido atingidos, desmentindo o desgastado discurso de que todos foram feridos “porque provocaram”. Sobretudo, o que deu errado foi a própria realização da manifestação, graças à firme e competente condução do bloco de forças que convocou as manifestações – liderados pelo Movimento pelo Passe Livre e com apoio de partidos de esquerda, movimentos populares e entidades estudantis. As ameaças e o efetivo uso generalizado da força não foram suficientes para impedir que muitos milhares se reunissem e reafirmassem sua disposição de luta. (mais…)
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