Não há um “movimento” em disputa, mas uma multidão sequestrada por fascistas

sigmaPor Marco Aurélio Weissheimer, em Sul21

O que começou como uma grande mobilização social contra o aumento das passagens de ônibus e em defesa de um transporte público de qualidade está descambando a olhos vistos para um experimento social incontrolável com características fascistas que não podem mais ser desprezadas. A quem interessa uma massa disforme na rua, “contra tudo o que está aí”, sem representantes, que diz não ter direção, em confronto permanente com a polícia, infiltrada por grupos interessados em promover quebradeiras, saques, ataques a prédios públicos e privados, ataques contra sedes de partidos políticos e a militantes de partidos, sindicatos e outros movimentos sociais? Certamente não interessa à ainda frágil e imperfeita democracia brasileira. Frágil e imperfeita, mas uma democracia. Neste momento, não é demasiado lembrar o que isso significa.

Uma democracia, entre outras coisas, significa existência de partidos, de representantes eleitos pelo voto popular, do debate político como espaço de articulação e mediação das demandas da sociedade, do direito de livre expressão, de livre manifestação, de ir e vir. Na noite de quinta-feira, todos esses traços constitutivos da democracia foram ameaçados e atacados, de diversas formas, em várias cidades do país. Houve violência policial? Houve. Mas aconteceram muitas outras coisas, não menos graves e potencializadoras dessa violência: ataques e expulsão de militantes de esquerda das manifestações, ataques a sedes de partidos políticos, a instituições públicas. Uma imagem marcante dessa onda de irracionalidade: os focos de incêndio na sede do Itamaraty, em Brasília. Essa imagem basta para ilustrar a gravidade da situação.

Não foram apenas militantes do PT que foram agredidos e expulsos de manifestações. O mesmo se repetiu, em várias cidades do país, com militantes do PSOL, do PSTU, do MST e pessoas que representavam apenas a si mesmas e portavam alguma bandeira ou camiseta de seu partido ou organização. Em Porto Alegre, as sedes do PT e do PMDB foram atacadas. Em Recife, cerca de 200 pessoas foram expulsas da manifestação. Militantes do MST e de partidos apanharam. O prédio da prefeitura da cidade foi atacado. Militantes do MST também apanharam em São Paulo e no Rio de Janeiro, entre outras cidades. Em São Paulo, algumas dessas agressões foram feitas por pessoas armadas com facas. E quem promoveu todas essas agressões e ataques? Ninguém sabe ao certo, pois os agressores agiram sob o manto do anonimato propiciado pela multidão. Sabemos a identidade de quem apanhou, mas não de quem bateu. (mais…)

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Quem não gosta de partido é ditadura. Hora de escolher: ou dar as mãos aos skinheads neonazistas ou abraçar a tolerância e a democracia

Nazifascistas brasileiros dos anos 1930, os integralistas também batiam em militantes de partidos
Nazifascistas brasileiros dos anos 1930, os integralistas também batiam em militantes de partidos

Por Mário Magalhães,

Como observado segunda-feira na passeata dos mais de 100 mil, os protestos populares em curso constituem terreno de ferrenha disputa política entre os próprios manifestantes (leia reportagem aqui). O confronto degringolou ontem, na despedida do outono. No país inteiro, militantes portando bandeiras, estandartes e símbolos de partidos políticos, centrais sindicais, entidades estudantis e movimentos sociais foram escorraçados por uma turba intolerante.

Em São Paulo, os principais executores dessa modalidade de repressão política foram os skinheads, os “carecas” neonazistas. Botaram para correr quem vestia camisa vermelha, rasgaram bandeiras de agremiações e arrancaram faixa do movimento negro. São racistas e homofóbicos. No Rio, essa turma agride, fere e mata gays.

Na Noite dos Cristais, em 9 de novembro de 1938, a escória nazista atacou os judeus por toda a Alemanha, insuflada por Adolf Hitler. No dia 20 de junho de 2013, foi a vez de ativistas de esquerda serem o alvo, no Brasil. (mais…)

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Nota da ABA/Comitê Gênero e Sexualidade

Aborto_1Reafirmando posição aprovada em sua última Reunião (São Paulo, 2012), a Associação Brasileira de Antropologia vem publicamente manifestar seu apoio à deliberação do Conselho Federal de Medicina de 08 de março de 2013, que defende a ampliação dos permissivos legais para a realização do aborto no país e prevê a possibilidade de interrupção da gravidez até a 12ª semana de gestação, conforme previsto no Anteprojeto de Reforma do Código Penal, em discussão no Congresso Nacional.

Para a ABA, o atual estatuto legal do aborto no Brasil resulta não apenas em sério problema de saúde pública, como em grave atentado aos direitos humanos e à autonomia das mulheres para decidir sobre sua vida reprodutiva.

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Senador Cristovam Buarque defende o fim dos partidos políticos

Renato Araújo/ABr
Por Gabriel Bonis, Carta Capital

Um dia após manifestações contra o preço do transporte público e outras pautas levarem mais de 1 milhão de pessoas às ruas de todo o Brasil, em protestos nos quais militantes de partidos políticos e movimentos sociais foram hostilizados, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) defendeu, nesta sexta-feira 21, no plenário do Senado, o fim dos partidos. Segundo o senador, essa seria uma boa resposta aos protestos. “Nada unifica mais hoje todos os militantes e manifestantes do que a ojeriza, a desconfiança, a crítica aos partidos políticos. Talvez seja a hora de dizermos: estão abolidos todos os partidos. E vamos trabalhar para saber o que é que a gente põe no lugar”.

Para Cristovam, sua ideia não ameaça a democracia. Em entrevista a CartaCapital, Buarque reconhece que “uma democracia não funciona sem partidos”. “Hoje, não há nenhum partido. Eles são clubes eleitorais. Não existe nada ainda que substitua partidos. Mais os atuais partidos não são partidos.” O senador propõe, então, a criação de uma Assembleia Constituinte exclusiva para fazer em um ano a reforma política sobre o tema, permitindo inclusive candidatos a eleições sem filiação partidária. (mais…)

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Autoridades e movimentos sociais fazem alerta contra violência

Por Silvio Cascione, Reuters

Autoridades e movimentos sociais criticaram nesta sexta-feira o aumento da violência em parte das manifestações que levaram mais de 1 milhão de pessoas às ruas em todo o Brasil na véspera.

A onda de protestos no país, que começou há cerca de duas semanas, teve seu ápice na quinta-feira em dezenas de municípios, mesmo após a reivindicação inicial pela queda das passagens ter sido atendida em diversas cidades.

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Giberto Carvalho, afirmou nesta manhã que o governo celebra a democracia e as manifestações populares, mas que a violência não será tolerada.

“O que está preocupando nos últimos momentos? É que as manifestações acabam sendo palco para manifestações de um tipo de expressão lamentável e irresponsável de vandalismo, que não podemos aceitar”, disse Carvalho, durante reunião fechada sobre a Jornada Mundial da Juventude no fim de julho, que terá a presença prevista do papa Francisco. (mais…)

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O dilema de um país

Montagem de Wagner Wiliam
Montagem compartilhada por Wagner William

Além de uma disputa política nas ruas pelo rumo das manifestações, o que ocorre é uma demonstração concentrada da nossa violência cotidiana

Por Daniel Cassol, em Brasil de Fato

Na abertura da transmissão do jogo entre Brasil e México, quarta-feira, Galvão Bueno exaltava os protestos pacíficos contra a corrupção e os altos custos dos estádios para Copa, enquanto a TV mostrava cartazes que diziam: “O protesto não é contra a seleção, é contra a corrupção”. O Castelão cantou o hino nacional até o fim, depois que a banda parou. Foi tudo muito bonito e não se falou que, do lado de fora, manifestantes contra a Copa e Polícia Militar passaram longas horas em confronto antes da partida.

Sob a frágil consigna do gigante acordado, imaginou-se uma união nacional pela mudança nos rumos da política. Todos foram convidados para a festa.

Talvez valha uma recapitulação de como isso ocorreu. Até o dia 13 de junho, a manifestação em São Paulo e em outras capitais era claramente pela redução da tarifa do transporte coletiva, de certa forma motivadas pela conquista obtida pouco tempo antes em Porto Alegre. Mais difusamente, havia um discurso contra a Copa do Mundo e pelo direito à cidade.

A grandeza da manifestação do dia 13 de junho, aliada à violenta repressão da Polícia Militar em São Paulo, criou uma comoção em torno das manifestações. Pessoalmente, vi a possibilidade de que esses movimentos continuassem crescendo em torno destes temas: pela redução da tarifa do transporte público, indignação contra a Copa do Mundo e por transformações democráticas . Mas cada um via o que queria. E insufladas por lemas como “o gigante acordou”, pessoas que estavam dormindo foram encontrar nas ruas aquelas que estavam acordadas há anos. (mais…)

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Equipe do governo federal vai à MS para solucionar conflito de demarcação de terras indígenas

Assessoria de Comunicação Social, SDH

Uma equipe do governo federal esteve nesta quinta-feira (20), em Campo Grande (MS), com o governador do Estado, André Puccinelli, representantes do Legislativo, Judiciário e lideranças indígenas para tratar da instalação de um fórum com representantes indígenas e produtores rurais para negociar uma solução relativa às desocupações de terra na região.

O ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência da República, anunciou estudo para compra das terras que estão gerando conflito na região. Foi criada comissão de trabalho que terá 45 dias para apontar uma solução de acordo entre as partes. O prazo é dia 5 de agosto.  A Secretaria de Patrimônio da União contribuirá com o levantamento, começando pela fazenda Buriti. Os ruralistas concordaram em parar de solicitar reintegração de posse nesse período.

A secretária executiva da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), Patrícia Barcelos, disse que foi possível perceber o indicativo de acordo entre as partes. “Todas as partes estão envolvidas nessa mesa em preservar a vida. O importante é ter paz”, explicou.  (mais…)

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Relatório Figueiredo explicita que o passado de massacre aos indígenas se repete hoje

Patrícia Bonilha, Brasília, no Cimi

Muitas referências estão sendo feitas entre atos ocorridos na época da ditadura e os dias de hoje, principalmente em relação aos povos indígenas e outras comunidades tradicionais. Considerados – ontem e hoje – obstáculos para o desenvolvimento, eles são desrespeitados e têm seus modos de vida severamente impactados para que mega projetos, principalmente de infraestrutura, sejam implementados. Em Audiência Pública realizada na Câmara dos Deputados ontem (20), Cleber Buzatto, Secretário Executivo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), afirmou que a mesma ânsia desenvolvimentista da época da ditadura que cometeu verdadeiros massacres contra os indígenas repete-se agora, manifestados tanto em atos de ataques e violência física como em violações e retrocesso nos direitos conquistados na Constituição de 1988.

O objetivo da audiência foi discutir as impactantes informações do recém encontrado Relatório Figueiredo que, em mais de 7 mil páginas, investigou massacres e torturas de povos indígenas no interior do Brasil que tiveram participação direta do extinto Serviço de Proteção ao Índio (SPI). Concluído em 1967, em plena ditadura militar, o Relatório já é considerado um dos documentos mais importantes produzidos pelo Estado brasileiro no último século.

“Há um sentimento análogo. O pano de fundo é o mesmo entendimento de que é preciso fazer o que for necessário porque o país precisa se desenvolver. E este conceito de desenvolvimento justifica todos os massacres registrados no Relatório Figueiredo, assim como todos os severos impactos das mais de 150 hidrelétricas previstas para serem construídas na Amazônia nos próximos 20 anos, por exemplo. Apesar da forte oposição dos povos indígenas, o governo afirma que construirá os projetos de qualquer jeito”, compara Buzatto. (mais…)

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RO – I Encontro dos Povos Indígenas na Fronteira vai debater a Convenção 169 da OIT

 

Foto: saite CIR
Foto: saite CIR

Conselho Indígena de Roraima

O Conselho Indígena de Roraima (CIR) promove nos próximos dias 25 a 27 de junho o I Encontro dos Povos Indígenas na Fronteira com o tema “Um olhar sobre a Convenção 169 da OIT”. O evento será realizado em um dos locais históricos dos povos indígenas de Roraima, no Lago Caracaranã, atualmente Centro Regional localizado na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, município de Normandia.

O objetivo do evento é discutir, identificar e mapear os problemas das comunidades indígenas localizadas na fronteira de Roraima, Guiana e Venezuela, abordando os aspectos sociais, econômicos, culturais e ambientais dos povos indígenas. As lideranças buscam soluções para as suas preocupações de acordo com o tema central do evento. (mais…)

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MS – Dilma autoriza a compra da fazenda Buriti

Na Terra Indígena Buriti, área de retomada da terra tradicional Terena
Na Terra Indígena Buriti, área de retomada da terra
tradicional Terena

Por  Redação Douranews

A presidente Dilma Rousseff autorizou a compra da fazenda Buriti, localizada em Sidrolândia, como forma de encontrar uma saída para o impasse criado após o confronto entre índios e fazendeiros, desde o mês passado, informa o jornal Campograndenews. A propriedade pertence ao ex-deputado Ricardo Bacha e foi ocupada por índios terena no dia 15 de maio.

A área ganhou destaque nacional depois que o confronto entre indígenas e a Polícia Federal, durante cumprimento de ação da reintegração de posse, terminou com a morte do índio Oziel Gabriel, de 35 anos, no dia 30 de maio.

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, recebeu a autorização da presidente Dilma para que a fazenda Buriti seja comprada e o impasse resolvido. (mais…)

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